Política

Nunes inicia 2º mandato em SP nesta quarta-feira com desafios que vão da Cracolândia aos apagões

Prefeito aposta em gestão de continuidade, sem alterações de secretários em postos chaves, como Saúde e Educação

Ricardo Nunes, prefeito de SP: para a nova gestão, o prefeito adiantou que vai focar na educação (Leandro Fonseca/Exame)

Ricardo Nunes, prefeito de SP: para a nova gestão, o prefeito adiantou que vai focar na educação (Leandro Fonseca/Exame)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 1 de janeiro de 2025 às 09h33.

Ricardo Nunes (MDB) assume nesta quarta-feira, 1, o seu segundo mandato como prefeito de São Paulo.

Em maio de 2021, ele assumiu o cargo após a morte do então prefeito Bruno Covas (PSDB), mas agora comandará a cidade em mandato de quatro anos após se fortalecer politicamente ao ser consagrado nas urnas em outubro.

Para 2025, Nunes renovou parte do secretariado, mas deixou claro que apostará num governo de continuidade ao manter em postos-chave Edson Aparecido, na Secretaria de Governo, Luiz Zamarco, na Saúde, e Fernando Padula, na Educação.

Apesar de ter sido eleito com uma coligação de 11 partidos, o “leilão de cargos” foi limitado a pastas com orçamentos menores. Sua própria sigla, o MDB, foi quem ficou com mais secretarias.

Para a nova gestão, o prefeito adiantou que vai focar na educação, tendo em vista o baixo desempenho da rede municipal de ensino nas metas de aprendizagem e alfabetização pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e o Índice de Desenvolvimento da Educação Paulistana (Idep). Outro enfoque será nas privatizações e parcerias público-privadas, que serão ainda mais enfatizadas — inclusive na educação.

Entre seus desafios, destacam problemas antigos e já conhecidos dos paulistanos, como a Cracolândia e o Minhocão. E cumprir promessas de seu primeiro mandato, como a construção de corredores e terminais de ônibus e a melhoria dos índices educacionais, além de lidar com os efeitos cada vez mais comuns das mudanças climáticas, que envolvem desde apagões em decorrência de vendavais até ondas de calor intenso.

Da Cracolândia aos apagões

Melhorar a segurança e o trânsito, resolver as enchentes e a Cracolândia e dar um fim ao Elevado Presidente João Goulart, conhecido como Minhocão, são problemas antigos que o prefeito terá de enfrentar novamente. Em relação ao elevado, Nunes ainda não sinalizou se pretende demolir o local ou transformá-lo em parque.

Na gestão anterior, Nunes apostou em centenas de obras emergenciais, sobretudo nas áreas periféricas, relacionadas à contenção de encostas, escoamento da água da chuva e canalização de córregos, e se orgulha de dizer que reduziu as mortes em alagamentos e deslizamentos na cidade. Em algumas regiões, houve de fato melhora, mas as enchentes ainda são uma realidade na cidade, especialmente durante o verão, quando chuvas de meia hora deixam vias importantes da cidade intransitáveis.

Ainda em relação ao clima, um problema que ganhou destaque nos últimos dois anos e que será cobrado pela população são os apagões.

Cada vez mais frequentes, as quedas de energia viraram motivo de queda de braço entre prefeitura, Enel e governo federal, e aqueceram o debate sobre enterramento de fios e podas de árvores — atribuições da prefeitura.

Outros desafios para o prefeito nessa área passam pelo preparo da cidade para ondas de calor e frio extremo e na redução de gases poluentes, que passa pela eletrificação da frota de ônibus. O incentivo ao uso do transporte público e de bicicletas também seguem como demandas da cidade, e o prefeito precisará cumprir as metas de construção de terminais e corredores de ônibus e novas ciclovias prometidas. Também nesta área, a duplicação da estrada do M'Boi Mirim, na Zona Sul, é um desafio.

O crescente aumento do subsídio para as concessionárias de ônibus também será uma questão a ser enfrentada ao mesmo tempo em que o prefeito mantém a tarifa zero aos domingos e promete ampliar o benefício para mães que tenham filhos matriculados em creches municipais. Na semana passada, o prefeito anunciou o aumento da tarifa de ônibus para R$ 5. Ainda nessa seara, Nunes deve enfrentar um longo processo para rescindir o contrato com as empresas Transwolff e UpBus, suspeitas de lavarem dinheiro para o crime organizado.

O aumento de mortes no trânsito também precisará ser alvo de medidas da prefeitura.

Em relação à segurança pública, apesar da competência principal ser da gestão estadual, Nunes sabe que precisará investir nessa área para aumentar a sensação de segurança dos paulistanos. O prefeito terá os próximos anos para mostrar resultados do Smart Sampa, programa de monitoramento por câmeras com reconhecimento facial que foi o seu principal investimento nesse setor, e ampliar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM), além de adotar medidas como a melhoria da iluminação urbana.

A Cracolândia, problema de três décadas, está longe de ser resolvida e, durante a gestão de Bruno Covas e Nunes, a concentração de dependentes químicos se espalhou pelo Centro e o fluxo mudou de localização diversas vezes — atualmente, está próximo à estação da Luz — com polêmicas envolvendo a instalação de grades para segregar os usuários da rua. O problema exige a integração entre governo estadual e municipal e passa por políticas de saúde, segurança pública, assistência social, trabalho e habitação.

Outra questão sensível é o número de pessoas em situação de rua.

Durante a pandemia da covid-19, ele cresceu vertiginosamente e a situação nunca se reverteu. Um censo da prefeitura realizado em 2021 apontou 32 mil pessoas nessa situação. Mas o Observatório brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontam 89.951 pessoas em situação de rua em dezembro de 2023 na cidade de São Paulo, número 38% maior do que o mesmo mês do ano anterior. A instituição se baseia nos dados do CadÚnico disponibilizados pelo Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

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