Monark (esquerda) e Igor (direita) do Flow Podcast. (Leandro Fonseca/Exame)
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 18h57.
A dupla de Monark no Flow Podcast, Igor 3K, revelou que a empresa chegou a perder R$ 8 milhões em contratos firmados no dia da polêmica fala de Monark sobre nazismo. Na ocasião, Monark chegou a ser demitido do Flow por ter defendido a criação de um partido nazista no Brasil. A afirmação foi feita em fevereiro deste ano durante o programa ao vivo, que recebeu os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP).
"Além disso, perdemos mais uns R$ 8 milhões em acordos que estavam encaminhados e foram cancelados. Nossa receita zerou e tínhamos uma folha de pagamento com 90 pessoas", afirmou Igor em uma entrevista ao portal GQ. "Há uns dois meses, paramos de dar prejuízo. Tínhamos uma meta para este segundo semestre de uma receita de R$ 6 milhões, e conseguimos", completou.
Em setembro, Monark, afirmou defender a formalização de um partido nazista junto à Justiça Eleitoral brasileira. A fala foi dita durante o Flow Podcast, que recebeu os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP).
“Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha de ter partido nazista reconhecido pela lei”, disse Monark na ocasião, que saiu em defesa do "direito" de ser antissemita. A opinião do brasileiro vai contra os princípios básicos da Constituição, como a promoção do "bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação".
Logo após a fala, Tabata Amaral rebateu as afirmações equivocadas de Monark, citando o holocausto na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, período marcado pelo extermínio de mais de 6 milhões de judeus. Kataguiri, por sua vez, queixou-se porque, segundo sua percepção, defensores do comunismo teriam mais espaço na mídia do que defensores do nazismo.
Monark argumentou que a organização formal de um partido nazista estaria amparada pela liberdade de expressão. Fazendo um contraponto, Tabata afirmou que tal liberdade termina quando se manifesta contra a vida de outras pessoas, sublinhando que o nazismo coloca em risco a vida da população judaica, ao que o apresentador indagou: "De que forma?"
“Deveria existir um partido Nazista legalizado no Brasil”
“Se o cara for anti-judeu ele tem direito de ser Anti-judeu”
Eu tinha achado que ele tinha superado todos os limites no último papo de racismo, mas ele conseguiu se superar de um jeito… pic.twitter.com/h9Tf7g8TYg
— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) February 8, 2022
A pressão para que os patrocinadores do podcast retirassem recursos do programa cresceu na época. A patrocinadora Flash Benefícios anunciou que iria solicitar o encerramento formal da relação contratual com o Flow. Os donos da marca, Pedro e Guilherme Lane, têm família de origem judaica.
Citado nas redes como patrocinador do canal, o iFood informou em nota que, desde novembro de 2021, não mantém mais relação comercial com o Flow. A decisão de encerrar o patrocínio do podcast Flow foi tomada de forma definitiva após Monark ter questionado em seu Twitter no final de outubro: "Ter uma opinião racista é crime?".
A Mondeléz Brasil, detentora da marca BIS, também soltou posicionamento: "A empresa esclarece que patrocinou pontualmente apenas dois episódios do Flow Podcast veiculados em 2021 e que não tem contrato com o canal".
Na época, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro também anunciou o rompimento do contrato de transmissão do Campeonato Carioca com os Estúdios Flow. "A FERJ, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida", concluiu.
Na época, o Spotify foi alvo de críticas pelas falas de Joe Rogan, um dos maiores apresentadores de podcast dos Estados Unidos e que tem parceria milionária com a plataforma.
Polêmico como o Flow, o Joe Rogan Experience já recebeu nomes controversos como Alex Jones, apresentador de rádio da extrema direita americana, e teve mais de 90 episódios removidos por desinformação sobre covid. Lendas da música como Neil Young e Joni Mitchell retiraram seu catálogo do Spotify em protesto contra o podcaster.
Em entrevista à EXAME em abril de 2021, Igor e Monark não negaram que tenham se inspirado livremente no podcast. Porém, a dupla não se vê como uma equivalência brasileira de Joe Rogan. “Ele tem uma abertura, um impacto cultural diferenciado", disse Monark.