Escritório da Quero Educação: 700 funcionários e mais de 500 mil alunos com bolsas (Júnior Soares/Quero Educação/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 9 de outubro de 2019 às 10h45.
Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 15h00.
O Brasil tem quase 300 startups que atuam em educação, ou edtechs. Para aumentar sua oferta de produtos, porém, a startup Quero Educação teve de se inspirar em empresas distantes -- como a gigante americana do streaming Netflix.
O marketplace Quero Bolsa, produto mais conhecido da Quero Educação, já concedeu mais de 500 mil bolsas de estudo em seis mil instituições ensino fundamental, médio, superior e de idiomas. Os descontos, de até 70%, geraram 1,3 bilhão de reais em economia aos alunos, de acordo com a Quero Educação.
Agora, a startup permitirá que as mensalidades sejam pagas por meio do débito recorrente, como uma fatura da Netflix ou do serviço de streaming musical Spotify. O aluno cria seu perfil no marketplace Quero Bolsa e cadastra seu cartão de crédito como forma de pagamento. Ao escolher seu curso, seleciona a opção de débito recorrente e escolhe o período de contratação desejado. A mensalidade é debitada de sua conta corrente todos os meses.
Entre os diferenciais do débito recorrente estão não comprometer o limite do cartão de crédito e não precisar pagar boletos todos os meses. Segundo André Narciso, presidente na Quero Educação, sete a cada dez alunos matriculados pela startup tem conta-corrente e são digitais.
“Queremos dar uma experiência melhor para quem está acostumado a fazer tudo pelo celular. Cerca de 60% da evasão educacional se dá por problemas financeiros e acreditamos que muitos casos se dão por falta de planejamento e acúmulo de juros por faturas atrasadas”, diz Narciso.
O débito recorrente foi feito em parceria com a gigante de pagamentos Visa e a fintech Pagar.me. No momento, a modalidade de pagamento pode ser habilitada em contas do Banco do Brasil. A startup está firmando parcerias com outras instituições bancárias e projeta ter 100 mil alunos usando o débito recorrente até o fim do ano.
A modalidade de débito recorrente vem de um esforço da Quero Educação em digitalizar as instituições de ensino. O débito recorrente é a mais nova funcionalidade da Quero Pago, uma divisão da Quero Educação criada em julho deste ano e voltada para gestão financeira das instituições de ensino.
A Quero Pago funciona como o Mercado Pago para a plataforma de compra e venda Mercado Livre, por exemplo. Cerca de 30 mil alunos e 130 faculdades e universidades usam a Quero Pago para que seus alunos façam todos os trâmites na Quero Educação -- matrícula, pagamentos e assinatura de contratos, por exemplo. “Queremos que as universidades se preocupem apenas com sua função, a de espalhar conhecimento”, diz Narciso.
Quem assume o risco de inadimplência do estudante é a Quero Educação, que paga as universidades em dia e espera o pagamento do aluno, que pode parcelar em mais vezes pela startup do que com a instituição de ensino. Como a startup cuida do processo de admissão do estudante, já estuda os riscos de inadimplência.
Além de oferecer meios de pagamento mais digitais, a Quero Educação também criou uma área de inteligência de dados. A Quero Inteligência Educacional provê para universidades um estudo de quais são os cursos mais procurados e qual precificação é a correta para atingir as melhores receitas. Oferecer um desconto um pouco maior, por exemplo, pode atrair bem mais alunos e compensar a promoção.
A Quero Educação foi criada em 2012 pelos sócios Bernardo Pádua, Lucas Gomes e Renata Rebocho e é um caso raro no mercado de startups: dá lucro desde 2013. Do começo do ano para cá, passou de 450 para mais de 700 funcionários e 60 vagas abertas em escritórios de Fortaleza (Ceará), São José dos Campos (São Paulo) e São Paulo.
Novas funcionalidades são fundamentais para a Quero Educação continuar crescendo -- e esse esforço pede os novos membros.