Astrologia: expanda seus horizontes sobre a ciência das estrelas (Divulgação/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 28 de maio de 2023 às 15h43.
Última atualização em 29 de maio de 2023 às 06h30.
Por Bruna Tolomeli*
Feche os olhos e se imagine no topo de uma montanha à beira-mar, longe de qualquer traço civilizatório. Agora, olhe para cima e deixe seu queixo cair ao admirar o céu mais estrelado que você pode imaginar. É tudo tão nítido que você consegue ver a via láctea!
Morando em cidades grandes, chega a ser impossível contemplar a real beleza do céu. Mas, na antiguidade, era tudo o que eles viam. O céu, as estrelas, os planetas… Eles viam com nitidez o movimento dos astros, admiravam e honravam cada corpo celeste. Por isso, quando começaram a descobrir e nomear planetas, foi natural que homenageassem os deuses que habitam os céus.
Existe um ditado em inglês que diz: “So above, so below”. Ele significa que tudo o que acontece lá em cima, com os astros, dialoga com o que acontece aqui na Terra. Por isso, a mitologia conversa diretamente com a natureza arquetípica essencial de cada planeta.
Ao desvendar os mitos dos deuses e deusas, entendemos com maior profundidade as energias arquetípicas dos planetas e dos signos e, como consequência, aprendemos algo sobre nós mesmos, nossa personalidade, nossos hábitos, nossos padrões repetitivos, nossos sonhos e desejos. Estudar sobre os deuses e deusas aliado à astrologia é se autoconhecer.
Por isso, confira, a seguir, um pouco sobre as características dos planetas, deuses e deusas e signos!
O Sol é representado por Apolo, o deus do Sol, da profecia e da música. Ele é um deus racional e intelectual, que revela aquilo que está escondido com a sua luz; nos direciona e nos norteia.
Sol rege Leão
Na astrologia, o Sol é o nosso ego, a nossa identidade, representa a racionalidade e a lógica. Por isso, ele rege Leão, um signo de fogo que representa a nossa vitalidade, a capacidade de nos entendermos como seres pensantes, mas também criativos.
Aqui focamos no EU. Respondemos à famigerada – mas importante – pergunta: Quem sou eu? É o Sol que nos aponta a resposta para esta pergunta.
A casa em que o Sol está no nosso mapa astral é como se fosse o ambiente ao nosso redor com o qual mais nos identificamos; o signo em que o Sol está posicionado é a roupa que vestimos, que representa nosso estilo. Onde temos Leão no nosso mapa, descobrimos ainda mais sobre a nossa identidade e potencial criativo.
A Lua está conectada com diversas divindades femininas. Pelo seu caráter triádico, culturas diferentes conectaram cada fase com uma divindade própria. Uma das tríades mais conhecidas é a de Ártemis como arquétipo para a Lua crescente, Deméter para Lua cheia e Hécate para a Lua nova e minguante.
Ártemis: a deusa da caça e da Lua é jovem, determinada, energética e independente. Por isso, quando a Lua está crescente e traz uma energia forte de movimento e crescimento, Ártemis se faz presente. Jovem, cheia de energia e, sabendo o que quer, ela toma iniciativa e cria seus próprios movimentos.
Deméter: a Lua cheia representa um transbordamento de sentimentos, abundância de generosidade e uma energia de doação muito forte. Aquilo que foi iniciado na Lua nova, chega ao ápice na fase cheia, como se atingisse a sua maturidade. Essa fase também está relacionada ao período fértil da menstruação, assim como Deméter – deusa dos grãos e da terra fértil. Ela segue o arquétipo da mãe que nutre, que é generosa e carinhosa. Não apenas é um arquétipo da maturidade, como também é nutritiva e fértil.
Hécate: é a deusa da encruzilhada, da luz e do fogo. Na fase nova, não vemos a Lua no céu, apenas a escuridão. Por isso, é representada pelo aspecto oculto de Hécate, que mergulha no inconsciente feminino, no submundo, no sombrio.
A Lua rege o signo de Câncer, do elemento Água, o que nos remete aos sentimentos, às emoções e ao inconsciente, mas também à nutrição, ao carinho e à família.
Na mitologia grega, o planeta Mercúrio é Hermes, o deus mensageiro, aquele que transita entre os mundos, que conecta os deuses aos humanos, a vida e a morte. Ele está presente em diversos poemas épicos, normalmente, como coadjuvante – o que faz muito sentido na astrologia, já que Mercúrio rege a casa 03, que fala não apenas sobre comunicação, fluxo de pensamentos e pequenas viagens, mas também sobre irmãos, tios e primos, que são coadjuvantes do filme que é a nossa vida, não é mesmo?!
