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Publicado em 25 de outubro de 2024 às 11h09.
Última atualização em 26 de outubro de 2024 às 10h34.
Após décadas encantando crianças com os gibis de “A Turma da Mônica”, a Mauricio de Sousa Produções (MSP) planeja encerrar 2024 com protagonismo no cinema e nas plataformas de streaming. E expandir sua marca internacionalmente.
Nesta quinta-feira, 23, a produtora lançou “Turma da Mônica - Origens”, série original da Globoplay que traz a versão adulta dos icônicos personagens criados pelo escritor Mauricio de Sousa para os quadrinhos. Neste mês, também estreou a série de animação“Astronauta”, baseada na HQ de Danilo Beyruth e disponível na Max. E agora, a empresa se prepara para lançar o filme live action “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”, em janeiro de 2025.
Para Marcos Saraiva, Diretor executivo e de Audiovisual da MSP, o céu é o limite para uma companhia que quer se consolidar como uma produtora independente. Em 2024, a empresa celebra a realização de sete produções (abrangendo filmes, animação e série live-action), algumas delas já lançadas e outras previstas para chegar aos espectadores no próximo ano.
Em entrevista à EXAME, o executivo — também neto do fundador Mauricio de Sousa e filho da Mônica — conta que o desempenho foi alcançado após investimento de pelo menos R$ 63 milhões no núcleo de produções cinematográficas. Essa faixa vai na esteira de uma antiga ambição da MSP em estabelecer sua liderança no entretenimento infantil.
“Nos últimos seis anos, a MSP movimentou pelo menos R$ 200 milhões em projetos para o audiovisual, contando com aqueles já entregues e outros ainda em desenvolvimento. Em 2018, trabalhamos com apenas dois projetos, ‘Turma da Mônica’ e ‘Mônica Toy’. De lá para cá [2024], saltamos para 22 projetos individuais”.
Por outro lado, a Mauricio de Sousa Produções não encarou essa missão sozinha. A companhia contou com o aporte de mais de 15 produtoras e outras empresas de mídia relacionadas aos canais de distribuição e plataformas de streaming. “Com esse relacionamento, conseguimos verba para fomentar a nossa presença no audiovisual nacional. É gratificante saber que estamos contribuindo para colocar o nosso mercado em outro patamar”.
Criada em 1959 pelo cartunista Mauricio de Sousa, a empresa que deu origem à “Turma da Mônica” pode ser considerada uma das marcas que resistiram bravamente ao teste do tempo. Os quadrinhos e as histórias cinematográficas ainda encantam muitas crianças, sem medo de concorrer com a influência da Disney.
Marcos conta que uma das maiores lições de seu avô quando ingressou neste negócio familiar, em 2009, foi “sempre manter-se presente onde as crianças estão”. Essa tem sido a fórmula usada pelo executivo para encantar os pequenos com as obras da MSP. E a internet tem sido sua grande aliada.
"As equipes do núcleo de audiovisual e do editorial estão atentas às tendências e comportamentos da criançada. Trabalhamos com pesquisas feitas por empresas especializadas, que nos ajudam a entender plenamente o público. Assim criamos histórias que vão conversar com leitores e telespectadores por muito tempo”.
A empresa quer tornar seus filmes, séries e animações acessíveis a todos e, para isso, vai reforçar parcerias com os serviços de streaming no Brasil. O plano envolve duas estratégias: licenciar conteúdos para plataformas interessadas em ter a "Turma da Mônica" em seu catálogo e garantir a exclusividade de obras originais nos serviços de streaming que colaboram diretamente com suas produções.
“Durante determinado período, nossos conteúdos originais são exclusivos para os serviços de streaming que são nossos parceiros de produção, como é o caso de ‘Franjinha & Milena’, série live-action disponível apenas na Max. Além da animação ‘Vamos Brincar com a Turma da Mônica’, que está exclusivamente no Globoplay. Esses conteúdos permanecem nas plataformas dos parceiros de produção pelo prazo estabelecido em contrato, após esta fase eles são disponibilizados para outros locais”, diz Marcos Saraiva.
E acrescenta: “Queremos posicionar todos os conteúdos que são de co-produção ou desenvolvidos apenas pela MSP em todos os serviços. O público também pode encontrar as obras na Prime Vídeo e na Netflix. Para a empresa, é fundamental ter uma boa relação com todos os players do setor”.
O mercado de licenciamento de marcas no Brasil está entre os dez maiores do mundo e continua em expansão. Segundo a Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral–Licensing International), em 2023, a categoria faturou R$ 23,2 bilhões, um crescimento de 5% em relação a 2022, de R$ 22,1 bilhões.
Os produtos licenciados representam uma das principais fontes de receita para a Mauricio de Sousa Produções. Atualmente, a companhia conta com mais de 400 personagens e mais de 4.000 produtos licenciados por mais de 200 empresas no Brasil.
“Em nosso planejamento, cada longa-metragem ou série precisa alavancar nosso business para além do licenciamento, como produtos, collabs e ações promocionais. Alguns dos nossos parceiros estão conosco há 30 anos e a perspectiva é elevar esse número para aumentar o faturamento. É um processo caríssimo. Então, diversificar as fontes de renda é essencial para fomentar nossas operações, dos quadrinhos e eventos, até os filmes e séries”.
Além de táticas de marketing e linhas de produtos infantis, os projetos para o audiovisual têm ajudado a manter a marca de Mauricio de Sousa fresca na mente dos brasileiros. E impulsionar seus planos de expansão internacional.
Desde 2019, a companhia conta com o MSP Japan, localizado em Tóquio, seu primeiro escritório fora do território brasileiro, de onde distribui ao público local suas obras literárias e produtos da marca. Além dos conteúdos audiovisuais — que já fizeram parte da grade horária das emissoras japonesas Fuji Television e Kids Station.
Agora, o núcleo audiovisual, sob a liderança Marcos Saraiva, mira a expansão das animações e séries da Mauricio de Sousa Produções para outros países da América Latina a partir de 2025, de emissoras até os serviços de streaming.
À EXAME, o executivo também compartilha detalhes sobre o novo filme de animação do dinossauro “Horácio”, uma co-produção com a Boipeba Filmes, do cineasta Carlos Saldanha (de “A Era do Gelo”). O longa-metragem deve ser lançado em 2025.
“Assinamos recentemente um contrato com a Boipeba, produtora dele, e já começamos a trabalhar no longa-metragem do ‘Horário’. Não é um projeto apenas para o Brasil, queremos chegar nos cinemas do mundo inteiro. Estamos com expectativas altas”, declara o executivo, com brilho nos olhos para os desafios pela frente.