O governo canadense estuda medidas de retaliação caso Donald Trump, ex-presidente e candidato a um novo mandato, implemente a tarifa de 25% sobre exportações do Canadá e México. A declaração de que "nada está fora da mesa" marca a determinação do Canadá em proteger sua economia diante da proposta protecionista, anunciada por Trump ainda em 2024.
Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, liderou uma reunião emergencial com governadores provinciais nesta quarta-feira, 15, para planejar as respostas caso a tarifa seja oficializada após a posse de Trump em 20 de janeiro. "O governo está comprometido em defender o Canadá e proteger os canadenses, sem descartar nenhuma opção", declarou Trudeau em entrevista coletiva.
Entre as possibilidades discutidas, a aplicação de contra-tarifas e possíveis cortes no fornecimento de energia para os Estados Unidos figuram como as principais estratégias. Contudo, nem todas as lideranças canadenses apoiam medidas mais drásticas, como restrições no fornecimento de petróleo.
Embora Trudeau tenha o apoio de governadores de Ontário, Quebec e Newfoundland, Danielle Smith, primeira-ministra de Alberta, manifestou-se contra sanções que envolvam o setor energético. "Tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os meios de subsistência dos habitantes de Alberta dessas políticas federais destrutivas", afirmou em publicação nas redes sociais.
O impacto econômico, segundo o Scotiabank, pode ser significativo: o PIB canadense pode encolher até 5,6%, enquanto os Estados Unidos enfrentariam uma retração de 1,6%. Apenas em Ontário, meio milhão de empregos podem ser perdidos.
Política protecionista
Trump anunciou a proposta da tarifa de 25% como uma de suas primeiras ações ao reassumir a presidência. Publicada em sua rede social Truth Social, a medida busca pressionar Canadá e México a reforçarem suas fronteiras e combaterem o tráfico de drogas e imigração ilegal. "As tarifas são a melhor coisa já inventada", declarou Trump, reafirmando sua política protecionista.
Desde 2017, Trump adota estratégias que favorecem indústrias domésticas em detrimento do comércio internacional, classificando tarifas como um mecanismo para fortalecer a economia americana.
Trudeau prometeu apoio governamental aos setores mais atingidos caso as tarifas sejam implementadas. Contudo, o futuro político do Canadá também é uma incógnita, já que o primeiro-ministro deixa o cargo em março e não buscará a reeleição.