Akihiko Kondo ao lado de sua 'esposa', o holograma da personagem Hatsune Miku (Reprodução)
Repórter da Home
Publicado em 11 de junho de 2024 às 12h36.
Última atualização em 11 de junho de 2024 às 15h24.
Com 41 anos, Akihiko Kondo encara um momento 'complicado' com a perda da esposa, após quatro anos de casamento. No entanto, o japonês não viveu o relacionamento com uma mulher de carne e osso. Na verdade, sua companheira era o holograma de sua cantora virtual favorita, Hatsune Miku.
O administrador de uma escola pública foi fã da artista pop por muitos e decidiu ter um avatar desenvolvido pela empresa Gatebox para que ela fizesse parte de sua vida de alguma forma.
A paixão pelo holograma foi tão grande que Akihiko realizou uma cerimônia simbólica de casamento em 2018, com a noiva representada por uma versão de pelúcia para facilitar a interação com os convidados. Durante o convívio, ele adotava hábitos comuns da relação de um casal, como avisar quando saia para trabalhar e contar como foi o dia.
Por outro lado, apenas dois anos após a união de Akihiko com o holograma, a Gatebox interrompeu o serviço, deixando ele viúvo por uma "morte informática".
Embora a humanidade esteja vivendo uma nova fase com a transformação digital e a ascensão da inteligência artificial, muitas pessoas ficam surpresas com a substituição da interação humana por uma relação híbrida com uma máquina.
Para Akihiko Kondo, esse romance inusitado tende a ser comum. Em entrevista à BBC, o japonês afirmou que nunca teve um relacionamento com outra pessoa.
“Tive alguns amores não correspondidos nos quais sempre fui rejeitado e isso me fez descartar a possibilidade de estar com alguém”.
Após o holograma ser desativado, ele sofreu com a sensação de vazio e solidão. À AFP, ele recordou o tempo em que viveu com a versão virtual de Hatsune Miku: "Nunca a traí, sempre fui apaixonado por Miku. Penso nela todos os dias".
Por muito tempo, a maioria das pessoas não compreendiam a preferência do funcionário público por um relacionamento amoroso com uma ferramenta tecnológica. Por isso, ele decidiu fundar a Associação Fictossexual para estimular a compreensão da fictossexualidade (atração sexual ou romântica direcionada apenas a personagens fictícias).
"Fundamos a Associação Fictossexual para promover a compreensão da fictossexualidade porque a sociedade não tem uma boa compreensão da questão".
Agora, Akihiko Kondo quer ser reconhecido pela socidade como uma "minoria sexual" que não pode se imaginar tendo uma relação com uma mulher humana. "Não é justo, é como querer que um homem gay tenha encontros com uma mulher, ou que uma lésbica se relacione com um homem".