Jeff Kinney, autor da série de livros "Diário de um Banana" (Bienal do Livro de SP/Divulgação)
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Publicado em 14 de setembro de 2024 às 07h00.
Última atualização em 14 de setembro de 2024 às 08h33.
Por muitos anos, o ambicioso (e preguiçoso) Greg Heffley se esforça para ser o aluno mais popular e descolado de sua escola, mas todas suas táticas sempre levam ao desastre. Embora a premissa seja simples, a série de livros "Diário de um Banana" conquistou gerações de crianças ao trazer humor para as agruras da adolescência. E até hoje é considerada uma das principais do gênero infanto-juvenil.
Escrito por Jeff Kinney, o primeiro livro foi publicado em 2007 e em pouco tempo se tornou um best-seller nos Estados Unidos, com mais de 100 mil cópias impressas em apenas um ano.
O sucesso motivo a criação de novas histórias do protagonista, que seguem impressionando o mercado literário expressivos números de vendas. Para se ter uma ideia, o 8º volume, "Diário de um Banana: Maré de Azar", encabeçou a lista dos livros mais vendidos de 2023 do jornal New York Times. O romance superou respectivamente "Jogos Vorazes: Em Chamas" e "Harry Potter e a Pedra Filosofal".
As histórias de Greg Heffley já foram traduzidas para 28 idiomas e capturaram o interesse de leitores de diversas países, incluíndo o Brasil. Por aqui, a coleção teve mais de 14 milhões de cópias vendidas. Sendo que o último livro, "Cabeça-Oca", lançado em outubro de 2023, vendeu 100 mil exemplares em um ano, de acordo com a VR Editora, responsável pela publicação no país.
Após 17 anos, esse fenômeno ainda surpreende o autor Jeff Kinney, que chega ao Brasil neste sábado, 14, como um dos convidados para a 27ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Antes de aterrissar na capital paulista, o escritor bateu um papo com a EXAME e fez questão de esclarecer uma das maiores curiosidades dos fãs: "há semelhanças entre ele e Greg".
"Na minha adolescência fui muito parecido com Greg Heffley, mas gosto de pensar que ele tem mais imperfeições do que eu. Quando comecei a escrever, eu queria desenvolver algo semi-autobiográfico e quase realista, que capturasse todas os momentos engraçadas que aconteceram comigo quando criança em um só lugar".
Ao avaliar o impacto dos livros de "Diário de um Banana" no Brasil, Kinney se diverte com o título dado à sua obra no país. "Conheço o editor que fez essa adaptação do título. Para ser franco, acho que é melhor do que o título original ('Diary of a Wimpy Kid'). Eu gosto muito", brinca.
Kinney passou oito anos produzindo uma extensa história em quadrinhos, com 1.300 páginas, narrando a saga de Greg Heffley, um pré-adolescente lidando com os desafios do colégio e buscando aceitação social. No entanto, em 2006, a editora norte-americana Abram Books decidiu dividir o material em volumes e direcioná-lo ao público infantil.
Após o acordo entre Kinney e a empresa, a série adotou o formato de diário, com textos e ilustrações intercalados. Embora essa estratégia de publicação tenha sido diferente da sua ideia inicial, o autor admite que contribuiu para seus livros chegarem à posição invejável no mercado literário.
"Acho que os livros de 'Diário de um Banana' se tornaram populares e continuam encantando os leitores porque são engraçados e são graficamente atraentes. Quando um jovem leitor abre um livro da coleção, não parece que está encarando uma publicação comum, com textos maçantes. Parece um momento diversão. E a leitura deve trazer essa sensação, especialmente para as crianças".
Kinney acredita que a construção do personagem também foi um fator relevante, pois na trama, Greg nem sempre faz escolhas éticas, recorrendo a mentiras e trapaças como parte de suas planos para ser aceito e valorizado entre os colegas. "Meus livros não têm uma mensagem moralista. Mas, acredito que essa fórmula tem dado certo porque as histórias dos livros são atemporais. Muitas pessoas podem se identificar com as circunstâncias de Greg, que carregam a essência da infância da maioria das crianças".
Para o autor, escrever para crianças é gratificante, já que os exemplares de "Diário de um Banana" contribuíram para a introdução delas à leitura. "Gosto de pensar que meus livros estão transformando as crianças por meio desse hábito e podem criar alguns leitores para a vida toda", diz.
Não demorou muito para que as aventuras de Greg Heffley chegassem ao cinema. Em 2010, a Fox Filmes lançou o longa-metragem"Diário de um Banana", baseado na trama do primeiro livro, no qual Greg encara os problemas da escola expressando suas opiniões e sentimentos em seu diário.
O filme atraiu muitos fãs da série de livros para as salas de cinema e arrecadou US$ 76 milhões em bilheterias, além de ter conquistado boas avaliações da crítica especializada na época, segundo o site IMDb. Os resultados alcançados com a produção motivou o estúdio a investir em novas adaptações dos livros de Kinney. Nessa empreitada, de 2011 a 2017, foram lançados mais três filmes live-action de "Diário de um Banana". Em 2021, a Disney Pictures transformou a jornada de Greg Heffley em um filme de animação.
"Os filmes me deram a oportunidade de mostrar o quanto a história de Greg é rica e pode continuar crescendo. Mesmo que o personagem seja estático e tenha passado por poucas mudanças do primeiro volume ao décimo nono", declara o autor ao celebrar a expansão de seu trabalho para o cinema e streaming.
A primeira vez que Jeff Kinney visitou o Brasil foi em maio de 2013. O escritor esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo para lançar o sétimo volume de "Diário de um Banana". Desta vez, ele retorna como um dos principais convidados desta edição da Bienal Internacional do Livro.
Durante o evento, Kinney pretende interagir com os fãs em uma sessão de autógrafos. Ele afirma que está ansioso por essa interação, principalmente por sentir uma forte conexão com o país desde a chegada do primeiro volume do livro. "Fiquei impressionado na primeira vez que visitei o Brasil. Estou animado para conhecer uma nova geração de leitores".
À EXAME, o escritor soltou um breve spoiler — sem se comprometer tanto — sobre um novo livro que pretende lançar, depois de mais um filme da franquia "Diário de um Banana" direto para o Disney+.
"Após 'Diário de um Banana: Casa dos Horrores', estou trabalhando em um quarto filme de animação com a Disney, baseado no livro 'A Gota d'água'. E um novo livro da série está chegando, mas é tudo que posso contar".