Aqui se faz, aqui se paga
Escrito por Juliano Seabra, especialista em empreendedorismo, e Luiz Guilherme Manzano
Caro empreendedor, você deve ter inúmeros motivos para manter a sua empresa, ou parte dela, na informalidade: a burocracia é excessiva e os impostos são altíssimos, por exemplo. Além disso, seu dinheiro invariavelmente é mal gasto pelo governo, seja pela má gestão ou pela corrupção dos nossos políticos, o que torna ainda mais desanimadora a tarefa de formalizar e profissionalizar seu negócio.
No entanto, o objetivo desse texto é fazê-lo refletir sobre algumas razões para “colocar tudo por dentro” como se diz na gíria dos negócios, principalmente em negócios de rápido crescimento.
Na Endeavor usamos a máxima “aqui se faz, aqui se paga” para traduzir a nossa visão de que não vale a pena adotar práticas informais. Afinal, acreditamos que um dia a conta chega: vem na multa de um fiscal da Receita ou do Ministério do Trabalho, cada vez mais competentes em descobrir irregularidades; ou então na dificuldade de atrair e reter jovens talentos, que não estão dispostos a arriscar sua carreira em uma empresa que trabalha no “jeitinho”; e ainda na complexidade de gerenciar um negócio com diversas contabilidades, CNPJs e folhas salariais.
Como resultado, essas práticas impactam em uma grande desvalorização da sua companhia, talvez seu principal patrimônio, no momento de entrada de um investidor ou na venda para um estratégico. Acredite, é a velha história do barato que sai caro.
Sabemos que, muitas vezes, é difícil mudar a mentalidade de sobrevivência do empreendedor, que recorre à informalidade para resistir à hostilidade do ambiente empreendedor no país, mas exemplos para comprovar que vale a pena se formalizar e se profissionalizar não faltam. Só no portfolio da Endeavor temos dezenas de casos de empresas que decidiram não pegar nenhum atalho e se valorizaram muito por isso.
Um bom exemplo de empreendedor que conseguiu usar a profissionalização do negócio a seu favor foi o Wilson Poit, da Poit Energia, vendida por 400 milhões de reais em 2012. A valorização da empresa se deu principalmente porque a casa estava organizada enquanto a de outras companhias do mesmo setor não estava.
Ele disse uma vez em entrevista à Endeavor que a concretização da venda da Poit para a Agrekko só aconteceu porque ele sempre procurou fazer tudo certo desde o começo. Os resultados fizeram tudo valer a pena.
Juliano Seabra é diretor geral da Endeavor Brasil e Luiz Guilherme Manzano é gerente de Apoio a Empreendedores na Endeavor.
-
1. Mão na massa
zoom_out_map
1/17 (Getty Images)
São Paulo – Donos de
startups e
pequenas empresas sabem que para crescer é preciso investir em capacitação e cursos de curta ou longa duração. Às vezes, é uma saída, mas não soluciona alguns problemas do dia a dia do empresário. Veja 15 lições de
empreendedorismo que não são ensinadas nas salas de aula e precisam ser aprendidas na prática.
-
2. 1. Aprender a executar
zoom_out_map
2/17 (Divulgação/RoupasSA)
O empreendedorismo não é uma ciência exata. “Por mais que você faça planilhas e projeções que no papel são perfeitas, é preciso que a ideia seja validada na prática. E, para isso ocorrer, intuição, força de vontade e execução podem valer muito mais do que o que o Excel fala”, acredita Rafael Guandalini, 29 anos, sócio-fundador do Roupas S.A.
-
3. 2. Falhar rápido
zoom_out_map
3/17 (Divulgação/Meliuz)
Para Ofli Guimarães, 28 anos, fundador do Meliuz, é importante que empreendedores saibam se o seu produto ou serviço será bem aceito no mercado antes de investir tempo e capital no projeto. “Essa filosofia de que se se deve falhar rápido era pouco conhecida e passou a ser mais difundida após a publicação do livro Lean Startup”, explica.
-
4. 3. Investir no networking
zoom_out_map
4/17 (Divulgação/Voopter)
Construir relacionamentos é uma habilidade essencial para quem deseja fechar acordos em eventos. “Tivemos que rever nosso orçamento de marketing de maneira a incluir gastos em eventos sociais e conhecer melhor as pessoas que representam nossos clientes”, conta Pettersom Paiva, 38 anos, CEO do Voopter.
-
5. 4. Saber contratar e demitir
zoom_out_map
5/17 (Divulgação/Tricae)
Para uma empresa ter sucesso é preciso ter uma boa gestão de pessoas. “Seus funcionários são a alma do negócio e ninguém constrói uma empresa sozinho. Para mim, o MBA foi super importante para ter uma visão diferente de negócios, mas nenhuma aula é capaz de te ensinar como gerir sua equipe”, afirma Juliana Duarte, co-CEO da Tricae, loja online de artigos infantis.
