Entenda a greve dos atores e roteiristas (ANGELA WEISS/AFP/Getty Images)
Repórter de POP
Publicado em 11 de agosto de 2023 às 11h43.
Última atualização em 11 de agosto de 2023 às 11h53.
A greve dos atores e roteiristas pode estar mais próxima do fim. Nesta sexta-feira, 11, o Screen Actors Guild (SAG-Aftra), o WGA e a Aliança de Produtores de Cinema e TV (AMPTP), sindicatos da categoria, se reúnem mais uma vez com os estúdios em busca de um novo acordo.
Segundo informações do THR, essa já é a segunda reunião da semana. A primeira aconteceu no dia 4, mas não resultou em avanços para os atores ou roteiristas.
Os atores de Hollywood anunciaram a greve em julho — que agora se soma a dos roteiristas —, em busca de salários maiores e melhores condições de trabalho. Ao todo, 160 mil artistas que fazem parte do SAG-Aftra cruzaram os braços em apoio à paralisação. Essa é a primeira greve completa que a indústria audiovisual realiza em 63 anos, sendo a última realizada pela classe dos atores em 1983.
Nesta quarta-feira, 9, a paralisação dos roteiristas chegou a 100 dias e se tornou, até o momento, a mais longa da categoria. Se persistir, a greve dos atores completará, no domingo, um mês.
A greve foi anunciada após o SAG-Aftra anunciar que não conseguiu chegar a um acordo com os grandes estúdios de Hollywood. Os artistas paralisarão todos os trabalhos a partir da 00h (horário de Los Angeles) de hoje, após votação unânime do sindicato. A greve dos roteiristas, que já paralisou grandes produções como Stranger Things e Abbott Elementary, está em curso desde maio deste ano.
"Somos vítimas de uma entidade muito gananciosa. Não acredito, sinceramente, o quão distantes estamos", disse a presidente do SAG-Aftra em comunicado à imprensa. "Todo o modelo de negócios foi mudado pelo streaming, pelo digital, pela IA. Se não agirmos agora, estaremos todos em perigo de sermos substituídos por máquinas."
Entre as reivindicações, a classe dos artistas pede uma revisão dos royalties das plataformas de streaming, para as quais os filmes são enviados assim que saem das salas de cinema. Essa prática já é bastante comum para canais de TV por assinatura, mas não chegou aos streamings de vídeo ainda. Dessa forma, a maior parte dos lucros fica retida nas mãos dos executivos e não chega aos atores envolvidos nos filmes e séries.
O SAG afirma, ainda, que os pagamentos de royalties feito aos atores e atrizes de Hollywood foram "substancialmente reduzidos nos últimos dez anos, o que acompanha o crescimento desenfreado do streaming".
Outro ponto está relacionado ao uso indiscriminado de inteligência artificial dentro das produções de estúdios. Hoje, boa parte dos artistas sequer sabe quando são replicados nos filmes e séries das quais participam, uma prática que fere os direitos de imagem (sem consentimento) deles, além de não ser devidamente remunerada.
Os mais de 11 mil roteiristas de cinema e televisão de Hollywood entraram em greve pela primeira vez em 15 anos após as negociações por aumentos salariais com estúdios não avançarem. A decisão de cruzar os braços foi aprovada pelo Sindicato dos Roteiristas da América no mês de abril.
Assim como foi com os atores, os roteiristas também pedem maiores participações nos royalties para o conteúdo enviado aos streamings. "As respostas dos estúdios às nossas propostas foram totalmente insuficientes, dada a crise existencial que os escritores estão enfrentando", afirma um comunicado publicado pelo sindicado.
Outra reivindicação dos roteiristas é que os estúdios prometam que não vão usar inteligência artificial para criar roteiros com base em trabalhos anteriores.