São Paulo - Histórias de empreendedores costumam aparecer quando eles já alcançaram o sucesso. Mas como é a jornada para criar uma startup, partindo do zero, no Brasil? Para responder essa pergunta, a equipe do aplicativo InEvent decidiu filmar todos os seus passos. O resultado foi uma web série sobre o dia a dia da startup, atualizada toda terça-feira, às 19h (horário de Brasília; veja a playlist no YouTube).
"Quando a pessoa quer empreender no Brasil, é tudo muito focado em motivação. E não é só a motivação que leva o negócio para frente: é preciso resiliência, dedicação, ser organizado", conta Pedro Góes, CEO da startup. "A pessoa que começa a empreender agora cria um app e acha que, depois de um tempo, ele já vai explodir. Queríamos mostrar como que realmente isso é feito".
Para Góes, ter um país empreendedor é uma necessidade. "Pretendemos ajudar outras pessoas a se destacarem e alcançarem o sucesso de uma forma não tão difícil quanto foi para a gente. O empreendedorismo fará com que a gente supere a crise e se torne um país melhor", afirma o CEO.
Além de mostrar como é criar e manter uma empresa inovadora, os vídeos surgiram para mostrar o modo de trabalho do negócio. "Nosso capital financeiro não é dos maiores, porque somos uma empresa nova, mas somos um negócio transparente, remoto. A cultura de estar sempre aprendendo e se sentir engajado é algo muito bom na InEvent, que as pessoas amam".
Ao todo, a InEvent conta com 12 membros, distribuídos por São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Portugal e Espanha. Segundo o empreendedor, ter uma equipe espalhada só beneficia a produção dos vídeos. "O vlog é legal porque mostramos vários cenários do nosso dia a dia. Eu posso estar aqui trabalhando no escritório, mas meu sócio pode estar vendo uma paisagem bonita, por exemplo". O time da InEvent curtiu a ideia do vlog e, agora, os próprios membros se mobilizam para participar, gravando trechos e compartilhando nas redes sociais, conta Góes.
Já do lado dos usuários, a reação foi positiva e algumas táticas foram adotadas, como a redução do tempo de cada vídeo, para atrair um público maior. "As pessoas gostam de ver uma história que seja interessante e de participar. Realmente sentimos que, com o tempo, teremos mais pessoas engajadas".
Mas será que todo negócio deve seguir esse caminho? Depende da cultura da empresa. "A idade média da InEvent é de 21 anos. Não vemos televisão, mas sim vídeos no YouTube. A gente sente que está nesse meio, é algo que faz sentido para a gente. Não vejo isso acontecendo numa empresa de 45 anos de idade, por exemplo. Esse negócio pode investir em outras estratégias de marketing digital".
Veja, a seguir, o novo capítulo do vlog da InEvent, lançado exclusivamente com Exame.com:
https://youtube.com/watch?v=bmIzQ-477Ng
História
Em 2013, Góes cursava a graduação na Universidade de São Paulo em São Carlos, onde fica hoje a sede da empresa (ele continua estudando, no curso de Sistemas da Informação). Após o pedido de criação de um site para um evento, surgiu a ideia de ter um aplicativo que ajudasse a tornar esses encontros mais eficientes, tanto do lado do participante quanto da organizadora e dos patrocinadores.
Assim nasceu a ideia da InEvent, que fez seus primeiros testes dentro da faculdade. "O objetivo é facilitar a conexão e a interação entre as pessoas em eventos. Percebemos que há uma falta de dados e as pessoas não sabem muito o que fazer", diz Góes. "Fomos crescendo. Entrou outro sócio, o Vinicius Neris, e também nosso diretor de tecnologia, Maurício Giordano" (ver na foto).
No ano seguinte, os empreendedores ganharam uma aceleração em Lisboa (Portugal), pelo Lisbon Challenge. "Ficamos três meses. Foi bem legal, porque foi a primeira vez que realmente estávamos juntos o tempo todo", diz Goés.
Após a aceleração, a InEvent ainda procurava clientes. Por meio de um contato, o aplicativo foi usado no evento para empreendedores Epicentro. A indicação trouxe novos clientes e, hoje, a startup faz de dois a três eventos por semana. Sobre o assunto, Góes ressalta que é essencial para toda startup ter um conselheiro: uma pessoa que acredite no que é feito, que esteja ali para falar o que está errado e também abra portas.
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1. Para uma startup de sucesso
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São Paulo - Montar uma
startup e ter sucesso com ela não é uma missão simples. Para ajudá-lo nesta tarefa, EXAME.com consultou especialistas que elencaram as principais dicas para quem está começando a trilhar este caminho. Os conselhos abrangem assuntos que vão do amadurecimento da sua ideia de negócio até a melhor forma de buscar ajuda de investidores. Veja as dicas nas fotos acima.
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2. 1 – Critique a sua ideia
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Se você teve uma ideia de negócio para uma startup, precisa estar preparado para colocá-la à prova. “É importante o empreendedor tentar entender se essa ideia é consistente, se existe um mercado para isso e se as pessoas estão dispostas a pagar por aquilo”, afirma Giuliano Baptistella, COO da Gema Ventures, uma aceleradora de startups. Como fazer isso? Converse com o máximo de pessoas possíveis e coloque-se na pele do seu possível cliente, tente imaginar como ele se comportaria usando esse produto e busque identificar se aquela solução vai de fato facilitar a vida dele. Essa é a fase de validação da sua startup.
