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Startup fatura R$ 16 milhões por ano vendendo móveis artesanais online

A brasileira Muma, criada em 2014, tem uma plataforma online que conecta consumidores a designers de móveis autorais

 (Guilherme Vitarelli/Muma/Divulgação)

(Guilherme Vitarelli/Muma/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 1 de novembro de 2020 às 08h00.

A pandemia do novo coronavírus foi propulsora do e-commerce brasileiro. Isoladas em casa, as pessoas passaram a comprar mais online. Segundo pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) em parceria com o Movimento Compre&Confie, de janeiro a agosto de 2020 o comércio eletrônico brasileiro alcançou a marca de 41,92 bilhões de reais em vendas, 56,8% a mais que em 2019.

Empresas especializadas em vendas online se beneficiaram da alta. Uma delas é a startup Muma. Criada em 2014, a companhia gerencia um marketplace de vendas de móveis artesanais no Brasil — segmento que também foi favorecido pelo isolamento social, com consumidores buscando deixar suas casas mais confortáveis e adaptadas para o home office.

No terceiro trimestre, o faturamento da startup cresceu cerca de 130% ao mês em relação ao mesmo período de 2019. O número de fornecedores que vendem pela plataforma também passou de 70 para 90 em setembro. Com isso, a empresa projeta terminar o ano faturando 16 milhões de reais.

Como funciona

A Muma nasceu para tentar mudar a forma que os móveis personalizados eram comercializados. A startup administra um e-commerce, onde revende peças de grandes fabricantes brasileiras, e um espaço de marketplace, em que pequenos designers e marceneiros podem oferecer seus produtos. Nesse último caso, a empresa cobra uma taxa por venda realizada.

“Queríamos ser a ponte entre o designer e o cliente final, para que o artista pudesse focar no que ele é bom, deixando a gente se encarregar da comunicação com os clientes”, diz Matheus Ximenes Pinho, fundador e presidente da Muma.

Como as vendas feitas exclusivamente online, a startup consegue oferecer preços mais competitivos que no varejo físico. O que não significa que seus produtos sejam baratos. Diferentemente de competidoras como Mobly e MadeiraMadeira, focadas num público amplo, a Muma se especializou no público de classe A.

Outra característica particular da sua operação é a adoção de um modelo logístico chamado de dropshipping, no jargão do mercado. Na prática, isso significa que o produto é vendido no site da Muma, mas despachado para entrega direto da fabricante — economizando tempo, espaço de armazenamento e dinheiro com o frete.

Trajetória do negócio

A Muma foi idealizada pelo arquiteto Matheus Ximenes Pinho. Enquanto conciliava um trabalho em um escritório de arquitetura de Recife com funções administrativas no brechó online Enjoei, o empreendedor percebeu que havia espaço no mercado para uma solução que facilitasse a compra e venda de móveis artesanais para a classe A. “Eu ainda via muitos clientes indo para São Paulo ou Miami em busca de móveis”, conta.

Sua experiência de três anos de trabalho no Enjoei, onde foi o primeiro funcionário, o preparou para a dinâmica da venda online. Em 2014, após dois anos de estruturação da ideia, o arquiteto conseguiu colocar a Muma no ar com um investimento próprio de 10.000 reais. Um ano depois da operação começar, Carol Lumack e Diego Ortiz entraram no negócio, assumindo, respectivamente, as área de finanças e tecnologia.

Segundo Pinho, o que impulsionou a startup a chegar até o patamar atual foi o período de incubação da empresa no Porto Digital, parque tecnológico de Recife. “Eles abriram minha cabeça sobre o quanto a startup poderia crescer e escalar”. Ao todo, a Muma passou 18 meses dentro do Porto e foi apresentada ao ecossistema de inovação de Pernambuco e do Brasil.

Em 2016, os sócios procuraram fundos de investimento para financiar a abertura de uma loja física. O objetivo do espaço seria dar mais credibilidade para a marca nos principais mercados do país. No ano seguinte, com um aporte de 2 milhões de reais em mãos, a startup abriu sua loja em São Paulo e outra em Recife. “O modelo com guide shop tem sido extremamente promissor, as lojas físicas impulsionaram em 200% as vendas do negócio”, afirma Pinho.

Agora, aproveitando o crescimento impulsionado pela pandemia, a Muma estuda a possibilidade de buscar um novo aporte em 2021. Os objetivos da empresa para o ano que vem são reformular o site, criar um serviço de assessoria de decoração online e abrir mais duas lojas físicas — todos projetos que pedem investimentos altos.

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