Idade Moderna: Um período de transição do feudalismo ao capitalismo e transformações sociais (mikroman6/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 6 de junho de 2023 às 11h58.
A Idade Moderna, ou Tempos Modernos, compreende o período entre 1453 (século XV, queda de Constantinopla) até 1789 (século XVIII, Revolução Francesa). Esse período foi marcado como uma época de transição em que o comércio foi priorizado e, aos poucos, substituindo o modo de produção feudal (troca agrária) pelo capitalismo (dinheiro).
Profundas transformações sociais e culturais também ocorreram nessa época: crenças, formas de trabalho, grupos sociais, formas de poder, visão do mundo.
Veja cada uma das etapas da idade moderna:
Conjunto de práticas econômicas impostas pelo rei absolutista, buscando desenvolvimento através do acúmulo de riquezas. Conquistar novas terras (colônias) era sinônimo de riqueza, assim como acumular metais preciosos, como ouro e prata (metalismo), além de manter a balança comercial favorável (importação e exportação) por meio do controle de impostos e de taxas alfandegárias (intervenção do Estado e protecionismo).
A partir do século XV, um dos fatores que levaram o Ocidente a lançar suas embarcações no tenebroso oceano Atlântico foi a conquista de novas terras (colônias): base do mercantilismo europeu. A busca por especiarias caras (cravo, canela, pimenta-do-reino) era cada vez mais constante e ajudou no avanço de alguns inventos como a bússola, a caravela e o astrolábio. Portugal e Espanha foram pioneiros nas navegações pelo Atlântico, sendo que ambos chegaram à América (Novo Mundo): 1492 – Cristóvão Colombo (Espanha) e 1500 – Pedro Álvares Cabral (Portugal).
Na disputa entre Portugal, Espanha, França e Inglaterra por novas terras, todos chegaram à América formando colônias: na América do Norte, França, Espanha e Inglaterra; na América do Sul, Portugal e Espanha. Estipulados os limites pelo Tratado de Tordesilhas (1494), a colônia de povoamento (norte) tinha trabalho livre, policultura (clima temperado e mercado interno) e liberdade econômica para se desenvolver.
Na colônia de exploração (sul), havia trabalho escravo negro, monocultura (clima sub-tropical e mercado externo) e dependência da metrópole. Na América do Norte (hoje, EUA), houve ainda a divisão das Treze Colônias pelo Pacto Colonial (norte, centro e sul), sendo que a parte sul foi colônia de exploração. Eram administradas pelo centro político da Inglaterra.
Movimento cultural de resgate ao pensamento greco-romano por considerar um conhecimento mais amplo da vida. Foi marcado pelo humanismo ou antropocentrismo (homem como centro das atenções), hedonismo (prazer), individualismo (liberdade do indivíduo) e racionalismo (experimentação e observação da natureza). Essas características iam contra os valores medievais que geralmente eram baseados na fé de algum deus, negando os desejos humanos.
Destacaram-se na literatura e filosofia: Erasmo de Roterdã, Michel de Montaigne, William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Nicolau Maquiavel. Na pintura, destacaram-se Leonardo da Vinci, Michelângelo e Botticelli. A Itália foi o berço do Renascimento devido à herança direta do Império Romano e ao forte desenvolvimento econômico que financiava os artistas (mecenato ou patrocínio) durante os séculos XV e XVI.
Reforma protestante tinha como objetivo reformular o catolicismo abalado pela econômia e cultura do período (Imagem: rawpixel.com | Freepik)
Movimento cristão do século XVI (Alemanha) que propunha uma reforma no catolicismo, abalado pelas transformações econômicas e culturais. Os abusos e o luxo da Igreja, que pregava ideias contrárias à que praticava (pecado do lucro, venda de indulgências/perdões), prejudicavam especialmente a burguesia, que estava em ascensão.
Luterana (Alemanha, Martinho Lutero, contra a venda de indulgências em nome do papa);Calvinista (Suíça, João Calvino encorajava o trabalho e o lucro como sinais divinos e salvação da alma. Huguenotes, na França; puritanos na Inglaterra e presbiterianos, na Escócia);Anglicana (Inglaterra, rei Henrique VII brigou com o papa e separou a Igreja da Inglaterra de Roma, causando a migração dos puritanos para a América).
Contra-Reforma com o Concílio de Trento (livros proibidos);Tribunal da Inquisição (prática de tortura e morte aos hereges);Companhia de Jesus (jesuítas convertendo outros povos).
Prática política europeia a partir do século XV com poder total na mão dos reis. Após a Idade Média, existia uma só língua e moeda beneficiando burgueses e reis no comércio. As monarquias nacionais (países) praticavam o mercantilismo, buscando desenvolvimento econômico através do acúmulo de riquezas.
O marketing político se difundia por meio dos teóricos pensadores (Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes, Jean Bodin, Jacques Bossuet), que convenciam o povo, entre outras ideias, de que o poder do rei era de origem divina, sendo assim pecado desobedecê-lo.
Movimento intelectual do século XVII na Europa que defendia o uso da razão para promover mudanças. O Antigo Regime, com sua sociedade estamental (1º clero, 2º nobreza, 3º burguesia, camponeses e operários), em que somente os dois primeiros tinham privilégios e direitos políticos, era criticado pelos iluministas, que tinham o pensamento de “duvidar e refletir”.
John Locke, Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Diderot defendiam o liberalismo (contra o absolutismo) com a igualdade de todos, limitação do poder, liberdade de expressão, livre mercado, ideias republicanas, constitucionais e direito ao voto. O iluminismo influenciou a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e a Inconfidência Mineira no Brasil.
