Armindo Mota, da Wappa: "O uso de táxi diminui custos com transporte" (Daniela Toviansky)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2013 às 12h57.
Última atualização em 2 de março de 2017 às 16h55.
São Paulo - O paulista Armindo Mota, de 35 anos, ganha a vida controlando as despesas dos outros. Ele é o fundador da Wappa, que mantém um sistema para ajudar empresas a controlar a maneira como seus funcionários utilizam táxi para se locomover a serviço.
Entre seus clientes estão grandes companhias, como a seguradora Zurich e o banco Itaú. No ano passado, a Wappa faturou 52 milhões de reais — 70% mais do que em 2011. "Tomo conta de um assunto que não costuma estar no topo das preocupações das empresas", afirma Mota.
O sistema da Wappa tem como objetivo resolver um velho problema — o uso indiscriminado de táxi pelos funcionários, que muitas vezes os utilizam para fins particulares e põem o valor da corrida na conta da empresa.
O sistema funciona assim: a companhia define determinadas cotas de utilização de táxi para cada funcionário, cadastrando os principais trajetos e os horários prováveis das corridas. Quem for pedir táxi precisa preencher um formulário online para justificar a necessidade do transporte.
O funcionário não paga nada ao taxista — quem acerta as contas é a Wappa, responsável por cobrar a fatura de seus clientes e repassar o dinheiro aos motoristas. "O pagamento é feito por meio da internet e dispensa a emissão de boletos", afirma Mota.
A receita da Wappa é sobre cada corrida realizada — o taxista e a empresa pagam, juntos, o equivalente a 7% do valor da viagem. Periodicamente, a Wappa produz relatórios sobre os gastos com o transporte — dá até para calcular o volume da emissão de poluentes que os táxis geraram nos trajetos.
Há 25.000 taxistas cadastrados na Wappa. Para motivá-los a fazer parte do sistema, Mota oferece o pagamento da corrida em até 48 horas — as cooperativas de táxi costumam demorar até 30 dias para acertar as contas.
"Esse é um dos atrativos para os motoristas", diz Mota. Outra vantagem é a possibilidade de conseguir passageiros sem rodar pela cidade. "Não preciso me arriscar nas ruas", diz Fábio de Oliveira, taxista de São Paulo credenciado na Wappa há seis meses.
Para os clientes, um dos principais ganhos é a transparência nos custos. Um exemplo é o Grupo SBF, holding controladora das redes de lojas de artigos esportivos Centauro e Nike Store no Brasil. Dos 8.500 empregados do grupo, 10% usam táxi com frequência. "Os custos caíram 50% desde que fechamos contrato com a Wappa", diz Roque Bertuane, gerente administrativo do Grupo SBF.
Mota fundou a Wappa há 12 anos — antes, ele trabalhava como analista do mercado financeiro. Desde então, ele acumulou uma boa quilometragem à frente do negócio — o que pode ser especialmente importante para enfrentar o crescimento da concorrência.
Nos últimos meses, houve uma explosão da oferta de aplicativos para computadores, tablets e smartphones para pedir táxi pela internet. Na lista dos mais baixados da Apple na categoria viagem, sete são de táxi. Empresas que surgiram oferecendo apps para pessoas físicas já começaram a prospectar clientes corporativos. "Conta a nosso favor ter clientes grandes", diz Mota. "Isso nos dá mais credibilidade."
De acordo com estimativas, existem cerca de 150.000 taxistas no Brasil — juntos, eles movimentariam cerca de 15 bilhões de reais por ano. A demanda por táxi aumentou como consequência dos problemas de mobilidade urbana no país — apenas 11 cidades brasileiras têm metrô ou trem, e a oferta de transporte público em geral deixa a desejar.
"Usar táxi com eficiência é uma opção para melhorar o vaivém nas metrópoles", afirma Mario Pascarelli, coordenador do curso de pós-graduação em gerência de cidades, da Faap. "Além de facilitar o trânsito, as empresas deixam de gastar com manutenção dos carros, o que pode implicar redução de algo como 20% nos gastos com transporte."