Hermes é o senhor dos caminhos, da comunicação e do comércio. Ele rege os signos de Virgem e de Gêmeos. Leva consigo a leveza, a simpatia e a diversão de Gêmeos, mas também a facilidade em se comunicar com clareza, de forma metódica e organizada de Virgem.
Vênus está relacionada a mais conhecida do Olimpo: Afrodite, a deusa da beleza, do amor e da criatividade. Ela é vaidosa e privilegia o prazer e a beleza acima de tudo.
Apesar de aparentar futilidade e superficialidade para muitos, Afrodite é uma deusa profundamente feminina, que possibilita a reação alquímica mais importante: a interação que leva a união. Ela permite que dois elementos diferentes interajam e criem algo único.
A primeira coisa que vem à mente é de fato o encontro sexual e a procriação: o nascimento de um ser humano. Mas, na verdade, Afrodite rege todos os tipos de interações que levem a criação de algo novo, único. Por isso, ela é a deusa da criatividade, tanto física quanto artística e psíquica.
Vênus rege os signos de Touro e Libra. No primeiro, ela explora os sentidos, o prazer, a paixão e a sexualidade. No segundo, ela foca em valores, ética, vínculo afetivo, justiça, diálogo e diplomacia. O local em que você tem Vênus no mapa astral, é onde encontra seus valores, paixões, sexualidade e criatividade.
Marte corresponde a Ares na mitologia grega com seu correspondente homônimo na mitologia romana. Existe uma diferença bem marcante na representação grega e na romana, já que ele é um deus um tanto selvagem, pois pratica uma violência mais primária e, muitas vezes, gratuita. Marte, por sua vez, também é o deus da guerra, mas uma guerra mais institucional, defendida pelo império, com rigor e propósito, algo mais oficial.
Por isso, quando associamos esse planeta à astrologia, focamos nos aspectos do deus romano ao invés do grego. Assim, Marte fala sobre lutar e defender algo que se acredita, sobre assertividade e determinação.
É fácil fazer a conexão de Marte com Áries, um signo de Fogo que é impulsivo, corajoso, determinado e, às vezes, inconsequente. O local em que temos esses elementos no nosso mapa astral é onde somos convidados a ser corajosos e assertivos, além de nos motivar a lutar pelo que acreditamos e defender nossas conquistas.
O maior planeta do sistema solar, Júpiter é Zeus na mitologia grega: o deus do céu, do raio e do trovão, o rei do Olimpo, aquele que governa deuses e seres humanos. Como todo governante, Zeus possui características positivas e negativas. Ao passo que é um ser poderoso, grandioso, majestoso e, às vezes, caridoso, ele pode ser orgulhoso, arrogante, egoísta e oportunista.
Não é à toa que Sagitário é regido por Júpiter. O local em que temos Sagitário e Júpiter fortes no mapa astral é onde podemos aprender com profundidade, expandir nossa consciência filosófica e religiosa e nos tornarmos mestres em algo, para ensinar aos outros aquilo que aprendemos com a nossa experiência e que absorvemos na forma de conhecimento e sabedoria.
Se vibrarmos nas energias mais altas desse signo, podemos ser mestres éticos, honestos e confiáveis; mas, caso caiamos nas energias mais baixas, podemos nos tornar fanáticos, oportunistas e narcisistas. O ideal é seguir na busca por equilíbrio e compaixão, sempre ouvindo o outro e aberto a novas perspectivas.
Saturno é conhecido na mitologia grega como Cronos, o deus do tempo. É daí que vem a palavra “cronológico”. Aqui, estamos contemplando o tempo que se leva para amadurecer, o que sempre acontece no encontro com obrigações, restrições e limitações.
A mitologia de Cronos/Saturno está diretamente ligada à de seu pai, Urano, que representa o planeta de mesmo nome, e faz parte da cosmogonia grega que explica como o mundo foi criado.
Antes de se tornar o mundo que conhecemos hoje, segundo a mitologia grega, não havia o espaço entre o céu, Urano, e a Terra, Gaia. O primeiro estava sempre deitado em cima de gaia, amando-a. Juntos tiveram vários filhos, incluindo Cronos, porém todos permaneciam dentro dela, já que Urano não permitia que houvesse espaço entre si e Gaia.
Entretanto, um dia, Gaia arquitetou um plano com Cronos e este conseguiu castrar o pai, o que resultou na separação do céu e da Terra e na criação de diversos seres mitológicos (incluindo a própria Afrodite!). A partir daí, o universo mitológico adquire ordem e estrutura.