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3. 2- Seja flexível e, ao mesmo tempo, persistente
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Ao criticar a sua ideia, você provavelmente vai precisar fazer ajustes para que ela amadureça. Portanto, não se apegue. “Você vai consultar as pessoas e, a partir dos feedbacks que receber, vai precisar adaptar seu produto. Sendo assim, você não pode ter aquele apego muito forte ao seu negócio”, afirma Luisa Ribeiro, CEO da Gema Ventures. Porém, ao mesmo tempo em que o empreendedor deve ter flexibilidade, ele também precisa ser persistente – e muito. “Se perceber que sua ideia não é tão boa assim, não precisa desistir. O empreendedor precisa ser resiliente, ter garra para continuar”, ressalta.
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4. 3 – Conheça suas limitações
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Não queira colocar sua ideia em prática sozinho. “Quando você tem uma ideia, deve pensar: Quem vai fazer isso comigo?”, afirma Marcilio Riegert CEO da aceleradora Start You Up. Segundo Riegert, é importante buscar pessoas que te complementem, ou seja, que tenham habilidades que você não tem. Outra coisa: essas pessoas precisam estar engajadas com o projeto. “A equipe precisa estar jogando junto, precisa querer fazer acontecer”, resume.
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5. 4 - Resolva os problemas como se fossem seus
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A máxima “Trate os outros como gostaria de ser tratado” também vale para os negócios. Frederico Flores, consultor e CEO da startup Ecommet, recomenda que, para ter sucesso com a sua startup, você precisa “resolver o problema dos outros da mesma forma que gostaria que resolvessem os seus”. “Essa máxima tem norteado todas as nossas ações na E-commet, e com isso conseguimos ótimos resultados. A gente se coloca no lugar do cliente e vê como gostaríamos que aquilo fosse feito. Um conhecimento avançado do seu produto e do seu público é o que resume esse princípio. Não faça simplesmente o que o mercado está fazendo”, aconselha.
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6. 5 - Mantenha o foco
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Focar sua energia no seu produto inicial é uma das chaves para não se perder no começo da sua startup. “No início, você tem pouco recurso, poucos clientes e pouco nome no mercado. Se começar a atirar para todos os lados, isso será muito prejudicial. É melhor focar e uma ou duas coisas que você faz melhor”, recomenda Flores. Isso não significa que você não poderá diversificar seus produtos no futuro. “Depois que estiver mais desenvolvido, com mais clientes e mais nome no mercado, você pode começar a ir para outros produtos”, afirma o empresário.
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7. 6 – Valorize os talentos
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O CEO da Ecommet conta que, no início, sua startup não tinha dinheiro para valorizar os bons profissionais com aumento salarial. Assim, a empresa buscou outras formas de reter esses funcionários. “Oferecemos um ambiente de trabalho super agradável, com videogame e sala de jogos. A ideia era: faça seu próprio horário e venha com a roupa que quiser”, conta. “Em sua jornada, você vai encontrar pessoas ruins, pessoas medianas, e algumas muito boas. Essas precisam ser valorizadas, seja com dinheiro, seja com um ambiente favorável para trabalharem”, resume Flores.
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8. 7 – Controle suas contas com rigor
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O início de uma startup costuma ser um tempo de vacas magras. Sendo assim, para fazer com que sua empresa sobreviva, a dica é: economize ao máximo. Verifique a necessidade de cada gasto e, se necessário, dispense serviços que considerar supérfluos. “Se você não pode contratar uma faxineira, peça a colaboração da equipe para manter o local de trabalho limpo”, sugere Frederico Flores da Ecommet. Além de economizar, é preciso saber separar as suas contas pessoias das contas da empresa. “É comum acontecer dos donos de um negócio tirarem dinheiro da empresa para gastos pessoais. E se o custo de vida dele aumenta, às vezes ele tira mais dinheiro. Isso é muito cancerígeno para a empresa”, afirma Flores.
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9. 8 – Torne-se conhecido
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Investir em marketing é fundamental. E para startups em início de carreira, as redes sociais e mídias digitais podem ser um bom caminho, já que são mais baratas do que as mídias tradicionais. “Não adianta você criar um produto fantástico e as pessoas não saberem que ele existe. Então é preciso divulgar, comunicar, as pessoas precisam te achar”, ressalta Luisa Ribeiro, CEO da Gema Ventures.
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10. 9 – Não tenha pressa de buscar investidores
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Não é uma boa ideia buscar investidores numa fase muito inicial da startup, aconselha Luisa. “É preciso lembrar que cada investimento é um percentual da empresa que você está entregando para alguém. Você deve buscar em primeiro lugar gerar receita própria, e aí buscar dinheiro de investidor para um plano específico”, afirma a CEO da Gema Ventures. Outra dica é buscar investimentos apenas quando houver um objetivo claro do que fazer com o dinheiro. “Vemos muitos empreendedores querendo o dinheiro como um fim”, afirma.
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11. 10 – Quer dinheiro? Mostre resultados
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Depois que você já amadureceu a sua ideia e conseguiu andar com as próprias pernas por um tempo, pode ser o momento de buscar investimento fora. E como fazer isso? “Mostre resultado. Não adianta apresentar um conceito para o investidor brasileiro, ele não está acostumado”, afirma Marcilio Riegert da aceleradora Start You Up. O investidor quer saber como o dinheiro dele vai render ali, ele precisa visualizar que aquele valor pode ser multiplicado, lembra Riegert.
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12. Veja agora dicas para largar o emprego
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