Princesa Anne, filha de Elizabeth II (Fairfax Media Archives /Getty Images)
Repórter da Home
Publicado em 10 de abril de 2024 às 12h55.
Última atualização em 10 de abril de 2024 às 13h13.
A família real britânica é famosa por sua discrição, principalmente com assuntos muito íntimos. No entanto, alguns bastidores (e certas especulações) sobre os acontecimentos da realeza ganharam destaque com a série The Crown, que cobriu diversas fases do reinado de Elizabeth II (1926-2022).
Por outro lado, a produção aparentemente decidiu omitir um episódio violento ocorrido com um membro da monarquia: a tentativa de sequestro sofrida pela Princesa Anne.
Na noite de 20 de março de 1974, por volta das 20h30, a filha de Elizabeth, acompanhada de seu primeiro marido, o capitão Mark Phillips, retornava de um evento no Palácio de Buckingham em uma limusine Rolls-Royce, segundo o jornal La Nacion.
Enquanto se aproximavam a apenas 200 metros da residência real, um Ford Escort interrompeu a passagem da limusine. Do veículo surgiu um homem, identificado como Ian Ball, armado com uma pistola na mão. Ele disparou três tiros contra o guarda-costas da princesa, o detetive Jim Beaton da Scotland Yard, e o motorista da princesa, Alexander Callendar.
Dentro do carro, Anne, então com 23 anos, seu marido, instrutor de tiro na Real Academia de Sandhurst (mas desarmado naquela noite), e a dama de companhia da princesa, Rowena Brassey, se encontravam indefesos.
Ball se aproximou do veículo real, exigindo que Anne fosse com ele e exigiu resgate no valor dois milhões de libras. Apesar das ameaças, a princesa recusou a obedecer ao sequestrador e não saiu do carro.
O tumulto atraiu a atenção dos poucos transeuntes na área. O policial Michael Hills foi o primeiro a agir, tentando dissuadir o sequestrador, mas foi baleado. Um motorista bloqueou a fuga do agressor, enquanto um jornalista, John Brian McConnell, tentou dialogar com Ball, sem sucesso, levando também um tiro.
Em seguida, um ex-boxeador chamado Ronnie Russell se deparou com a situação e confrontou Ball. Com quase dois metros de altura, ele entrou em uma luta corporal com o sequestrador e conseguiu desarmá-lo.
"Dei um soco na nuca dele. Ball se virou e atirou em mim. Por pouco não acertou, o tiro bateu no para-brisa de um táxi. Tentei ajudar o policial ferido e Ball aproveitou esse momento para voltar ao carro onde começou uma luta com a princesa, que não queria sair do veículo e estava agarrada ao capitão Phillips. Ball tinha uma arma apontada para a sua cabeça. Então me aproximei do carro, me coloquei no caminho e disse: “Venha por aqui, Anne, você estará segura”. Tirei ela e a segurei na minha frente. Ball ficou atrás de mim e pensei: “Se ele me atirar pelas costas, não vai doer tanto”. Virei-me e ficamos cara a cara. Sim, ele estava apontando uma arma para mim. Reagi, dei-lhe um golpe direto no queixo. Ele caiu no chão e antes que pudesse se levantar de novo, a polícia estava por toda parte", narrou Russell à imprensa britânica, na época.
Ian Ball, então com 26 anos, foi diagnosticado com esquizofrenia, segundo as autoridades, e admitiu planejar o sequestro por anos. Ele foi julgado sob a lei de saúde mental inglesa e permanece detido no Hospital Broadmoor.
Após a tentativa de sequestro, Anne visitou os feridos no hospital. A rainha Elizabeth II expressou sua gratidão pessoal a Ronnie Russell, concedendo-lhe uma medalha e pagando sua hipoteca como gesto de apreço por sua coragem.