Carl Erik Rinsch, diretor de "47 Ronin" (John Sciulli/Getty Images)
Repórter da Home
Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 13h37.
Última atualização em 12 de dezembro de 2023 às 14h02.
A Netflix investiu mais de US$ 55 milhões (aproximadamente R$ 272 milhões, na cotação atual) em uma série de ficção científica chamada "Conquest", que acabou sendo cancelada devido ao comportamento estravagante do criador e diretor, Carl Erik Rinsch.
Conhecido por dirigir o filme "47 Ronin" (protagonizado por Keanu Reeves), Rinsch vendeu "Conquest" para a Netflix em 2018, após um leilão acirrado com propostas da Amazon, HBO Max e Apple.
Na época, Rinsch e sua ex-parceira criativa, Gabriela Rosés Bentancor, mostraram aos potenciais investidores alguns episódios curtos finalizados, financiados pela produtora 30West, com quem ele já tinha desavenças legais, e por Keanu Reeves, que também financiou o projeto.
"Conquest" se passava em um futuro onde um cientista genial cria uma inteligência artificial quase indistinguível da humanidade e a envia para intervir em locais de conflito pelo mundo, esperando que sua existência permaneça oculta. No entanto, isso desencadeia uma crise global.
Logo após assinar o contrato com a Netflix, o comportamento de Rinsch se tornou "errático", de acordo com relatos dos membros da equipe ao "The New York Times". Além de mensagens de texto fornecidas ao jornal americano e documentos do divórcio entre o diretor e Bentancor.
Depois de gastar US$ 46 milhões em filmagens em São Paulo, Montevidéu e Budapeste, Rinsch solicitou mais US$ 11 milhões à Netflix — uma quantia que só foi concedida após uma disputa entre duas versões diferentes do roteiro.
Com esse dinheiro, o diretor investiu US$ 10,5 milhões no mercado de ações, realizando apostas arriscadas que resultaram em perdas, incluindo uma envolvendo uma empresa que afirmava estar desenvolvendo um remédio antiviral para a covid-19, resultando em uma perda de US$ 6 milhões em poucos dias.
Em conversas com Bentancor e executivos da Netflix, Rinsch demonstrou um estado mental debilitado, fazendo alegações sem sentido, como a capacidade de prever quedas de raios, erupção de vulcões e o padrão de propagação da covid-19.
Parte do dinheiro restante ele investiu em criptomoedas, especificamente Dogecoin, e teve um grande lucro. De acordo com documentos do divórcio, ele obteve um ganho de US$ 27 milhões ao vender suas participações em maio de 2021.
Em seguida, Rinsch gastou quase um terço desse dinheiro (US$ 8,5 milhões) em itens de luxo, incluindo um relógio de mais de US$ 350 mil, cinco Rolls-Royces, uma Ferrari, roupas extravagantes e móveis caros.
Foi nesse momento que a Netflix encerrou oficialmente sua relação comercial com Rinsch, permitindo que ele vendesse "Conquest" para outras emissoras ou plataformas de streaming, desde que ressarcissem o prejuízo. Rinsch, por sua vez, processou a companhia de streaming, alegando que o dinheiro era seu por contrato e que a plataforma lhe devia US$ 14 milhões.
A Netflix, por sua vez, afirmou que o pagamento estava vinculado a metas de produção (Rinsch nunca entregou um episódio finalizado de "Conquest"). O caso está em arbitragem no sistema judicial americano.