PME

Startup que substitui Correios lança solução para microempreendedores

A Pegaki, criada em 2016, oferece entregas para grandes comércios eletrônicos. Agora, atenderá quem tem até 20 encomendas por dia

João Cristofolini (CEO) e Daniel Frantz (COO), da Pegaki: startup já realizou 50 mil entregas para grandes e-commerces (Pegaki/Divulgação)

João Cristofolini (CEO) e Daniel Frantz (COO), da Pegaki: startup já realizou 50 mil entregas para grandes e-commerces (Pegaki/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 12h58.

A startup de logística Pegaki cresceu dando aos clientes a opção de retirarem seus produtos em locais próximos à sua residência -- uma estratégia que gigantes como a Magazine Luiza já praticam por meio da disseminação de suas lojas. Agora, a Pegaki busca expandir fazendo o movimento contrário: ajudar microempreendedores a terem mais opções ao despacharem seus produtos.

A Pegaki contou de forma exclusiva a EXAME que lançará um serviço de drop off points, ou pontos de deixa da mercadoria pelos quais transportadoras passarão. Para isso, a startup de logística aproveitará sua estrutura de 600 pontos parceiros. O objetivo é oferecer mais uma opção aos microempreendedores para o despacho de suas encomendas. Eles dependem principalmente da estatal Correios, que enfrenta uma greve de funcionários.

Até o final do ano, a Pegaki projeta atender 1.000 microempreendedores -- valor que pode aumentar com a expansão dos pontos e com a negociação de um novo investimento para a startup de logística.

Do grande ao micro

Os empreendedores João Cristofolini, Ismael Costa e Daniel Frantz fundaram a Pegaki no final de 2016. Com sede em Blumenau, o negócio surgiu inicialmente com a necessidade de atender à demanda de Frantz, que tinha um e-commerce e muitos problemas para lidar com insucesso de entregas e da logística reversa (devoluções de produtos).

De acordo com Cristofolini, esse é o obstáculo de muitos. Cerca de 20 milhões de pedidos online por ano teriam insucesso em suas entregas – pelos destinos estarem em área de risco ou os solicitantes não estarem em casa no momento, por exemplo. Mesmo assim, no último ano o comércio eletrônico teve um faturamento de 53,2 bilhões de reais, alta de 12%.

De lá para cá, a Pegaki realizou 50 mil entregas -- comuns ou de logística reversa -- para grandes comércios eletrônicos, como Dafiti (moda), Printi (impressão) e Wine (vinhos). O negócio faz hoje de 10 a 20 mil entregas mensais.

Os consumidores podem pegar suas encomendas em 600 pontos de retirada, como lavanderias, lojas de conveniência, mercados, padarias e papelarias. Esses pontos são estabelecimentos comuns, que não precisam investir em infraestrutura para as entregas, como armários. O consumidor vê qual o estabelecimento listado mais próximo e pede para retirar o produto lá.

O e-commerce paga de R$ 1,50 a R$ 2,50 por encomenda (depende da negociação) e o ponto de retirada recebe R$ 0,50 por entrega realizada e ganha maior tráfego de pessoas. Por fim, o usuário final não precisa esperar diversos dias para ter seu produto em mãos.

Agora, a Pegaki quer aproveitar os mesmos pontos de retirada para realizar coletas de encomendas de microempreendedores. Seus alvos são os pequenos comércios eletrônicos, que possuem até 20 pedidos por dia e não são atendidos por transportadoras por conta do baixo volume. 

Os microempreendedores poderão levar as caixas a um ponto de coleta da Pegaki. Uma transportadora irá retirar as encomendas e entregá-las aos consumidores finais. A microempreendedor paga para a transportadora e esta repassa uma comissão à Pegaki. “Consolidamos vários comércios eletrônicos em único ponto de entrega, o que torna atender pequenos um negócio interessante para a transportadora”, afirma Cristofolini.

O objetivo não está em preços menores do que os praticados pelos Correios, mas em fazer os empreendedores terem alternativas mais flexíveis de logística. “Queremos dar opções de entrega que vão além do horário comercial -- temos pontos de coleta que funcionam 24 horas ou aos finais de semana -- e que possam chegar mais rápido ao consumidor final, sem interferência de greves ou aumento inesperado de fretes.”

O serviço de drop off points começará na cidade de São Paulo, mas a Pegaki possui pontos em diversos estados. Até o final deste ano, a startup de logística espera atender 1.000 pequenas lojas virtuais.

Para 2020, a Pegaki projeta chegar a três mil pontos de coleta e a uma média de 150 mil entregas mensais, sejam elas de grandes ou pequenos comércios eletrônicos. O crescimento pode ser ajudado por uma rodada de investimentos com fundos, negociada pela Pegaki ainda para este ano. O negócio já captou 1,6 milhão de reais em aportes.

A luta pelos menores

O Brasil tem mais de 19 milhões de negócios ativos e as pequenas e médias representam mais de um quarto do produto interno bruto do país. É um mercado que atrai muitas startups, das fintechs até o marketing digital

Apenas na logística para microempreendedores, a Pegaki não é a única. A Mandaê, por exemplo, captou 25 milhões de reais no ano passado para seu serviço de coleta, embalagem e transporte de produtos empresariais. 

Segundo Cristofolini, o diferencial da Pegaki é sua rede crescente de pontos de coleta convenientes e a startup poderá atuar em colaboração com outros negócios, como o unicórnio de entregadores Loggi.

A depender do tamanho do mercado de PMEs e de comércio eletrônico, oportunidade não faltará para diversas startups crescerem -- como a própria Pegaki.

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