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Unicórnio, Betterfly quer crescer no Brasil unindo finanças e meditação

Startup do Chile quer acelerar no Brasil oferecendo benefícios que incentivam exercício físico, meditação e ajudam a organizar as contas

Os irmãos Cristóbal e Eduardo della Maggiora, fundadores da Betterfly (Betterfly/Divulgação)

Os irmãos Cristóbal e Eduardo della Maggiora, fundadores da Betterfly (Betterfly/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 28 de fevereiro de 2022 às 08h14.

É possível ser uma empresa com impacto social e valer 1 bilhão de dólares. Essa é a mensagem que a startup de seguros Betterfly que ver associada ao seu nome. A empresa chilena fechou no início do mês uma rodada de investimentos série C no valor de 125 milhões de dólares, que elevou seu valor de mercado para 1 bilhão de dólares e a colocou no seleto rol de unicórnios latino-americanos. O dinheiro vai para melhorar sua plataforma e avançar na internacionalização. A primeira parada? O Brasil.

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A Betterfly é uma plataforma de venda de seguros que incentiva bons hábitos de seus usuários em troca de maior cobertura no seguro de vida e de crédito para ser usado em doações como água potável, pratos de comida ou mudas de árvore. O foco da startup é o mercado B2B2C – ela vende para as empresas uma plataforma de benefícios para melhorar os hábitos de seus funcionários cobrando uma taxa fixa por colaborador.

Fundada há quatro anos, a empresa começou como um programa de incentivo para exercícios físicos. Na época o nome era Burn to Give e o negócio já tinha como modelo recompensar bons hábitos com moeda virtual para fazer doações. O modelo ia bem, até que chegou a pandemia. “As pessoas não praticavam mais esportes fora de casa e percebemos que precisaríamos mudar nosso modelo e negócio”, afirma Cristóbal della Maggiora, co-fundador e presidente da Betterfly no Brasil.

Foi o pretexto para ampliar o escopo da startup. Em vez de incentivar apenas exercícios físicos, ela passou a recompensar também hábitos como meditação e alimentação saudável, além de oferecer serviço de telemedicina e seguro de vida. Nessa, o nome da empresa também mudou. De Burn to Give – queime para dar, que vem da ideia de queimar calorias – virou Betterfly, uma referência à ideia do efeito borboleta, segundo a qual, o bater das asas de uma borboleta poderia influenciar a formação de um tufão do outro lado do mundo. “Ou seja: pequenas mudanças no seu bem-estar no dia-a-dia podem gerar grandes mudanças no mundo”, afirma della Maggiora.

Em meados de 2021, a Betterfly recebeu aporte de 60 milhões de reais, um série B com fundos de peso como DST Global, Valor Capital e Softbank Latin America Fund. Menos de um ano depois veio a rodada série C. Nessa nova fase, a startup vai focar em ampliar seu escopo para atacar outra dor latente nos países da América Latina: a bagunçada vida financeira de boa parte da população. De olho nisso, a Betterfly passou a oferecer também serviços para gerar “bem-estar financeiro”.

Um exemplo é uma ferramenta tecnológica capaz de gerar adiantamentos de salário. “Na Austrália as pessoas recebem por semana. Aqui a pessoa trabalha um mês para receber, e mutas vezes precisa de crédito nesse período”, afirma o empreendedor. A intenção é usar tecnologia para que seja possível acessar o dinheiro de dias já trabalhados antes do pagamento, e assim evitar o endividamento e melhorar a organização financeira dos usuários.

Já a expansão geográfica começa pelo Brasil. O país foi o segundo a ter uma operação da Betterfly depois do Chile. Mas até agora a startup esteve aqui em “soft openning”, atendendo à demanda espontânea de empresas que de alguma forma ouviram falar da plataforma – hoje são 50 empresas clientes aqui, ante 2.500 no Chile. A partir de março, a ideia é acelerar. “Acreditamos que o que está funcionando no Chile pode funcionar também no Brasil, vemos um fit entre o que o Betterfly pode oferecer e o que o país precisa”, afirma. A Betterfly já tem uma equipe de 90 pessoas no Brasil, com perspectiva de chegar a 150 até o final do ano.

Para esse ano, a meta da empresa é fincar bandeiras em outros sete países: México, Colômbia, Argentina, Peru, Equador, Panamá e Costa Rica. Em 2023, a expansão inclui Estados Unidos, Portugal e Espanha.

A atuação da Bettefly no Brasil tem o reforço de uma parceria com a seguradora Icatu. Pelo acordo, elas oferecem um seguro de vida dinâmico: à medida que os usuários da plataforma realizam práticas saudáveis, como exercícios físicos e meditação, o valor da proteção aumenta automaticamente e também se transforma em doações sociais.

A startup pretende em breve oferecer soluções que vão além do seguro de vida. Um exemplo é o que a empresa fez no Chile. Por conta da pandemia, as empresas chilenas precisaram oferecer um seguro contra covid para seus funcionários. “Nós vendemos esse seguro e, para cada funcionário segurado, dávamos um seguro para quem não era empregado de nenhuma companhia”, diz.

A abordagem está em linha com a pegada social da startup. A Betterfly tem o selo de Empresa B, que identifica companhias que visam como modelo de negócio o desenvolvimento social e ambiental. “Com isso estamos dizendo ao mundo e aos nossos acionistas que colocamos os pontos econômicos no mesmo nível que as questões sociais e de meio ambiente. Por isso nos chamamos de unicórnio social”, diz.

Na visão do empreendedor, esse é um modelo que veio para ficar e que tem ganhado espaço entre os investidores. “Eles veem que estamos gerando um grande negócio, que estamos vendendo seguro para pessoas que nunca antes quiseram comprar um seguro. As empresas vão mudar a forma como seus negócios são feitos, e é possível ter uma empresa de sucesso, lucrativa, e ao mesmo ter grande impacto no mundo”.

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