André Penha (èsq.) e Gabriel Braga, sócios-fundadores do QuintoAndar: uma das primeiras startups brasileiras a trazer tecnologia para os aluguéis (Germano Lüders/Exame)
Carolina Ingizza
Publicado em 3 de agosto de 2020 às 08h41.
A imobiliária digital QuintoAndar começa nesta segunda-feira, 3, sua operação de compra e venda na cidade do Rio de Janeiro. A empresa, criada em 2013 para intermediar o aluguel de imóveis, anunciou sua operação de compra e venda em novembro de 2019 em São Paulo. Após centenas de vendas feitas, a nova frente negócios se expande para o Rio, um dos mercados mais importantes da startup no serviço de aluguel.
“A aceitação do nosso modelo em São Paulo foi excelente. Tanto que, em pouco mais de seis meses, já chegamos a quase 5 milhões de buscas por imóveis na plataforma, e centenas de negócios fechados”, diz Gabriel Braga, cofundador e presidente do QuintoAndar.
A operação começa em alguns bairros da Zona Sul e Centro do Rio de Janeiro e, gradualmente, será expandida para outras regiões da capital. A partir desta segunda, proprietários já podem cadastrar seus imóveis na plataforma do QuintoAndar e possíveis compradores podem marcar visitas.
Segundo a empresa, em São Paulo, a venda dos imóveis cadastrados em sua plataforma demora em média 56 dias, contra 420 dias do modelo tradicional. Vicente Batista, diretor da operação de compra e venda do QuintoAndar, afirma que o diferencial da empresa no segmento é a verticalização do processo de compra.
“Na busca por um imóvel, as pessoas querem alguém que entenda a região, e os corretores parceiros fazem esse trabalho. A partir do ponto em que o cliente encontra o imóvel, ele quer que alguém o ajude com o financiamento, com o cartório. Nós temos equipe para fazer tudo isso”, diz o diretor. Hoje, são cerca de 70 pessoas na operação de compra e venda da startup.
Para o diretor, foi esse modelo completo que acelerou a adoção da ferramenta de compra durante a pandemia. Logo no começo da crise, o QuintoAndar alterou sua plataforma para incentivar a opção de visita por vídeo e, aos poucos, os clientes foram retornando. Abril foi o mês com maior impacto na operação de vendas, que cresce a uma taxa de três vezes por mês desde maio.
O Rio, como o primeiro novo mercado do modelo de compra e venda, será uma escola para as futuras expansões do serviço para as outras cidades em que o QuintoAndar já atua com aluguel. “Esperamos rapidamente atingir um número grande de imóveis, temos uma base de aluguel grande no Rio de Janeiro”, diz Batista.
Em setembro de 2019, o QuintoAndar entrou no seleto grupo de startups unicórnio. Em uma rodada de investimentos, a empresa recebeu um aporte de 250 milhões de dólares liderado pelo conglomerado japonês SoftBank. Na época, a operação precificou a companhia em 1,3 bilhão de dólares.
Mesmo com o capital em caixa, a empresa foi duramente atingida pela crise causada pelo novo coronavírus. Em abril, com a redução no volume de aluguéis e vendas durante, o QuintoAndar demitiu cerca de 8% do seu quadro de mais de 1.100 funcionários. O regime de home office, iniciado em março, vai ser mantido até o final do ano.
A empresa também criou uma série de iniciativas para ajudar o ecossistema imobiliário durante os meses de isolamento social. Em uma das frentes, o QuintoAndar já pagou 50 milhões de reais para proprietários de imóveis alugados por meio de sua plataforma cujos inquilinos deixaram de honrar o compromisso durante a pandemia do novo coronavírus.
Os aluguéis não quitados serão cobrados pela QuintoAndar dos locatários. Na imobiliária digital, uma negociação de parcelas atrasadas geralmente consiste em analisar o histórico de pagamento do inquilino e lhe oferecer uma postergação de pagamento, utilizando, por exemplo, o cartão de crédito.
Já para os parceiros da plataforma, como corretores, fotógrafos e imobiliárias, a startup lançou duas linhas de crédito no valor 4,5 milhões de reais. Na linha voltada para imobiliárias, o próprio QuintoAndar antecipa o dinheiro, cobrando uma taxa de 0,5% ao mês. O pagamento do valor recebido pode ser feito em até dez parcelas.
A linha para corretores e fotógrafos, por sua vez, é feita em parceria com a startup Mova e permite que os parceiros adiantem até 70% do ganho mensal com condições subsidiadas, sem taxa de juros.