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Como nascem as novas ideias nas empresas

Em Practically Radical, o americano William C. Taylor defende que, para ter novas ideias, é preciso olhar para uma situação familiar como se fosse a primeira vez

Livro Practically Radical, do americano William C. Taylor

Livro Practically Radical, do americano William C. Taylor

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2011 às 08h00.

Procure livros sobre inovação na loja virtual Amazon. Você irá se deparar com mais de 40 000 títulos, boa parte deles repetitivos relatos de ícones como Apple e Microsoft. Practically Radical, do consultor americano William C. Taylor, traz o que uma publicação a respeito do tema tem a obrigação de mostrar: ideias e histórias realmente novas.

O autor não se restringiu a estudar empresas tradicionais e destrinchou como uma orquestra, um grupo de escoteiros e outras organizações enfrentaram, com criatividade, desafios — ou mesmo como buscaram pontos de vista originais sobre problemas conhecidos.

“O único jeito de se destacar no mundo competitivo de hoje é fazer algo diferente ou especial”, diz ele. “E isso pode acontecer em qualquer setor ou atividade.”

Taylor foi um dos fundadores, em 1995, da revista americana Fast Company, que quebrou paradigmas no mercado editorial nos primeiros tempos da internet e foi vendida por 340 milhões de dólares seis anos depois do lançamento.

Um dos personagens de Practically Radical é Ron Noble, secretário-geral da Interpol, organização internacional que ajuda na cooperação de polícias de diferentes países. Ao assumir o cargo, em 2000, Noble era uma grande novidade em vários sentidos: o mais jovem da história — 44 anos —, o primeiro americano e o primeiro negro.

Para completar, tinha uma trajetória atípica em comparação aos antecessores, todos policiais de carreira.


Formado em direito pela Universidade Stanford e fluente em quatro idiomas, ele parecia ter mais afinidade com a diplomacia do que com delegacias e prisões.

Para Taylor, essas características permitiram a Noble enxergar com clareza os problemas da instituição — aspectos corriqueiramente tidos como imutáveis por aqueles que já estão dentro da engrenagem.

A Interpol antes era uma organi­zação burocrática. Nenhuma missão era considerada suficientemente urgente para quebrar a rotina dos escritórios, que funcionavam apenas no horário comercial. Noble criou um centro operacional que funciona sem parar e percorreu 140 países para conquistar aliados em tornar a instituição mais ágil.

Em dez anos, as prisões efetuadas pela Interpol triplicaram. As mudanças adotadas por Noble são um exemplo do que o autor chama de vuja dé.

Trata-se de um conceito oposto ao déjà vu, aquela sensação de já ter vivido determinada situação que, na realidade, é inédita. O vuja dé ocorre quando se consegue enfrentar uma situação familiar com o frescor da primeira vez — um comportamento essencial para inovar.


Outra das histórias incluídas no livro é a do designer de sapatos canadense John Fluevog, que tem celebridades como Madonna e o grupo Black Eyed Peas entre os clientes assíduos.

Mesmo consagrado e bem-sucedido, Fluevog arriscou fazer todo o seu negócio de um jeito diferente. Abriu a empresa para receber desenhos amadores, com a promessa de que os melhores poderiam vir a ser produzidos.

Cerca de 300 projetos finalistas foram submetidos à votação no site da grife, dos quais 12 entraram na linha de produção — entre eles os de talentos que depois passaram a frequentar o mundo da moda, como a roteirista Nastassia Pojidaeva, de Moscou.Uma conclusão a que Taylor chegou após visitar 25 organizações inovadoras, entre elas a brasileira Magazine Luiza, é que as transformações não costumam acontecer naturalmente.

Na maioria das vezes, são desencadeadas por crises. Na própria Interpol, o que impulsionou a visão de Noble foram os atentados de 11 de setembro de 2001. Para o autor, não existe uma fórmula secreta na inovação: o primeiro — e certamente mais difícil — passo é, sempre, a vontade de mudar.

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