Colonizada pelos puritanos ingleses ao norte, em minoria, esta elite era antenada com o que ocorria na Europa (Iluminismo) e inspirou reformas entre os colonos. A disputa de terras entre Norte (colônia de povoamento) e Sul (colônia de exploração), gerou a Guerra dos Sete Anos (Inglaterra e França). A Inglaterra, vitoriosa, aumentou os impostos (por meio de leis), desagradando os colonos, que passaram a lutar por sua independência, concluída em 4 de julho por Thomas Jefferson.
George Washington foi o comandante (com apoio militar da França e Espanha) da tropa contra os ingleses, decidindo a vitória dos colonos. Formaram-se, então, os Estados Unidos da América com republicanos (autonomia para os estados) e federalistas (poder central), em que se equilibraram as tendências com a Constituição de 1787, estabelecendo os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário, do Iluminismo) e a autonomia regional.
George Washington se tornou o primeiro presidente (federalista) e todo esse movimento inspirou a Revolução Francesa na Europa, a independência das colônias espanholas e do Brasil.
Conjunto de eventos que alterou a política, a economia e a sociedade da França de 1789 a 1799. Regidapelos pensamentos iluministas, rompeu com o Antigo Regime, iniciando a Idade Contemporânea, com reformas em vários outros países e a independência das colônias. Luís XV convocou a Assembleia dos Estados Gerais para tentar fazer o clero e a nobreza pagar impostos. Sem conseguir o concílio, a burguesia exigiu a criação de uma constituição, movimentando o povo para a Tomada da Bastilha (prisão política da monarquia).
Com a Assembleia Nacional Constituinte (1789), criou-se uma constituição que aboliu o regime feudal, a sociedade estamental e separou Igreja e Estado. A burguesia se dividia em girondinos (alta burguesia) e jacobinos (pequena e média burguesia), que logo tiveram o controle da França. O fato de girondinos sentar à direita e os jacobinos à esquerda nas assembleias, originou os termos políticos “de esquerda” e “de direita”.
Era o nome das assembleias para decretar o fim da monarquia e promover mudanças como abolição dos escravos, ensino primário e obrigatório, entre outras. A luta de interesses entre alta e média burguesia desencadeou o terror em que a violência em “eliminar opositores” matou aproximadamente 45 mil pessoas com perseguições, julgamentos e execuções (assassinatos e guilhotina). Luís XV e a esposa foram para a guilhotina em 1793 (liderança jacobina com o líder Robespierre).
Entretanto, girondinos retomaram o controle da revolução e, em 1794, Robespierre foi para a guilhotina. Em 1975, foi criado o Diretório com cinco membros de poder executivo; e a França imersa em corrupção, fome, ataques internos e externos. A burguesia articulou manobra para um jovem general, influente e poderoso, governar a França: Napoleão Bonaparte.
Conjunto de mudanças tecnológicas com forte impacto na economia e nas relações de trabalho e produção. Implantou o sistema capitalista. A expansão do comércio, o acúmulo de capital (burguesia) e o crescimento do mercado consumidor exigiram novos produtos e desencadearam interesses por novas descobertas (ciência tecnológica). A produção passou da fase artesanal (uma pessoa) para a manufatura (várias pessoas) e, mais tarde, para a mecanização (máquinas) no decorrer da história.
A 1ª Revolução Industrial (Inglaterra, 1750) foi marcada pelo uso do carvão, do ferro e da máquina a vapor, estreitando fronteiras com as ferrovias e instalando indústrias em outros países como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha, Bélgica e outros (2ª Revolução Industrial), desta vez com o aço e derivados do petróleo (química).
O surgimento das fábricas foi um verdadeiro símbolo que substituiu o trabalhador artesanal e aumentou o tamanho da produção, principalmente metalurgia e têxtil. Houve, então, a evolução nos meios de transporte e comunicação, maior divisão do trabalho, concentração de população urbana (êxodo rural), novas classes sociais (burguesia industrial e proletariado/trabalhadores), além da expansão do colonialismo em busca de matéria-prima e novos mercados consumidores pelo mundo.
Com o proletariado cada vez mais numeroso, isso se refletiu em excessiva mão de obra disponível, baixos salários, péssimas condições com muitas horas trabalhadas e desemprego. Isso tudo gerou movimentos operários e sindicalistas dessa desigualdade e vários pensamentos opositores ao liberalismo econômico.
Ludismo e Cartismo: surgiram na Inglaterra contra os avanços da máquina e o direito do voto. Perderam força com os sindicatos e suas greves. Anarquismo: era contra qualquer forma de autoridade.Socialismo (Científico): apareceu na Alemanha no século XIX com Karl Marx. Ao contrário do Socialismo Utópico, não se preocupava em imaginar a sociedade ideal. A ideia era de que o capitalismo seria substituído pelo socialismo (à medida que os trabalhadores percebessem a exploração) e essa seria uma etapa intermediária para o comunismo.Comunismo: a sociedade não estaria mais dividida em classes com uma completa igualdade entre os humanos. Influenciou a Revolução Russa.Capitalismo: sistema socioeconômico que surgiu com o fim do Feudalismo em que os meios de produção e o capital (dinheiro) são de propriedade privada (donos, burgueses). Os trabalhadores (proletariado ou população) vendem sua força de trabalho em troca de salários, sistema esse usado até hoje.