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Saiba quanto um empreendedor ganha no Brasil (de verdade)

Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, divulgada neste mês, mostra a renda média dos donos de negócios no Brasil

Empreendedora/vendedora em loja de roupas (Foto/Thinkstock)

Empreendedora/vendedora em loja de roupas (Foto/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 18 de maio de 2017 às 06h00.

Última atualização em 18 de maio de 2017 às 10h51.

São Paulo – As histórias de superação de quem criou um negócio de sucesso despertam em muitas pessoas o desejo de empreender.

Porém, a grande maioria dos empreendedores brasileiros tem uma realidade bem mais dura do que parece – inclusive na questão financeira.

71,5% dos donos de negócios no país declaram que sua renda mensal familiar é de até três salários mínimos - nos valores de hoje, isso representa até 2.811 reais de “salário” desses donos de empresa. Na faixa de renda acima de nove salários mínimo (a partir de 8.433 reais), estão apenas 1,63% dos empreendedores.

"Temos verificado um aumento na proporção dos empreendedores que faturam até três salários mínimos nos últimos anos", analisa Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae. Em 2015, a porcentagem era de 61% dos donos de negócios.

Com relação ao faturamento propriamente dito, entre os empreendedores iniciais, 45,7% afirmam que seu negócio fatura até mil reais por mês e 30% dos empreendimentos ainda não faturavam nada no momento em que a pesquisa foi realizada.

Para Afif, a recessão econômica brasileira está associada ao aumento do desemprego e a queda do rendimento médio real dos trabalhadores.

"O rendimento médio da maioria das ocupações e dos negócios tende a acompanhar o desempenho médio da economia, que não vem - o caso dos empreendedores não foi diferente."

Os dados são da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada neste mês pelo Instituto Brasileira da Qualidade e Produtividade (IBQP) e pelo Sebrae.

O estudo analisou a atividade empreendedora no mundo, compilando dados de 65 países ao longo de 2016. No Brasil, a pesquisa foi realizada de setembro a novembro, entrevistando 2 mil pessoas em idade adulta e 93 especialistas em empreendedorismo.

Perfil do empreendedor brasileiro

Ter o próprio negócio é o quarto maior sonho dos brasileiros, segundo o GEM. O desejo está atrás de “Viajar pelo Brasil”, “Comprar a casa própria” e “Comprar um automóvel”. Fazer carreira em uma empresa é o oitavo maior sonho, para efeito de comparação.

36% das pessoas entre 18 a 64 anos tinham um negócio ou estavam envolvidas na criação de um durante 2016 – o que se traduz em 46 milhões de brasileiros.

Esse número é o segundo maior da série histórica, segundo o Sebrae. Ele é menor apenas do que o visto na pesquisa feita em 2015, quando 39,3% da mesma população empreendia.

Entre os empreendedores em começo de jornada, houve um ligeiro aumento no empreendedorismo por oportunidade – de 56,5% dos empreendedores para 57,4%. "Isso denota uma melhoria na percepção de oportunidades entre aqueles que estão em etapas iniciais de estruturação de um empreendimento", diz Domingos.

Mas, de maneira geral, esse tipo de empreendedorismo caiu. "De 2015 para cá, identificamos uma queda na taxa do empreendedorismo por oportunidade. Entre 2012 e 2014, a taxa de empreendedorismo por oportunidade girou em torno de 70%. Em 2015, ela caiu para 56% e, em 2016, teve uma ligeira melhora, passando para 57%."

Para o presidente do Sebrae, o alto nível de empreendedorismo por necessidade nos últimos dois anos pode ser explicado pelo aparecimento da crise econômica no país - o que também afetou a renda, como vimos no começo do texto.

"Com o aumento do desemprego e com a perda do poder aquisitivo, muitas pessoas começaram a procurar o empreendedorismo como complementação de renda ou como opção de renda. Quando o desemprego aumenta, é natural que a taxa de empreendedorismo por necessidade cresça e que caia o empreendedorismo por oportunidade."

Para aumentar a renda dos donos de negócios e estimular o empreendedorismo por oportunidade em curto prazo, o presidente do Sebrae afirma que a recuperação da economia brasileira seria imprescindível.

"Em médio e longo prazo, o aumento da escolaridade média dos empreendedores tende a favorecer este processo de recuperação. Finalmente, mais investimentos em qualificação dos empreendedores tende a favorecer o próprio processo de introdução de novos produtos e processos."

Atualizado às 10h40.

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