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Seu maior concorrente pode estar dentro da sua empresa

Descubra 3 formas de reduzir problemas de atritos entre áreas, pois esse é um dos mais perigosos problemas que uma empresa pode enfrentar

Executivo com raiva (Getty Images)

Executivo com raiva (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2014 às 14h13.

As empresas são imperfeitas por natureza, afinal elas são feitas por pessoas, e pessoas são movidas por sentimentos. Em toda organização sempre existem disputas, ambições, vaidades, inseguranças, um cenário que pode comprometer seriamente a performance do negócio.

Um dos mais brilhantes executivos com quem eu já trabalhei costumava dizer que o problema não estava nas áreas da empresa, mas sim entre as áreas da empresa. Todo gestor sabe que uma parte importante do seu tempo deve ser dedicada a administrar diferenças de interesses na equipe, reduzindo a competição interna, ou pelo menos dando, uma direção positiva ao conflito, que é inerente a toda organização.

Uma das competições mais comuns é a que se estabelece entre as áreas de marketing e vendas. Na verdade, elas são complementares e totalmente Interdependentes, porém mantem uma relação de equilíbrio frágil. Para o pessoal de marketing, vendas tem uma visão de curto prazo, não valoriza a marca, estão sempre reclamando da comunicação e só sabe vender dando desconto.

Para o pessoal de vendas, o marketing é um bando de afetados que ficam O tempo todo no escritório, não conhecem a realidade das ruas, a cada dez palavras que falam cinco é em inglês e pensam que são as únicas pessoas Inteligentes da empresa.

Pode parecer que eu estou exagerando, mas em maior ou menor grau, é dessa forma que eles se enxergam. Como lidar com esse conflito, entre duas áreas que são vitais para o sucesso do negócio? Como fazer com que trabalhem juntas e colaborativamente?

Ponto 1, é preciso criar uma causa comum que seja maior do que os interesses pessoais. Toda empresa precisa de uma crença coletiva que seja verdadeira, mobilizadora e gratificante. Uma proposta que emocione e de um sentido maior ao que cada um faz na empresa. Quando existe uma razão superior que dá foco a organização, as funções específicas perdem importância e todos passam a trabalhar para fazer com que a causa se realize.

Em uma família, cada participante tem seus próprios objetivos, que sempre considera como sendo os mais importantes, se não houvesse causas compartilhadas, é muito possível que ela se desintegrasse, mas basta uma razão que seja de todos, para que se estabelece o fenômeno da força coletiva. Pode ser a universidade dos filhos, a viagem para a Disney, a compra da casa própria, ou qualquer outro sonho que emule as pessoas.

Todos nós precisamos de um valor maior, algo que dê sentido ao que fazemos, que nos faça sentir orgulho de pertencer a um lugar. Causas comuns unem as áreas, dão norte a organização, eliminam as diferenças.

Ponto 2, estabeleça como rotina um momento em que as áreas possam estar juntas partilhando informações e contando sobre o que estão fazendo para que a empresa realize seus objetivos.

Quando as pessoas conhecem mais sobre o trabalho dos seus companheiros, passam a entender melhor o porquê das suas atitudes. A proximidade é fundamental para que se crie uma visão mais humana sobre o outro.

Para o marketing, é extremamente útil ter a informação que somente quem esta cotidianamente em contato com o cliente pode trazer, por outro lado, para vendas é fundamental saber mais sobre os produtos e serviços, os motivos que levaram a se entrar em um novo segmento de mercado, e o que esta por traz do posicionamento da marca. Como eu já disse anteriormente, essas são áreas que se somam e que são extensão uma da outra.

O simples ato de escutar e ser escutado estabelece um vínculo positivo que constrói um clima de camaradagem entre as partes. A família é novamente um bom exemplo: famílias que se reúnem mais, que costumam cultivar o habito do almoço de fim de semana, contam uns aos outros sobre coisas que aconteceram no seu dia, se mantem muito mais unidas e lidam melhor com as suas diferenças.

Nessas reuniões, procure estimular que cada área traga algum conhecimento que possa ajudar o desempenho da outra, algo que seja uma verdadeira contribuição para o sucesso do companheiro. Por mais que as diferenças existam, ninguém fica indiferente ao um ato de boa vontade, um gesto de colaboração.

Ponto 3, celebre os fatos positivos com as áreas. A empresa precisa de rituais coletivos que sinalizem que o sucesso é resultado do talento e esforço de todos, que não existe o super-homem que faz tudo sozinho e carrega o peso do mundo nas costas.

A importância de cada área está em ser parte de um todo maior: uma instituição que é feita de cada pessoa da equipe, todos fundamentais para que a empresa seja bem sucedida.

Toda empresa deve adotar como comportamento ter momentos de comemoração do espirito de corpo, em que cada um dos seus integrantes se sinta potencializado por fazer parte de um grupo de realizadores, de gente que faz acontecer.

Certa vez, ainda nos anos 80, tive oportunidade de ir a Bentonville na sede da Walmart, e tive o privilégio de ser convidado para participar da reunião que acontece todos os Sábados em um auditório dentro da própria empresa. Meu primeiro pensamento foi de que deveria ser numa reunião triste, afinal quem se entusiasmaria por perder a sua manhã de Sábado em uma reunião de resultados?

Para minha surpresa, o estacionamento estava lotado e quase não consegui um assento no auditório. O clima era festivo, as pessoas estavam alegres por se verem, e quando o presidente entrou no palco a recepção parecia mais para um astro do rock do que para um executivo de uma cadeia de varejo.

A reunião durou por volta de 4 horas, e ninguém deu sinal de cansaço. Durante todo o tempo o que eu vi foi uma grande celebração, uma comemoração entusiasmada das coisas boas que haviam acontecido na semana, mas o mais Incrível foi que durante a reunião, as áreas da empresa prestaram homenagens umas às outras por terem feito algo que foi positivo para o todo.

Naquele momento, eu realmente senti que aquela empresa tinha uma causa coletiva, conhecia o que cada um fazia e valorizava o fato de por poder tralhar com aquela gente. Em um ambiente como esse toda diferença desaparece.

Provavelmente existe quem tenha mais algumas dicas sobre como administrar interesses individuais e conflito entre áreas, mas eu gosto desses 3 pontos, como uma forma simples e objetiva de endereçar um problema complexo.

Eu realmente recomendo que você de a importância necessária a reduzir problemas de atritos entre áreas, um dos mais perigosos problemas que uma empresa pode enfrentar. Afinal, ninguém quer que essas diferenças se tornem o seu maior concorrente.

*José Eustachio é Chief Executive Officer (CEO) da Talent, onde está desde seu início, em 1980.

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