Raio-X: por se especializar na leitura de exames comuns, a tecnologia da startup pôde ser utilizada pelos médicos na triagem de pacientes com covid-19 (Ron Levine/Getty Images)
Carolina Ingizza
Publicado em 24 de março de 2021 às 10h00.
Última atualização em 24 de março de 2021 às 11h38.
A startup brasileira NeuralMed anuncia nesta quarta-feira, 24, ter recebido um aporte de 3,2 milhões de reais liderado pelas gestoras Alexia Ventures, Norte Ventures, MG Tech e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Responsável por uma tecnologia que ajuda médicos e hospitais a fazer a triagem de pacientes, a empresa planeja usar o capital para aprimorar suas ferramentas e expandir internacionalmente.
O negócio foi fundado em 2018 pelo economista Anthony Eigier e o radiologista André Castilla para ajudar médicos a organizar a fila de pacientes e ganhar agilidade no diagnóstico. Com uma inteligência artificial própria, a empresa consegue analisar resultados de exames comuns, como radiografias e tomografias do tórax, e indicar para o profissional de saúde a presença ou não de anomalias nos resultados.
“Nosso objetivo é gerar eficiência dentro do sistema de saúde. Infelizmente não há especialistas suficientes para ler o volume de exames que são feitos, então usamos inteligência artificial para agilizar o processo”, diz Eigier, presidente da startup.
Hoje, os hospitais clientes têm usado a solução da NeuralMed em duas frentes. A primeira é para a reorganização da fila de urgência. Enquanto os pacientes do pronto-socorro fazem os exames, a tecnologia da startup aponta quais pessoas estão com o pior quadro e se beneficiariam de atendimento prioritário. O Hospital Estadual Vila Alpina, de São Paulo, por exemplo, reestruturou seu fluxo de atendimento no último ano usando a solução da empresa.
A segunda área de atuação da startup é a análise de laudos médicos. Sua tecnologia analisa os relatórios escritos pelos médicos e extrai os dados mais importantes do diagnóstico. Com isso, os hospitais e clínicas conseguem informações para fazer uma análise de doenças mais comuns na região, controle de qualidade do atendimento e acompanhamento da evolução dos casos.
Como sua tecnologia foi treinada para analisar exames de imagem do pulmão, a startup ganhou muito espaço durante a pandemia de coronavírus. O BID patrocinou a empresa por um ano para que ela pudesse oferecer seus serviços gratuitamente a hospitais. No final do ano passado, ela estava atendendo seis grupos hospitalares. Agora, com o aporte, planeja ter pelo menos 20 hospitais clientes na sua base até o final do ano.
“O dinheiro é bem-vindo para nos ajudar a aumentar o time de vendas e de acompanhamento dos clientes”, diz Eigier. Hoje, a companhia emprega 15 pessoas, das quais dez foram contratadas após a rodada de investimento. Até então, a empresa usava cerca de 2 milhões de reais captados com amigos e familiares para se manter. Com esse novo impulso financeiro, projeta crescer 700% até 2025, analisando mais de 1 milhão de exames por mês em diversos países.