Quase metade dos comerciantes consultados pela E-Commerce Brasil planeja contratar transportadoras de grande porte para dar conta da demanda antes atendida pelos Correios (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Leo Branco
Publicado em 19 de agosto de 2020 às 12h13.
Última atualização em 19 de agosto de 2020 às 12h59.
Deflagrada na noite de segunda-feira, 17, a greve dos Correios, estatal de entregas de correspondências e encomendas, já preocupa lojistas de pequeno e médio porte (PME) com presença online. O grupo depende fortemente da logística da estatal para entregar encomendas aos clientes – oito entre dez varejistas PME dependem desse tipo de transporte, segundo pesquisa da Loja Integrada, uma plataforma para criação de sites de vendas.
O temos dos lojistas é de a greve afastar clientes e, na ponta, perder vendas. Numa enquete virtual a 60 varejistas com presença online, feita nesta terça-feira pela E-Commerce Brasil, um portal de fomento ao setor, 75% disseram estar com receio de a paralisação brecar o bom momento vivido pelo comércio eletrônico desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Quase metade dos comerciantes consultados planeja contratar transportadoras de grande porte para dar conta da demanda antes atendida pelos Correios. Outros 16% devem chamar empresas de logística regionais. Há ainda 8% dispostos a fazer eles mesmos a entrega durante a greve.
Entre as alternativas com os mesmos 8% estão, ainda, delegar as encomendas a autônomos de aplicativos de mobilidade como Uber, Rappi e Loggi, usar os serviços de entrega oferecidos por marketplaces como Magazine Luiza e Mercado Livre e, por fim, montar esquemas de retirada dos produtos em lojas físicas.
O que fazer para contornar os percalços logísticos ampliados pela greve? Veja dez dicas elaboradas por Fernando Sartori, fundador Uello, uma startup de logística que usa tecnologia para mapear as melhores rotas ao frete urbano para médias e grandes empresas. A startup tem 120 clientes e realiza mais de 5.000 entregas por dia na Grande São Paulo, de marcas como Dafiti, Arezzo, MMartan, Petz, Carrefour e Mary Kay.
1-Avise os clientes sobre a greve e mudanças no prazo
A preocupação com o tempo de entrega está entre as maiores preocupações dos consumidores. As pessoas querem saber quando o produto chegará, como chegará, como está o processo de entrega. Para evitar prejuízos à marca, informe ao cliente a situação e sobre a necessidade de esticar o prazo.
2-Facilite o que for possível a vida do cliente
O consumidor busca por experiências de compra cada vez mais rápidas e práticas. De acordo com pesquisas da Zendesk, 64% dos consumidores esperam um atendimento em tempo real independentemente do canal e nenhum deles quer repetir suas dúvidas ou problemas a cada vez que entrar em contato com uma loja online. Portanto, se seu cliente já realizou a compra e você não conseguirá enviar pelo serviço dos Correios, o ideal é providenciar uma alternativa de entrega em pouco tempo.
3-Atualize a política de troca e devolução durante a greve
De acordo com a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), em recente estudo, 96% dos comércios eletrônicos ainda não fornecem uma experiência adequada aos clientes, entre eles logística reversa, o que gera vários obstáculos para a fidelização. Neste período é ainda mais importante se preocupar com a política de troca e facilitar este processo.
4-Habilite alternativas de entregas
Startups como a Uello oferecem tecnologias para a definição das melhores rotas de entrega. As principais transportadoras de encomendas do país também estão operando em esquemas especiais para dar conta da demanda elevada. Pesquise o que pode fazer sentido para contornar a paralisação dos Correios.
5-Compare preços de envios
Algumas startups estão ajudando os lojistas com ferramentas e calculadoras de fretes, como é o caso da Melhor Envio, uma plataforma de gestão de fretes que ajuda empreendedores a otimizarem tempo. Na prática, é possível inserir o tamanho do pacote, peso e destinatário. Em segundos, o resultado aparece com uma tabela com valores e diversos meios de envio, o que facilitará para o empreendedor a escolha do melhor caminho para as suas encomendas. Tudo isso sem precisar dos servidores das transportadoras, ou seja, mesmo que a demanda esteja alta e o sistema de alguma delas caia, as lojas integradas à plataforma continuarão com suas cotações funcionando normalmente.
6-Transforme sua loja em um marketplaces ou venda em um
Estar num marketplace como Magazine Luiza ou Mercado Livre pode ajudar o lojista a ver seu produto ter saída usando a estrutura de entrega desses grandes varejistas, já preparada para o cenário de greve nos Correios. Outra possibilidade é transformar a sua loja em uma marketplace, fazendo com que o seu e-commerce esteja em uma rede de soluções para escalar o negócio. Uma vez parte do ecossistema, qualquer loja virtual está automaticamente conectada aos principais marketplaces do mercado e vice-versa.
7-Atente-se às novidades e a normalização
Seja uma fonte confiável nesse momento tão delicado. Isso mostrará o seu interesse em ajudar o consumidor que está buscando informações sobre a situação de greve. O momento exige não só garantir as entregas, mas aumentar a confiança na loja. É possível encontrar atualizações da situação da greve no site dos Correios.
8-Garanta uma experiência pós-venda
A empresa que não avalia ou recebe avaliações de clientes não tem inteligência de dados para saber como atingir ou sensibilizar este usuário. Neste momento de instabilidade, a marca pode ser prejudicada por possíveis atrasos, por isso é importante evidenciar que a empresa está utilizando todos os meios possíveis para garantir a satisfação do cliente.
9- Gerencie riscos e fornecedores
Entenda que o cenário de vendas, de fornecedores e transportadores está instável neste momento. Prever problemas e pensar previamente em riscos operacionais – planejamento - é a melhor forma de se adaptar à situação. Tendo isso em mente, converse com seus fornecedores e tenha planos alternativos para casos de emergência.
10-Habilite opção de retirada ou drive thru
Em alguns casos, o consumidor se interessa em retirar o produto no local e essa pode ser uma alternativa emergencial durante a greve da estatal. No caso das capitais, a entrega pode ser combinada em pontos como estações de metrô ou shoppings e praças. Caso a loja tenha estrutura física, o drive thru também pode ser uma opção para os consumidores que desejam retirar a mercadoria de carro.