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IA e horas assistidas: as novas regras da Academia para o Oscar de 2026

Votantes do Oscar terão que assistir todos os filmes indicados e júri vai dar mais preferência aos conteúdos com interação humana

Hollywood e a IA: uma relação cada vez mais próxima (Imagem gerada com auxílio de Inteligência Artificial)

Hollywood e a IA: uma relação cada vez mais próxima (Imagem gerada com auxílio de Inteligência Artificial)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 22 de abril de 2025 às 19h17.

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Na última segunda-feira, 21, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou uma atualização importante nas suas regras para os próximos Oscars a partir de 2026. Entre elas, uma declaração sobre uso da inteligência artificial (IA) na criação de filmes, tema que tem gerado intensos debates em Hollywood.

A IA, embora ainda controversa, começa a ser reconhecida como uma ferramenta na indústria cinematográfica. Esteve presente, inclusive, em vários dos filmes que concorreram ao Oscar em 2025 — "O Brutalista" e "Emilia Pérez" entre eles —, o que gerou uma intensa discussão sobre um possível regulamento quanto ao uso da tecnologia nos longas indicados. 

Pela primeira vez, as regras do Oscar mencionam diretamente a inteligência artifical e destacam que ela não vai ajudar nem prejudicar as chances de uma produção ser indicada ou premiada. Não será um critério de desqualificação nem de preferência, mas a presença humana no processo de criação continua a ser fundamental para o reconhecimento da Academia.

De acordo com a nova diretriz, “quanto mais um ser humano estiver no centro da criação de um filme, melhor será a avaliação do trabalho.”

A IA e a controvérsia de Hollywood

A decisão da Academia surge em um contexto em que a IA já foi tema de debates acalorados em Hollywood. Alguns cineastas estão começando a adotar a tecnologia, como James Cameron, que recentemente se juntou ao conselho da start-up Stability A.I.

Mas a IA também tem gerado controvérsias.

O filme “O Brutalista”, por exemplo, usou a tecnologia para aprimorar os sotaques húngaros, o que foi visto por alguns como uma técnica criativa, mas por outros como antiética. O mesmo vale para "Emilia Pérez", no qual a tecnologia foi usada para melhorar agudos da atriz Karla Sofía Gascón.

O debate sobre a tecnologia no cinema tem ido até além das telonas. A atriz Demi Moore gerou polêmica ao usar um aplicativo de IA para transformar a foto de seu cachorro em um ser humano, levando a críticas sobre a utilização de ferramentas digitais para modificar a realidade. Após o desgaste nas redes sociais, Moore se desculpou publicamente.

Nas últimas semanas, Hayao Miyazaki, diretor e roteirista do Studio Ghibli ("A Viagem de Chihiro", "O Menino e a Garça") fez uma severa denúncia ao uso desenfreado da IA para recriar estilos já consolidados produzidos por humanos. A crítica foi publicada pouco tempo após a trend de pedir ao ChatGPT para transformar uma foto em uma ilustração no "estilo Studio Ghibli" viralizar nas redes sociais.

Outras mudanças para 2026

Outra grande mudança envolve a exigência de que todos os membros da Academia assistam aos filmes indicados em cada categoria antes de votar na rodada final.

Embora o cumprimento dessa regra não tenha um mecanismo de fiscalização rígido, os votantes terão que confirmar em seus votos que assistiram a todas as produções, o que traz mais responsabilidade e transparência ao processo de seleção.

Essa nova regra é importante sobretudo para a categoria de Melhor Filme Internacional, que sofre bastante com a falta de visibilidade pelo júri da Academia.

Além das regras sobre IA, a Academia também reforçou sua política de comunicações públicas, que agora proíbe qualquer pessoa ou empresa associada a filmes elegíveis de fazer críticas às técnicas utilizadas nas produções. Isso inclui, é claro, as polêmicas sobre o uso de IA no cinema.

O objetivo da medida é evitar declarações públicas que possam prejudicar a imagem de filmes ou técnicas cinematográficas durante o período de campanha para os prêmios.

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