A administração do shopping foi procurada para se manifestar sobre a decisão, mas sua Assessoria de Imprensa informou que o setor jurídico se reuniria na noite de ontem para discutir que medidas deve tomar (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2011 às 19h15.
São Paulo - Os prejuízos do fechamento do shopping Center Norte só serão conhecidos quando a situação for normalizada. Conforme informações de vendedores, após o anúncio de que o empreendimentos poderia ser fechado, as vendas caíram cerca de 60%. As associações que representam lojistas e os shoppings ainda não conseguiram estimar o tamanho do impacto econômico.
De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), trata-se do terceiro maior shopping em tamanho e faturamento de São Paulo, ficando atrás apenas dos empreendimentos Aricanduva e Iguatemi, além de um dos mais importantes do Brasil. "O faturamento não acontece nos dias em que o shopping fica parado. Não temos estimativas do prejuízo, pois não sabemos quantos dias o empreendimento ficará fechado", justifica o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun.
Ele acrescenta que a situação não agrada ninguém, pois todos são prejudicados: consumidores, funcionários, lojistas e o proprietário do shopping. Os trabalhadores cuja parte da renda é obtida por meio de comissionamento deixam de receber esta parcela, pois sem movimento não há venda. Consequentemente, os proprietários das lojas não têm faturamento.
Por conta disso, está previsto, segundo Nabil, um possível acordo entre lojistas e o shopping para que seja negociado o pagamento do aluguel. "Estamos analisando e estudando. Devemos ter uma reunião, mas não há nada previsto. Isso deve acontecer nos próximos dias. Estamos aguardando os acontecimentos jurídicos", explica ele.
Nabil esclarece que cada loja está adotando uma medida de contingência. Algumas estão concedendo férias para os funcionários, outras transferindo os empregados ou mantendo seus colaboradores em casa até que se obtenha uma definição total do caso. O Center Norte tem cerca de 331 lojas e cerca de 6 mil trabalhadores diretos. Até o momento, somente o Carrefour se manifestou, alegando que "está acompanhando o caso e tomando as providências cabíveis".
Em nota, a rede de supermercados informou que, apesar de o Center Norte ter informado que "vem desenvolvendo ações de gerenciamento ambiental de sua área", o Carrefour notificou o estabelecimento exigindo laudo realizado por empresa especializada, inclusive pela Cetesb, atestando que a área onde está situado está isenta de qualquer contaminação e livre de qualquer risco. "Como não obteve retorno sobre a real situação da área, o Carrefour já contratou uma consultoria ambiental e uma empresa especializada em realizar medições de áreas, e, se necessário, remediações, que prestarão todo suporte à empresa na condução do caso".
A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que a entidade não se pronunciará, pois não tem dados sobre o faturamento do Center Norte. Não há, inclusive, projeções do impacto para o próprio setor, cujos dados mais recentes apontam crescimento de 11,69% no primeiro semestre deste ano. O índice de expansão para 12% em 2011 está mantido. Em 2010, o setor de shopping centers apresentou faturamento de cerca de R$ 87 bilhões. "A Abrasce não está se envolvendo. É um caso isolado", informou a sua assessoria de imprensa.
Os números do shopping também não são abertos. Consultada, a assessoria de imprensa do Center Norte disse que também ainda não há estimativas sobre o prejuízo.
O Center Norte foi fechado nesta manhã em razão do risco de explosão por emissão de gás metano e deve reabrir nos próximos dias, segundo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. No entanto, a reabertura do shopping center depende da manifestação favorável da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Consultadas, Hering, Lojas Renner e Saraiva, que possuem lojas no Center Norte, não comentaram o tema até o fechamento desta reportagem.
Mudanças
O shopping informou também que acelerou os trabalhos para a instalação de todos os sistemas de exaustão do metano localizado no solo do empreendimento, conforme foi acordado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado com o Ministério Público e a Cetesb na semana passada.
Segundo o documento, foram instalados mais dez drenos integrados a nove máquinas a vácuo, em áreas estratégicas do local, dois a mais que o estabelecido no TAC, totalizando 11 drenos. "A intenção do Center Norte é antecipar o prazo estabelecido pelo Ministério Público, que vence no dia 17 de outubro. A instalação dos sistemas de mitigação de gases é uma das exigências da Cetesb e integra o plano de gerenciamento ambiental da área", informou o shopping.
Além disso, no comunicado, o Center Norte destacou que está cumprindo as demais exigências do TAC e da Cetesb, tal como o monitoramento diário de toda a área do empreendimento. "Deste modo, está garantida a segurança dos frequentadores, lojistas e funcionários", diz o shopping.
Com o cumprimento das determinações dos órgãos públicos, o shopping espera poder voltar a funcionar o "mais breve possível", finaliza o empreendimento no comunicado.