Restart está em turnê de despedida pelo Brasil. (Divulgação)
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Publicado em 8 de junho de 2024 às 09h30.
Última atualização em 10 de junho de 2024 às 12h50.
Em 2009, o cenário musical brasileiro foi agitado por um quarteto com roupas coloridas, penteado emo e canções românticas. Com uma dose de ousadia, o Restart conquistou os adolescentes e se tornou uma das bandas mais icônicas daquele momento.
Depois de 8 anos de pausa, Pe Lanza, Pe Lu, Thomas e Koba se reúnem novamente para uma turnê de despedida, intitulada "Para Você Lembrar", que usa a nostalgia para emocionar o público que esperou por esse reencontro.
No meio da correria da turnê, Pe Lu, Koba e Thomas conversaram com a EXAME sobre o retorno do Restart, o que esperar com o fim definitivo da banda e como ela pode ser lembrada pelos fãs. O vocalista Pe Lanza não estava presente na entrevista em razão de problemas de saúde.
Os quatro amigos se conheceram em 2004 no colégio onde estudavam, em São Paulo. Apaixonados por música, criaram a banda Morning Glory para um festival escolar. O sucesso entre os colegas deu aos jovens o desejo de profissionalizar esse projeto. Em 2008, eles deram origem ao Restart. Mas, o reconhecimento veio no ano seguinte, com o lançamento dos hits "Recomeçar" e "Levo Comigo".
Até 2015, o grupo vendeu mais de meio milhão de discos e realizou turnês em vários estados do Brasil e em outros países. Em sete anos, o Restart lançou cinco álbuns e ganhou 23 prêmios. Por outro lado, a pausa nas atividades foi anunciada pelos integrantes da banda em 18 de março de 2015, no Dia do Fã.
Depois de um longo hiato, em outubro de 2023, os quatro vestiram novamente as roupas (agora menos coloridas e gritantes) e alinharam suas guitarras para voltar aos palcos. Entre os fãs ficaram várias dúvidas sobre o paradeiro dos artistas e Pe Lu (vocalista e guitarrista) satisfaz essa curiosidade:
"Estamos em uma nova versão de nós mesmos. Nesses oito anos, todos nós estivemos trabalhando em diferentes áreas de criação musical. Eu, por exemplo, fui para uma linha mais empresárial, envolvido com selos musicais, gerenciamento e direção artística, e composição. Já o Koba e o Thominhas têm uma expertise com audiovisual e foram se dedicar a isso, com criação de identidade, produção de clips e direção. Enquanto isso, o Pe (Lanza) seguiu carreira solo, tocando em vários lugares e com outras bandas".
Agora, os artistas pretendem dar aos fãs a oportunidade de recuperar algumas das sensações que contagiaram o mundo da música anos atrás. Pe Lu garante que o afastamento do grupo os ajudou a desenvolver novas habilidade e voltar no que ele chama de "versão 3.0".
"Nossa união traz essa bagagem que cada um de nós adquiriu, para fazer a nova Restart. É claro que estamos com o repertório de antigamente e alguns simbolos clássicos, como as roupas coloridas, para trazer essa nostalgia. Tudo isso, em uma versão mais amadurecida, coerente e que representa nosso momento".
Ao relembrar a época em que começaram a banda, Koba compara o Restart de antes com o de agora:
"No início, trouxemos na música e no estilo, elementos que faziam sentido para o público naquela fase. Nestes oitos anos de pausa da banda, cada de um nós reescreveu a própria história, de acordo com nossas experiências. Se comparar nosso primeiro álbum ("Restart") com o mais recente ("Renascer"), dá para perceber uma evolução narrativas nas letras".
E acrescenta: "Nós estamos na casa dos 30 anos de idade, assim como muitos dos nossos fãs. Então, queremos apresentar para as pessoas obras mais atuais, sem deixar de respeitar as memórias afetivas delas com a banda".
Nessa pegada, Pe Lu ressalta também que, embora grande parte do público da turnê seja formado por antigos fãs, pessoas mais jovens que não conheceram a banda em seu auge estão atraídas pelos novos shows e curiosas para saber quem eles são.
"Muitas pessoas que carregam a Restart como um símbolo de suas histórias, mas também existem outras que estão apresentando a banda para os amigos, os namorados e as esposas (brinca). Em vários feedbacks, percebemos também que algumas pessoas antes não gostavam de nós, mas depois de assistir um show, tiveram uma outra visão sobre a gente. Esse hate sem propósito está se fechando e o público está se tornando mais aberto para escutar e descobrir novos gostos".
Além da turnê pelo Brasil, a banda também aproveita o recomeço (mesmo sendo curto) para tirar do papel alguns projetos que foram idealizados anos atrás. Segundo Koba, o principal é o documentário sobre a história da banda, os garotos fora dos palcos e seus sonhos.
"É uma ideia que está na nossa cabeça há bastante tempo e queremos contar para as pessoas a nossa história de uma forma mais imersiva. É um projeto que já está saindo do papel. Estamos registrando tudo que está acontecendo nesta turnê e resgatando outros materiais antigos", conta o guitarrista.
O documentário foi anunciado pelo grupo em abril, logo após a estreia do videoclipe "Fé Acesa". No entanto, ainda não há previsão para o lançamento do filme.
"Aproveitamos também a oportunidade para repaginar nossas músicas e estamos lançando novas versões ao vivo. Nosso forte sempre foi o show, porque é o lugar onde nos expressamos da melhor maneira e onde as pessoas entendem a Restart com mais clareza".
A boy band ficou conhecida por canções românticas e com tom alto astral, que dialogavam com as perspectivas dos adolescentes sobre relacionamentos, amizade, amadurecimento e autodescoberta. Além da verossimilhança nas letras, os trajes coloridos e o corte de cabelo - que em 2008 já era popular entre celebridades como Justin Bieber - influenciaram muitos garotos.
Com a turnê "Para Você Lembrar", como o nome já denota, apela para a memória afetiva, com base em elementos que construíram a identidade da banda e permaneceram na mente dos fãs. Por outro lado, os músicos esclarecem que os shows de despedida também têm o propósito de marcar o legado da banda na música brasileira.
"Por meio das nossas criações, queremos que daqui alguns anos as pessoas que nos ouviam na adolescência possam ter a chance de lembrar daqueles caras de roupas coloridas e tudo que eles construíram", diz Pe Lu.
Koba explica esse desejo foi levado em conta até na elaboração do setlist da turnê, tendo a nostalgia como tática. "Pensamos em como as pessoas poderiam lembrar de nós com carinho lá na frente. Por isso, selecionamos as canções mais especiais para os fãs, para que, de alguma forma, eles possam ser transportados para as épocas mais importantes de suas vidas".
Em clima de despedida, o guitarrista acredita que o apego do público com a banda será catalizador para que o Restart ocupe uma posição especial na história da música brasileira.
"O legado que o Restart vai deixar na música nacional também se deve às pessoas que construíram esse movimento junto com nós quatro e ajudaram a criar essa comunidade acolhedora. Os prêmios e vendas de discos é mérito do nosso trabalho, mas isso não seria possível sem o público que nos apoia", finaliza.