Mostra de Cinema de SP: veja os vencedores dos prêmios do festival (Marcio Miranda Filho/ Agência Foto/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 14h40.
Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 14h48.
Documentários sobre as mais diferentes histórias do Brasil e do mundo, ficções que arrancaram lágrimas e gargalhadas do público, um pouco de Cannes, Berlim, Veneza e San Sebastian em sessões disputadas “a tapa”, com filas que viraram quarteirões. A 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo promoveu, nos últimos 15 dias, uma experiência de 7ª arte que superou as expectativas dos últimos anos. E se encerrou, na última quarta-feira, 30, com a presença de Francis Ford Coppola.
Entre sessões lotadas de paulistanos plantados em longas filas desde a madrugada e sessões que resistiram à chuva forte da Terra da Garoa na Cinemateca, o festival levou milhares de pessoas para dentro das principais salas de cinema da capital entre os dias 17 e 30 de outubro. Foram 417 filmes de 82 países, entre eles a Palma e o Urso de ouro, “Anora” e “Dahomey”, e o vencedor brasileiro de melhor roteiro em Veneza, “Ainda Estou Aqui” — a sessão mais disputada da Mostra.
Na noite da última quarta-feira, 30, para coroar o encerramento do festival, a Mostra apresentou os vencedores dos prêmios do Júri, do Público, da Crítica, da Abraccine, da Netflix — cujo vencedor recebe a distribuição na plataforma de streaming para 190 países —, do Paradiso e da Brada. O Prêmio Leon Cakoff, que homenageia grandes nomes do cinema, foi concedido a Francis Ford Coppola, pela carreira e genialidade na indústria. Logo após o prêmio, o público assistiu a "Megalopolis", novo filme do diretor que estreia nos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira, 31.
"Antes de me premiar, vocês deveriam ter assistido ao filme", brincou Coppola ao receber o prêmio. "Sou grato pelo festival mesmo assim. E gostaria de dizer para vocês que todo filme é diferente, não existe uma fórmula no cinema, há várias maneiras de produzir. 'Megalopolis' é um filme com alto orçamento, mas é um ensaio de várias coisas, não o levem tão a sério", concluiu.
Entre os brasileiros de ficção de destaque, agraciados com estatuetas, estiveram “Manas”, de Marianna Brennand, que aborda a história das meninas vítimas de exploração sexual na Ilha do Marajó, e “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, escolha brasileira para tentar a vaga na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar de 2025.
Já para os documentários, o destaque veio para “No Other Land”, do palestino Basel Adra e do jornalista israelense Yuval, sobre a ocupação de Masafer Yatta, ambiente de disputa entre Israel e a Palestina, nos dias atuais. O brasileiro “Balomania”, de Sissel Morell Dargis, sobre os baloeiros que enxergam nos balões um sonho coletivo e de redenção social.
Os filmes da seção Competição Novos Diretores mais votados pelo público foram submetidos ao Júri, formado nesta edição pela atriz brasileira Camila Pitanga, pelo ator e cineasta português Gonçalo Waddington, pela curadora e produtora Hebe Tabachnik, pelo produtor Kyle Stroud, pelo diretor e escritor iraniano Mohsen Makhmalbaf e pelo crítico de cinema francês Thierry Meranger.
Os jurados escolheram "Familiar Touch", de Sarah Friedland, e "Hanami", de Denise Fernandes, como os melhores filmes de ficção. Como melhor documentário, premiaram "No Other Land", de Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham, e "Sinfonia da Sobrevivência", de Michel Coeli. Também concederam o prêmio de melhor direção para Adam Elliot, do filme "Memórias de um Caracol".
O público da 48ª Mostra escolheu, entre os longas internacionais, "O Caso dos Estrangeiros", de Brandt Andersen, como melhor filme de ficção, e "Balomania", de Sissel Morell Dargis, como melhor documentário. Entre os brasileiros, "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, recebe o prêmio de melhor ficção, e "3 Obás de Xangô", de Sérgio Machado, o de melhor ficção.
A escolha do público é feita por votação. A cada sessão assistida, o espectador recebe uma cédula para votar com uma escala de 1 a 5, entregue sempre ao final do filme. O resultado proporcional dos filmes com maiores pontuações determina os vencedores.
A imprensa especializada que cobre o evento e tradicionalmente confere o Prêmio da Crítica também participou da premiação elegendo "Manas", de Marianna Brennand, como melhor filme brasileiro, e "Levados Pelas Marés", de Jia Zhangke, como o melhor longa entre os estrangeiros.
A Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema também realiza tradicionalmente uma premiação que escolhe o melhor filme brasileiro. Neste ano, o eleito foi "Intervenção", de Gustavo Ribeiro
Pela segunda vez, a Netflix vai entregar um prêmio no festival, que será concedido a um filme brasileiro participante da Mostra deste ano que ainda não tenha contrato com um serviço de streaming.
O longa premiado nesta 48ª edição foi "Serra das Almas", de Lírio Ferreira.
O prêmio do Projeto Paradiso Mostra dá apoio à distribuição nos cinemas a um dos filmes da seção Mostra Brasil que recebeu maior votação do público. O aporte serve para complementar a distribuição da obra nas salas de cinema brasileiras e ajudar a sua estreia nas telas nacionais. Neste ano, o Prêmio Paradiso foi concedido ao filme "Malu", do diretor Pedro Freire.
O Coletivo de Diretoras de Arte do Brasil premia pela terceira vez na Mostra o trabalho de um diretor de arte que tenha se destacado no festival. Neste ano, Mathé recebe o prêmio pela Direção de Arte pelo seu trabalho no filme Hanami, de Denise Fernandes.
Quem perdeu algum filme durante as duas semanas do festival ainda tem chances de revê-lo na "repescagem" da Mostra, que vai desta quinta-feira, 31, ao dia 6 de novembro. A programação pode ser conferida no site oficial do evento.