Lição de empreendedorismo (Foto/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 8 de março de 2017 às 14h00.
Última atualização em 8 de março de 2017 às 14h00.
São Paulo – Ainda hoje, as mulheres enfrentam mais preconceitos culturais e menos oportunidades de progresso profissional nas empresas, em relação aos seus colegas do sexo masculino.
Por isso, oferecer condições propícias para o empreendedorismo feminino é fundamental para que cada vez mais negócios liderados por mulheres tenham as mesmas chances de batalhar pelo sucesso. Isso passa tanto por medidas específicas, como dar mais oportunidades de ascensão a elas no mercado de trabalho, quanto por uma melhora em geral no ecossistema empreendedor.
É o que diz o Índice de Mulheres Empreendedoras, a primeira edição de uma pesquisa feita pela empresa de cartões Mastercard em lembrança ao Dia Internacional da Mulher. Ao todo, o estudo compreendeu 78,6% da mão-de-obra feminina mundial.
O índice tem como objetivo saber como 54 economias da região Ásia-Pacífico, Oriente Médio e África, América do Norte, América Latina e Europa diferem em resultados 1) no avanço das mulheres no mercado, 2) no capital intelectual e financeiro e 3) nas condições propícias ao empreendedorismo. Cada país recebe uma nota a partir desses três aspectos, que vai de 0 a 100.
O ranking mostra, principalmente, como o empreendedorismo feminino se desenvolve em ritmos e formas diferentes ao redor do mundo.
Em países em desenvolvimento, abrir negócios costuma derivar da necessidade de uma alternativa de renda. O caminho é burocrático e desafiador, diante da falta de programas estruturados de apoio ao empreendedorismo e da falta de infraestrutura, inclusive tecnológica.
Já as economias desenvolvidas costumam apresentar maior frequência do empreendedorismo por oportunidade: abrir negócios por enxergar inovações a serem feitas. Na prática, elas contam com comunidades de pequenas e médias empresas sólidas, alta qualidade de governança e facilidade de fazer negócios, por exemplo.
É o caso, principalmente, dos cinco países no topo do ranking de estímulo ao empreendedorismo feminino. Confira quais são eles:
Posição | País | Índice de Mulheres Empreendedores (nota de 0 a 100) |
---|---|---|
1 | Nova Zelândia | 74,4 |
2 | Canadá | 72,4 |
3 | Estados Unidos | 69,9 |
4 | Suécia | 69,6 |
5 | Singapura | 69,5 |
A correlação entre desenvolvimento econômico e empreendedorismo, claro, nem sempre funciona dessa forma: aspectos culturais podem aumentar ou diminuir o potencial empreendedor de um país, segundo a Mastercard.
A aversão ao risco barra o empreendedorismo feminino no Japão, mesmo sendo um país com muita infraestrutura, tecnologia e mão de obra qualificada. Enquanto isso, na Argentina, as empreendedoras conseguem representar a maioria dos criadores de negócios, mesmo com condições não tão favoráveis ao empreendedorismo feminino.
O Brasil ficou na 33ª posição do ranking global: ou seja, na metade inferior do Índice de Mulheres Empreendedoras.
O país conta com participação feminina em 28,2% do universo do empreendedorismo, mas elas ocupam mais posições técnicas (55% das mulheres que empreendem) do que de liderança mesmo (38,2% das mulheres que empreendem), aponta a Mastercard.
Mesmo assim, há tendências animadoras para a maior presença de mulheres nos negócios: as empreendedoras brasileiras têm mais acesso à educação superior que seus pares masculinos, tendo 54,6% delas realizado matrícula em universidades e faculdades, contra 40,2% dos empreendedores homens.
O Brasil também é o sexto país com maior avanço em relação à presença feminina em liderança, empreendedorismo e força de trabalho. Ele perde para Filipinas, Tailândia, Botswana, Canadá e Colômbia. O estudo ressalta que esse avanço, porém, pode ser estimulado pela falta de alternativas de sobrevivência financeira
Por fim, o Índice de Mulheres Empreendedoras também elencou as seis principais barreiras ao progresso das mulheres de negócios.
Elas são a falta de financiamentos e investimentos; restrições regulatórias e ineficiências institucionais; falta de espírito empreendedor e crença em si mesmas; medo do fracasso; restrições socioculturais; e falta de educação e treinamento. Praticamente todos os 54 países do ranking enfrentam ao menos uma dessas barreiras.
“É evidente que o potencial das mulheres e seu valor como empreendedoras e donas de negócios ainda não foi demonstrado”, afirma o estudo.
“Libertar esse potencial irá requerer um esforço coordenado, foco e estímulo em diversos níveis: motivação pessoal; suporte familiar e social; oportunidades econômicas e políticas; treinamento, financiamento e políticas públicas e privadas; e a formação de relações comerciais e networking empreendedor e executivo, tanto local quanto globalmente.”