Restaurantes: cerca de 51% estão trabalhando com menos da metade dos funcionários que tinham antes da reabertura (Amanda Perobelli/Reuters)
Karin Salomão
Publicado em 25 de setembro de 2020 às 17h36.
Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 17h46.
Dos mais de 1 milhão de bares e restaurantes que existem no Brasil, cerca de 250.000 fecharam as portas de vez por causa da pandemia do novo coronavírus. Na cidade de São Paulo, 20.000 dos mais de 70.000 estabelecimentos existentes fecharam, de acordo com uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), entre os dias 18 e 20 de agosto em todo o Brasil.
Em Belo Horizonte, onde o isolamento foi mais demorado, a proporção é maior. 4.000 dos 12.000 bares e restaurantes, ou um a cada três, deixou de operar até agosto. O mesmo aconteceu na cidade do Rio do Janeiro: 30% dos estabelecimentos deixaram de funcionar, ou 3.000 dos 10.000.
Atualmente, 73% dos bares e restaurantes no Brasil já retomaram as atividades, seguindo as restrições de cada prefeitura ou estado, segundo a Abrasel. Desses, 18% estão atuando só com delivery ou comida para viagem. Cerca de 38% estão com serviço à la carte e só 21% funcionam com o bufê.
O faturamento está menor do que o esperado para 71% dos empreendimentos. As receitas estão em queda, uma vez que parte dos gastos dos consumidores se reduziu: para 39%, o tíquete médio por compra está igual ou maior do que antes da pandemia. Ou seja, 61% dos consumidores estão gastando menos.
Com a queda nas receitas, também cai o número de vagas oferecidas pelos bares e restaurantes. Cerca de 51% estão trabalhando com menos da metade dos funcionários que tinham antes de a reabertura ser permitida e 64% não pretendem voltar a contratar no momento, mesmo com o retorno às atividades.
O setor de bares e restaurantes é marcado por empresas familiares e pequenas, normalmente sem um capital de giro fortalecido. 89% dos estabelecimentos se enquadram em micro ou pequena empresa e têm um faturamento de até 4,8 milhões de reais por ano.
Os restaurantes também sentiram uma grande dificuldade de tomar um empréstimo para manter empregos ou manter o negócio operando. Do total de entrevistados, 78% tentaram um empréstimo e destes 43% não conseguiram.
Dos que conseguiram algum capital de giro, 56% foi por meio da linha do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), liberada em grandes bancos brasileiros, e 14% por meio da linha do BNDES para pagamento de salários.