Mercado Livre: serviços de pagamento são a aposta da companhia para crescer nos próximos anos (Mercado Livre/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 29 de agosto de 2018 às 06h00.
Última atualização em 29 de agosto de 2018 às 06h00.
São Paulo - Você é vendedor pela plataforma Mercado Livre? Se você gostar de fortes emoções, poderá transformar seu saldo de compras e vendas em bitcoins. A criptomoeda despencou 60% em sete meses, mas o número de investidores só cresce.
O Mercado Pago, empresa de soluções de pagamento do Mercado Livre, firmou uma parceria com a startup Ripio, que administra carteiras digitais para armazenar, comprar ou vender bitcoins. Ao todo, o Mercado Pago conta com 211 milhões de usuários.
Na Argentina e no Brasil, vendedores poderão usar o saldo em conta para a compra da criptomoeda por meio de uma carteira digital na Ripio. Para abrir uma carteira, é preciso se cadastrar por meio do site ou do aplicativo para Android. Após a validação da conta por meio de confirmações de identidade e senhas duplas, a conta já poderá ser usada para comprar ou vender bitcoins.
Para usar o saldo do Mercado Pago, o cliente entra em sua conta da Ripio e escolhe a opção de incluir dinheiro em seu saldo. Nesse momento, poderá transferir o valor que está no Mercado Pago e usá-lo para comprar bitcoins. É preciso ter o mesmo usuário na Ripio e no Mercado Pago para concretizar a operação. Reviews na loja Google Play alertam que as transações podem demorar para serem efetivadas pela startup, além de dificuldades no cadastro.
“Todos devem ter acesso a diversos tipos de investimentos e serviços financeiros”, defende Fernando Bresslau, Country Manager da Ripio no Brasil. “A Ripio oferece aos usuários do Mercado Pago um acesso simples ao bitcoin, seja para ser utilizado como mais um ativo financeiro no portfólio de investimentos do usuário ou para que esse usuário possa fazer transferências rápidas de valor através da internet, em situações em que uma TED ou o uso de cartão de crédito não são possíveis.”
Criada há cinco anos, a Ripio está presente na Argentina, no Brasil, na Colômbia e no México. O negócio obteve 44,4 milhões de dólares em investimento - a maioria do dinheiro originado de uma Initial Coin Offering (ICO), mistura de crowdfunding, investimento-anjo e IPO para startups.
A Ripio possui 250 mil usuários pela América Latina - seus maiores mercados são Argentina, com mais de 200 mil, e Brasil, com mais de 35 mil. Até o fim deste ano, a Ripio espera chegar a 500 mil usuários. Em 2019, quer bater 2 milhões de consumidores de sua carteira digital. Também deve passar de suas atuais “dezenas” de transações diárias para mais de mil operações.
No fim do ano passado, o mundo viu o bitcoin ter uma ascensão meteórica. No Brasil, investidores curiosos tiraram seu dinheiro da poupança para comprar a criptomoeda. Em 2017, o ativo disparou 1300% e chegou a ser vendido pelo preço histórico de 19,5 mil dólares (65 mil reais) em dezembro.
Porém, desde o pico no fim do ano passado, o preço da criptomoeda caiu 60%. A montanha russa assustou quem esperava ficar rico da noite para o dia. Por outro lado, atraiu novos investidores, que aproveitaram para comprar bitcoins por preços baixos, pensando no longo prazo. Resultado? O mercado amadureceu e teve saldo positivo.
Desde dezembro, o número de investidores de bitcoins no Brasil cresceu 40%. Nas três maiores corretoras de criptomoedas do país, responsáveis por cerca de 95% das transações, havia 1,2 milhão de cadastros em dezembro. Agora, são 1,7 milhão, mais que o dobro do número de investidores pessoas físicas da bolsa de valores brasileira.
A chance do bitcoin atingir um novo preço histórico em 2018 é mínima, pois o mercado está se acomodando e a criptomoeda não é mais novidade. Porém, o vai e vem dos preços ainda está longe do fim. É bom os vendedores do Mercado Livre ficaram de olho nesses riscos ou nessas oportunidades, dependendo de quão cheio ou vazio enxergarem o mesmo copo.