-
6. 5. Motivar a equipe
zoom_out_map
6/17 (Divulgação/Peixe Urbano)
Alex Tabor, 33 anos, cofundador e CTO do Peixe Urbano, explica que incentivar o trabalho de equipe é essencial para que seus funcionários atinjam objetivos e superem desafios. “Um ambiente de trabalho agradável, uma forte cultura corporativa e uma excelente dinâmica e entrosamento entre os membros do time são fatores essenciais para o sucesso de uma empresa”, conta.
-
7. 6. Escolher sócios
zoom_out_map
7/17 (Divulgação/Quatix)
Para Enrico Fonseca, 30 anos, cofundador da Quatix, empresa de soluções digitais, o que mais o marcou e que ele não aprendeu durante sua formação é a importância de escolher o sócio ideal. “Antes de dar um primeiro passo de mãos dadas, faça um alinhamento de crenças e valores pessoais e sobre a empresa. Caso contrário, verá sua empresa sem sair do lugar ou tendo muita dificuldade para isso”, afirma.
-
8. 7. Lidar com o fracasso
zoom_out_map
8/17 (Divulgação/Solides)
Empreender exige coragem, paciência e saber qual o momento certo para agir. Além disso, Mônica Hauck, 33 anos, diretora executiva da Solides e idealizadora do RHPortal, afirma que é essencial aprender a errar. “Nossa cultura não lida bem com o erro e os cursos não ajudam muito. Errar dói, mas é fundamental para a gestão. Sou fã de cases de fracasso mais do que de sucesso, eles me ensinam muito”, diz.
-
9. 8. Correr riscos
zoom_out_map
9/17 (Divulgação/Blumpa)
“Para ter sucesso é necessário comprar risco. Se você não corre nenhum risco você está minimizando seu sucesso futuro”, afirma Eduardo Giglio, 23 anos, fundador do Blumpa, empresa de contratação de serviços de limpeza online. Ele acredita que muitas pessoas deixam de empreender e optam por uma escolha mais segura por medo de arriscar.
-
10. 9. Gerenciar expectativas
zoom_out_map
10/17 (Divulgação/Restorando)
Otavio Calixto, CEO Brasil do Restorando, afirma que um dos principais desafios é aprender a gerenciar as expectativas pessoais, dos funcionários e investidores. “Manter os pés no chão é essencial, empreender com sucesso está muito ligado a ter uma visão clara de realidade do mercado e das suas competências, para saber o que você tem e o que precisa ser desenvolvido”, explica.
-
11. 10. Gerenciar o tempo
zoom_out_map
11/17 (Divulgação/LIVO)
“É muito fácil se perder e dedicar muito tempo a reuniões, assim como se envolver muito em tarefas operacionais. Quando você vê, o dia passou e não resolveu metade das coisas que deveria”, conta Arthur Blaj, 26 anos, sócio fundador do e-commerce Livo. Para ele, gerenciamento do tempo não se aprende durante a faculdade, mas faz toda a diferença na prática.
-
12. 11. Negociar com clientes e fornecedores
zoom_out_map
12/17 (Divulgação/Disk Cook)
“Negociações são situações delicadas, seja com investidores, clientes ou fornecedores. É preciso saber como começar a negociar, o que falar e o que não falar para obter o máximo de valor para sua empresa”, afirma Guilherme Bonifácio, 30 anos, sócio da Disk Cook e cofundador do iFood.
-
13. 12. Trabalhar com concorrentes
zoom_out_map
13/17 (Divulgação/Boo-box)
No mercado da tecnologia é comum que empresas concorrentes trabalhem juntas e é na prática que se aprende como gerenciar essas parcerias. “Lidar com essa situação é muito complexo em um ambiente com tanto compartilhamento de informações e dados”, diz Marco Gomes, 28 anos, fundador da boo-box
-
14. 13. Separar o pessoal do profissional
zoom_out_map
14/17 (Divulgação/Billy The Grill)
As finanças do empreendimento não devem ser misturadas com a do empresário. Caso contrário, é muito difícil saber se o negócio é rentável. “Nunca aumente seu nível de vida conforme sua empresa cresça em caixa. Acredito em empresa rica e sócios pobres”, resume Luiz Felipe Costa, 28 anos, cofundador da rede Billy The Grill.
-
15. 14. Tomar decisões estratégicas
zoom_out_map
15/17 (Divulgação)
No caso de donos de startups, tomar decisões estratégicas faz parte do processo diário. “Na faculdade e em um MBA você não é preparado para lidar com a quantidade de encruzilhadas e de decisões que serão tomadas em um curto espaço de tempo”, explica Saulo Marti, 26 anos, CEO do VitrinaPRO.
-
16. 15. Fazer muito com quase nada
zoom_out_map
16/17 (Divulgação/Simbiose)
Iniciar um negócio do zero significa ter que lidar com muitos altos e baixos. Cristian Gallegos, 36 anos, sócio da Simbiose, afirma que as salas de aula ainda não conseguem preparar empreendedores para trabalhar com quase nenhum capital.
-
17. Agora, veja mais sobre empreendedorismo
zoom_out_map
17/17 (Andrew Burton/Getty Images)