“Empreender com Impacto”: na primeira edição do programa, em 2019, a empresa argentina Épicos, que produz farinhas agroecológicas, foi a vencedora na região (Mercado Livre/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 18h30.
Última atualização em 4 de novembro de 2020 às 20h57.
O Mercado Livre anunciou nesta semana as cinco empresas finalistas da segunda edição de seu programa “Empreender com Impacto” no Brasil.
A iniciativa, que ajuda negócios de impacto da América Latina, oferece capacitação online para empreendedores em suas estratégias de comércio e marketing digital. As empresas participantes concorrem ao Prêmio Empreender com Impacto Latam, que dará aos três finalistas da região 5.000, 10.000 e 20.000 dólares.
Em evento na tarde de terça-feira, 3, a empresa permitiu que as cinco finalistas brasileiras se apresentassem e coroou a Tucum Brasil, que revende artesanato indígena, como a vencedora da fase nacional. Agora, a empresa segue para a competição da América Latina.
No ano passado, a empresa argentina Épicos, que produz farinhas agroecológicas, foi a vencedora na região. Já a Free Soul Food, empresa de alimentação de São Paulo, focada em empregar mulheres imigrantes e pequenas empreendedoras, representou o Brasil na final e foi destaque como menção honrosa.
A Tucum foi fundada pela empreendedora mineira Amanda Santana, de 38 anos. Por meio de seu companheiro, que é antropólogo, a empresária teve contato com os povos indígenas brasileiros da Amazônia. Em uma viagem, ela percebeu que as artesãs indígenas não estavam conseguindo vender seus produtos. Então, trouxe vários na mala e começou a oferecer para sua rede de clientes no salão de beleza em que trabalhava. O sucesso nas vendas a motivou a fundar a primeira loja da Tucum em 2013, no Rio de Janeiro. Nos últimos quatro anos, a marca faturou 2 milhões de reais. Desse total, 1 milhão foi pago às 2.000 artesãs parceiras. Além da compra do artesanato, a Tucum oferece cursos e ferramentas para que as artesãs aprendam a estruturar seus negócios. Agora, a empresa está construindo um marketplace para que as artistas possam vender diretamente seu trabalho aos consumidores interessados. Se ganhar o prêmio do Mercado Livre, a empreendedora disse que usará o capital para capacitar mais 40 grupos indígenas para a venda online.
Maria Claudia Mestriner, fundadora da Looping Kids, plataforma de economia circular para crianças e pais fazerem trocas de brinquedos. A plataforma permite que os usuários ofereçam seus itens a outras pessoas em troca de uma moeda virtual. Essas moedas podem ser usadas no futuro para "comprar" brinquedos oferecidos por outras famílias. Se os clientes não tiverem moedas suficientes para determinada troca, podem comprar mais moedas virtuais com a startup. A empresa está rodando a primeira fase do produto neste segundo semestre de 2020, mas espera chegar a 815.000 usuários no Brasil até 2023.
A Badu é um negócio de impacto social voltado para mulheres em estado de vulnerabilidade social. A empresa treina as mulheres para construir produtos a partir de cintos de segurança e outros resíduos da indústria. O foco é permitir que elas tenham uma atividade produtiva e consigam gerar renda. O negócio foi criado pela empreendedora Ariane Santos e já capacitou mais de 480 mulheres em 20 cidades do Paraná.
Denise Durey, fundadora da Dona Obra, criou a empresa para ajudar mulheres brasileiras a ter moradia adequada. Para isso, a empresa vende "kits de reforma", com tíquete médio de 7.000 a 10.000 reais, parcelados em até 30 vezes no boleto. O kit inclui a elaboração do projeto, o material e a mão de obra. Desde a fundação do negócio, há sete meses, a empresa vendeu sete kits de reforma, gerando 20.000 reais de renda para os trabalhadores da construção civil e 24.000 reais para o comércio local com a compra de material. Com a parceria com uma escola de capacitação, em 2021, a empresa quer gerar 640.000 reais em renda para mão de obra feminina, reformando 156 casas.
Em 2015, a empreendedora Mareilde Freire passou por uma instabilidade financeira e precisou voltar a viver com os pais em seu sítio. Lá, percebeu que a região estava passando por uma falta de água devido ao desmatamento de dois tipos de palmeira, o babaçu e o buriti. Foi então que ela, que já produzia sabonetes artesanais, decidiu fundar a Saboaria Rondônia. O projeto reúne mulheres da região rural de Rondônia para a fabricação de cosméticos usando óleos das duas palmeiras. Para garantir a sustentabilidade do negócio e da região, a empresa se encarrega de semear as sementes das palmeiras em áreas adequadas. Hoje os cosméticos da Saboaria são vendidos no e-commerce próprio da empresa e também no marketplace do Mercado Livre.