Dinheiro (Germano Luders)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2012 às 15h42.
Qual porcentagem da empresa os investidores e fundos costumam levar?
Respondido por Cassio Spina, especialista em startups
O percentual de participação de um investidor é determinado por uma razão direta entre o capital investido e o valor da empresa. Por exemplo, se um investidor aportar R$ 1 milhão em uma empresa avaliada em R$ 4 milhões, isto é, antes de receber o capital, o investidor terá direito a 20% da companhia, pois após o investimento, a empresa passará a valer R$ 5 milhões.
Entretanto, quando falamos de startups a definição do seu valor é uma questão mais subjetiva do que matemática, pois sem um histórico de receitas não é possível fazer esta conta. Assim, devem ser utilizados outros fatores para se definir o percentual de participação do investidor: o primeiro é o estágio de maturidade do negócio, se já existe um produto/serviço pronto para ser comercializado ou apenas um protótipo; se já existem clientes e qual é o nível de estruturação do negócio.
Outro aspecto levado em consideração é a experiência e capacitação dos empreendedores e colaboradores do negócio. Todos estes fatores reduzem alguns dos riscos do negócio, assim, aumentando o valor da empresa. Mas a definição do valor da empresa e consequentemente da participação do investidor é uma questão negociável entre as partes.
Outro aspecto considerado é o valor agregado do investidor. Quanto mais puder contribuir para o negócio, maior será sua expectativa de participação proporcional sobre o capital investido. Em termos práticos, investidores-anjo esperam normalmente ter uma participação de 15% a 30% do negócio, podendo ser diluídos integralmente ou parcialmente em conjunto com os empreendedores nas rodadas seguintes de investimento.
Os fundos de investimento esperam ter uma participação de 10% a 25% no negócio, e quando há mais de uma rodada de investimento, considerando que todos sejam diluídos conjuntamente, a participação dos investidores pode chegar de 40% a 70% do negócio.
Por mais que estes percentuais possam a princípio parecer elevados, o importante é o valor final absoluto da companhia. Mesmo que empreendedores e investidores das rodadas anteriores sejam diluídos, a participação individual de cada um pode chegar a atingir dezenas de milhões de reais.
Por fim, uma dica: se não conseguir chegar a um acordo de percentual de participação, negocie um ajuste futuro conforme o resultado obtido, assim, ambos ficarão mais confortáveis.
Cassio A. Spina foi empreendedor por 25 anos, é investidor-anjo e fundador da Anjos do Brasil.