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Como as pirâmides foram construídas? Raios cósmicos podem ter a resposta

Equipe de físicos e arqueólogos pretende mapear pirâmides de Gizé, no Egito, com partículas obtidas a partir de interação de radiação cósmica com a atmosfera; precisão deve ser inédita

Pirâmides de GIzé, no Egito: nova técnica será usada para mapear construção (Getty Images/Getty Images)

Pirâmides de GIzé, no Egito: nova técnica será usada para mapear construção (Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 20 de março de 2022 às 18h00.

Última atualização em 20 de março de 2022 às 18h03.

Construídas no século 26 a.C, por 3.800 anos as pirâmide de Gizé, no Egito, mantiveram o título de conjunto de edíficio mais altos do mundo. Um das Sete Maravilhas do Mundo, sua construção foi realizada em tempo recorde: levou menos de 30 anos, enquanto diversas obras colossais demoraram várias décadas para finalmente serem concluídas. Agora, uma equipe de cientistas e arqueológos pretende usar uma moderna tecnologia, baseada em raios cósmicos, para escanear as pirâmides por dentro e por fora, incluindo as 6 milhões de toneladas de pedras da estrutura.

Um dos principais objetivos da missão, chamada Explore a Grande Pirâmide, é revelar suas técnicas de construção, além de produzir uma análise detalhada de toda a estrutura interna, inclusive em relação ao padrão de densidade das pedras e demais materiais.

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"A missão utiliza procedimentos diferentes de mapeamentos com raios cósmicos baseados em partículas menores que os elétrons, os múons. Eles serão utilizados em grandes telescópios colocados do lado de fora da pirâmide, a fim de produzir imagens de resolução altíssima", disse a equipe encarregada do projeto. "Os telescópios serão transportados ao redor da base da construção para que ela posssa ser totalmente reconstruída pela primeira vez". O time está realizando protótipos dos telescópios e realizando simulações.

Em 2017, uma técnica semelhante, baseada em ferramentas de tomografia avançada e e termografia infravermelha, foi utilizada para analisar a pirâmide, com sucesso. Na ocasião, foi descoberto um grande vão em uma das principais galerias da construção, o que intrigou os cientistas. Agora, a ideia é ir mais adiante.

A equipe responsável pelo projeto atual decidiu utilizar o múon, partícula produzida a partir da interação de raios cósmicos com a atmosfera. Descobertos em 1936, os múons, com uma alta carga de energia, até hoje intrigam os cientistas: seu comportamento difere do preconizado pelas leis das física e, segundo a suposição atual, pode estar relacionado a uma nova força do universo.

"O uso de múons em um sistema de telecóspios deverá ter uma sensibilidade cem vezes maior da obtida em experimentos anteriores. Por isso, pela primeira vez deveão ser produzidas imagens em larga escala e altíssima precisão de toda a estrutura da pirâmide", dizem os especialistas envolvidos no projeto.

A iniciativa, no entanto, não deixa de ser controversa. Arqueólogos egípcios refutam que novas descobertas possam ser feitas por meio de avanços da física. Por outro lado, físicos como o britânico Lee Thompson, considerado um dos maiores cientistas do estudo de partículas, apoiam o projeto.

Ao mesmo tempo, os trabalhos de escavação em sítios arqueológicos no Egito seguem em ritmo acelerado. Neste mês, o Ministério do Turismo e Antiguidades divulgou a descoberta de cinco tumbas em bom estado na antiga necrópole de Saqqara, a 24 quiômetros do Cairo. As múmias têm pelo menos 4.200 anos, segundo o governo egípcio. O país vem investindo fortemente em arqueologia desde o início da pandemia, em uma tentativa de recuperar o fluxo de turistas que responde por mais de 10% do PIB. 

 

 

 

 

 

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