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Start-Up Chile é ou não um caso de sucesso, afinal?

É raro um programa governamental chamar a atenção de empreendedores e governos ao redor do mundo

Start-up Chile (Divulgação/Start-up Chile)

Start-up Chile (Divulgação/Start-up Chile)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2014 às 08h00.

É raro um programa governamental chamar a atenção de empreendedores e governos ao redor do mundo, mas o Start-Up Chile não é uma iniciativa governamental qualquer.

O programa, lançado em 2010, garante US$ 40 mil a empreendedores que se mudam para o Chile por seis meses e criam um novo negócio lá. No começo do programa foi uma das poucas iniciativas no mundo que ofereciam apoio financeiro a empreendedores sem capital próprio. Desde então, o programa inspirou ações similares, como o Start-Up Brasil e o argentino Incubar.

O Start-Up Chile já incentivou mais de 800 empresas e, em junho, o programa de aceleração anunciou a escolha da “Geração Dez”, o último grupo (de quase 100 Start-Ups) que estão começando o programa.

Apesar de muitos terem elogiado o programa por seu modelo inovador, poucos consideram seu sucesso suficiente para transformar o Chile em um polo de empreendedorismo e inovação. Agora que o programa tem quatro anos de idade, já é possível avaliar certos aspectos da iniciativa e seu desempenho.

PERSPECTIVA 1: O START-UP CHILE DEIXA A DESEJAR

Uma nova pesquisa sobre os números do Start-Up Chile mostra que o programa tem tido resultados bastante fracos. Depois dos primeiros seis meses dentro do programa, quase 80% dos empreendedores participantes deixam o país, sendo que 34% deles seguem para os Estados Unidos.

Um recente artigo do TechCrunch apontou os motivos para isso acontecer. De acordo com muitos empreendedores da região, o ecossistema empreendedor chileno ainda não tem os recursos necessários para manter empresas jovens vivas. “Você tem o Start-Up Chile e o capital de risco, mas nada entre eles”, comentou o investidor chileno Cristóbal Silva, da Fen Ventures. “Nós temos diversas empresas nesses programas de incubação, mas o problema é que eles duram seis, oito, doze meses, mas e depois?”, concluiu.

Além disso, das mais de 800 empresas que já fizeram parte do programa, poucas conseguiram levantar novas rodadas de investimento de capital de risco, algo importante para um crescimento contínuo e bem-sucedido.

Os sites do Start-Up Chile e seus parceiros apenas destacam algumas das empresas participantes, como a Taggify, o Safer Taxi e o Dentalink, que receberam investimentos além do Start-Up Chile ou outras iniciativas do governo chileno. Até o ano passado, apenas 12,7% das empresas que participaram do programa receberam investimentos adicionais.

PERSPECTIVA 2: SINAIS DE UMA MUDANÇA CULTURAL

De acordo com o governo chileno, o objetivo do Start-Up Chile é fomentar um espírito empreendedor que irá combater a cultura tradicionalmente avessa a riscos dos chilenos.

Um exemplo desse trabalho pode ser visto através do crescimento no número de chilenos participantes do programa. Apenas 10% dos primeiros candidatos do Start-Up Chile eram chilenos.

Agora, 29% da “Geração Dez” são constituídos por chilenos de origem. Para que este crescimento fosse construído ao longo dos anos, foi exigido que os participantes do Start-Up Chile se envolvessem com a população local. Os empreendedores apoiados pelo programa devem se encontrar com empreendedores locais, falar em eventos e realizar workshops, por exemplo.

“Por causa do objetivo social, o governo não espera um impacto econômico em um curto prazo”, explicou Horácio Melo, Diretor Executivo do Start-Up Chile. “Se você olhar o Start-Up Chile através de uma perspectiva maior, verá que atraímos empreendedores de todas as partes do mundo para começarem seus negócios aqui. Nós pedimos ajuda, porque queremos ter certeza que alcançarão um impacto cultural em curto ou médio prazo. E, por causa desse impacto cultural, nós queremos os chilenos tenham o impacto econômico esperado no longo prazo”, concluiu.

CONCLUSÃO

O sucesso inicial do Start-Up Chile é uma questão de perspectiva. Se você valoriza a criação de empregos e empresas locais, então o programa parece não produzir resultados muito convincentes. Se você valoriza a mudança cultural, então alguns indicadores deste tipo de impacto podem ser vistos. À medida que a primeira fase do programa (de quatro anos) termina, acredita-se que o governo lançará uma avaliação detalhada do seu trabalho, incluindo dados sobre ambas as áreas discutidas acima.

Para conhecer mais sobre o Start-Up Chile, acesse: www.startupchile.org/

Artigo originalmente publicado e gentilmente cedido pela Endeavor Insights.

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