Dúvida: o que carreira e propósito tem a ver (./Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 31 de março de 2017 às 10h30.
Última atualização em 31 de março de 2017 às 10h30.
Quando desconfiar da expectativa de faturamento de uma franquia?
Desconfie sempre de todas as informações de todas as franquias, sem exceção! Mas, ao mesmo tempo, nem pense que as informações das franquias são desonestas! Quero apenas reafirmar que você deve aferir, conferir e avaliar se o negócio atende sua expectativa.
A grande vantagem das franquias, quando comparadas com outros negócios, é que as informações são obrigatoriamente fornecidas para que você possa investigar e avaliar antes de investir. Então, aproveite sua desconfiança e vá ao campo de batalha para comprovar ou não a sua desconfiança.
A primeira informação sobre faturamento que você recebe é através da internet, revistas ou outros meios, e o objetivo é apenas atrair ou informar preliminarmente candidatos.
O próximo passo é procurar o franqueador, com quem poderá ter as explicações sobre como aquele faturamento ocorre, e em que condições. Também peça a COF, a Circular de Oferta de Franquias, que certamente terá todas estas informações, e já aproveite para comparar aquilo que lhe foi dito com aquilo que está escrito: bate?
Algumas boas franquias vão incentivá-lo a fazer um “test-drive”, experimentando e operando o negócio por um ou mais dias. Isso permitirá ter uma melhor noção sobre o negócio e informações mais consistentes, sob a sua ótica.
É fundamental, em qualquer situação, que você converse com pelo menos dois franqueados novos, com até dois anos no negócio, e com outros dois mais experientes, com mais de dois anos na operação. Também seria ideal se conseguir conversar com aqueles que saíram do negócio (a listagem completa de todos eles deve estar na COF).
Subtraia o lado emocional das informações, especialmente daqueles ex-franqueados, e concentre sua avaliação nas informações objetivas e, em especial, naquelas que respondem as suas dúvidas e ansiedades.
Somente com franquias, depois de investigar e avaliar, é possível responder aquela pergunta: “Você compraria um carro usado dele, o franqueador?"
Informações de mercado, faturamento, despesas e outras são previsões e, como tal, sujeitas a mudanças e a alterações quando aplicadas. Então, vá com calma! Temos mais de 5.000 localidades, com uma enorme variedade de perfis de consumo, e como garantir que aquele faturamento acontecerá igualmente em cada diferente mercado?
Outro fator, que considero o mais importante, é você: o eventual franqueado! Você terá por sua ação ou omissão o poder para alterar as previsões através da condução do negócio.
Compare a compra de uma franquia com a de um potente carro, como mostrado na propaganda, mas sem piloto. É o piloto (o motorista franqueado) quem vai efetivamente dirigir, manobrar e alimentar o funcionamento da máquina.
E, se você gosta daquele filme “Apertem os Cintos ... o Piloto Sumiu”, sugiro que vá ao cinema e nem pense em franquias: é mais seguro e mais barato do que a taxa inicial de um negócio franqueado.
A primeira dica, e a mais importante: pouco importa o faturamento, o que importa mesmo é quanto sobra limpinho no seu bolso. Ou seja: lucro!
Então, use a informação sobre o faturamento para fazer contas, tirando todas as despesas para ver se realmente a remuneração do seu investimento (trabalho + dinheiro) vale a pena para você.
Sua primeira avaliação é aferir se existe coerência entre as informações em diferentes fontes utilizadas pela franquia para divulgar seus dados. Em seguida, busque a informação real de quem está no campo de batalha!
Logo depois de tirar todas as dúvidas com o franqueador sobre o faturamento da franquia, verifique se esses dados conferem com a COF e vá conversar com os franqueados, como falamos antes. É com eles, e com ex-franqueados, que você vai tirar todas as dúvidas e as incertezas que ainda lhe incomodam.
Com todos eles, pergunte muito, escute bastante, anote tudo e, ao final, compare, avalie e então decida se a informação dada pelo franqueador sobre o faturamento e outros quesitos são ou não confiáveis.
E, se houver mentiras na COF, a legislação é bastante dura, obrigando o franqueador a devolver todo o investimento realizado pelo franqueado.
Em especial, aprofunde sua investigação e a sua desconfiança quando:
- A franquia tem vários modelos, como "pequeno, "grande", "micro": será que possuem conhecimento em todos estes tamanhos para lhe fornecer o faturamento?
- O franqueador não tem unidades próprias: portanto, nada conhece da operação do próprio negócio;
- O franqueador se utiliza de intermediários para vender a franquia: se não está preparado para vender, certamente não estará preparado para entregar o que foi prometido pelo intermediário;
- O franqueador cobra royalties sobre suas compras ou ganha no fornecimento de produtos e serviços: certamente, ele estará ao lado do seu estoque e nunca ao lado do seu caixa.
Marcus Rizzo é sócio-fundador da consultoria Rizzo Franchise.
Envie suas dúvidas sobre franquias para pme-exame@abril.com.br.