Mulher busca roupas usadas em meio a toneladas de peças descartadas no deserto do Atacama. no Chile. (MARTIN BERNETTI/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2021 às 16h27.
Última atualização em 9 de novembro de 2021 às 11h17.
Muitas — mas muitas — roupas não usadas estão sendo descartadas no deserto do Atacama, no Chile, formando o que se assemelha a um cemitério de fast-fashion.
Segundo um relatório da AFP, a enorme montanha de roupas consiste em peças feitas na China e em Bangladesh que chegam às lojas nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Quando as peças não são compradas, são levadas ao porto de Iquique, no Chile, para serem revendidas a outros países da América Latina.
De acordo com o relatório, cerca de 59.000 toneladas de roupas acabam no porto do Chile todos os anos. Desse total, pelo menos 39.000 toneladas são levadas para aterros no deserto.
Alex Carreno, um ex-funcionário da seção de importação do porto de Iquique, disse à AFP que as roupas "chegam de todas as partes do mundo". Carreno acrescentou que a maior parte das roupas é descartada posteriormente, quando os carregamentos não podem ser revendidos para toda a América Latina.
As roupas usadas levadas aos montes do deserto para descarte agora cobrem uma faixa inteira de terra no deserto do Atacama, em Alto Hospicio, Chile.
“O problema é que a roupa não é biodegradável e tem produtos químicos, por isso não é aceita nos aterros municipais”, afirmou Franklin Zepeda, fundador da EcoFibra, ao Business Insider. A empresa de Zepeda tenta aproveitar as roupas descartadas para fabricar painéis de isolamento, utilizando resíduos têxteis para criar isolantes térmicos e acústicos.
A moda rápida (conhecida como fast-fashion), embora acessível, é extremamente prejudicial ao meio ambiente.
Por um lado, a indústria da moda é responsável por 8 a 10% das emissões mundiais de carbono, de acordo com a ONU. Em 2018, a indústria da moda também consumiu mais energia do que as indústrias de aviação e navegação juntas. Os pesquisadores estimam que o equivalente a um caminhão de lixo de roupas é queimado e enviado a um aterro a cada segundo.
E a velocidade com que os consumidores compram roupas não parece ter diminuído no século 21. De acordo com estatísticas da Ellen McArthur Foundation, uma instituição de caridade de economia circular com sede no Reino Unido, a produção de roupas dobrou durante 2004 a 2019. A McKinsey também estimou que o consumidor médio comprou 60% mais roupas em 2014 do que eles fez em 2000.