Cronos então assume sua supremacia no mundo. Porém, com medo de ser destronado por seus filhos, como ele fez com o próprio pai, Cronos os engole. Quando Zeus nasce, Reia, a esposa de Cronos, consegue enganá-lo dando-lhe uma pedra para engolir no lugar de seu filho.
Zeus cresce protegido em uma caverna e, quando chega a hora, envenena Cronos, que acaba vomitando todos os filhos, resultando em uma das lutas mais épicas de todos os tempos: Zeus e seus irmãos e irmãs (a gangue do Olimpo) contra os Titãs (a gangue de Cronos). Já sabemos quem venceu, né?!
Os planetas Saturno e Urano regem o signo de Aquário. Na astrologia, entendemos que ao mesmo tempo em que é importante que a gente amadureça, estruture nossas vidas e crie algum tipo de ordem; nossos aspectos saturninos que defendem a tradição, o conservadorismo e o conhecido, podem, de certa forma, “castrar” o nosso impulso criativo uraniano.
Contudo, lembra que comentei que Afrodite nasce do sangue derramado de Urano quando ele é castrado? Pois bem, o nascimento de Afrodite que simboliza a beleza, o amor e a harmonia, vem do conflito entre Saturno (os limites, a obrigação e as restrições) e Urano (a disrupção, a inovação e a rebeldia). A nossa capacidade de criar a “Afrodite” vem do conflito do novo com o velho, tendo como resultado a harmonia e a diplomacia.
O planeta Netuno dialoga com Poseidon. Ele é o deus das águas. Não apenas as águas do oceano, mas também as terrenas. Por isso, quando falamos do planeta Netuno (que quando vemos no telescópio é azul como a água!) estamos entrando no mundo psíquico das emoções e sentimentos, no terreno do nosso inconsciente.
Se você conhece qualquer mito de Poseidon sabe que ele é um tanto rancoroso. Morando no fundo do oceano, ele criou diversos seres marinhos que pareciam mais monstros do que qualquer outra coisa.
A questão é que no nosso inconsciente habitam nossas sombras. Por serem um tanto desconhecidas a nós, elas muitas vezes se manifestam como monstros em nossas vidas, para nos chacoalhar e nos fazer aprender a lidar com essas partes de nós que normalmente não aceitamos e reprimimos, jogando-as para as profundezas do mar.
O planeta Netuno rege o signo de Peixes, que também é regido pelo elemento Água. Ao passo que os mitos de Poseidon nos ensinam a necessidade de aprender a navegar as nossas ondas emocionais, nossas sombras e fluxos psíquicos; o signo de Peixes e o planeta Netuno nos inspiram a trabalhar nossa inteligência emocional, aceitar a nós mesmos e ao outro, de modo a nos tornarmos seres compassivos, compreensivos e humanitários.
Talvez Plutão seja o planeta mais temido de todos os tempos, já que ele representa morte, renascimento, transformação e cura. Mas, como uma boa escorpiana de ascendente conjunto a Plutão, esse é de longe o planeta que mais me fascina!
Não é à toa que ele corresponde a Hades na mitologia grega, deus do submundo. Na Grécia Antiga, Hades não era cultuado e não possuía vários templos dedicados a ele, talvez pelo respeito e temor que o povo sentia diante dele.
Ele também foi pouco retratado em poemas épicos, e ficou mais conhecido por raptar Perséfone, filha de Deméter. Esse mito é importantíssimo, pois abrange iniciações femininas necessárias: o rompimento da ligação mãe/filha, a menstruação e os ciclos femininos, o tornar-se um ser sexual e desejante.
Eu acredito que o mistério que gira em torno de Hades esteja diretamente ligado ao medo humano da morte e do desconhecido. Ignorar a morte ou temê-la pode parecer mais seguro do que enfrentar a realidade dela. Mas, a verdade é que quanto mais conversamos sobre todos os tipos de morte, mais a gente se prepara para as grandes transformações da vida.
E, sim, existem tantos tipos de morte diferentes! Mortes físicas, mas também tantas simbólicas, de quem nós somos, de hábitos que temos, de perspectivas de vida… A morte está por todo lado, mas não como algo assustador e, sim, como algo necessário para que a vida floresça e prospere – e é essa a lição que Plutão sempre traz: para que algo nasça, algo deve morrer; e isso faz parte da beleza que é viver.
Se você entende um pouco sobre astrologia, já sabe que Plutão está relacionado com o signo de Escorpião, que também fala sobre morte e renascimento, transformação e cura.
*Astróloga, estudante de psicologia e apaixonada por mitologia grega. Em seu Instagram, compartilha seus aprendizados relacionados à psicologia das deusas gregas no mapa astral de cada um de nós, como uma forma de resgatar o nosso sagrado feminino.