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Para empresas de SP, FGTS pode dar injeção de bilhões nas compras

Governo irá liberar saque de 500 reais do FGTS. Administração pública e empreendedores esperam que dinheiro se reverta em consumo

Empreendedora: segundo Neoway, maioria dos negócios de cosméticos e beleza, alimentação e restaurantes e vestuário pelo país fatura por ano até 81 mil reais (Monkey Business Images/Thinkstock)

Empreendedora: segundo Neoway, maioria dos negócios de cosméticos e beleza, alimentação e restaurantes e vestuário pelo país fatura por ano até 81 mil reais (Monkey Business Images/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 06h00.

Neste mês, o governo estima um estímulo de 30 bilhões de reais na economia brasileira. Isso porque 96 milhões de pessoas poderão realizar um saque de 500 reais neste mês do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) -- e donos de negócios no comércio, na indústria e nos serviços no estado de São Paulo podem esperar uma injeção de até sete bilhões de reais em seus empreendimentos.

É o que mostra um estudo da empresa de big data analytics e inteligência artificial Neoway, divulgado com exclusividade a EXAME. Segundo a Neoway, os estados que mais podem se beneficiar com o saque do FGTS seriam São Paulo (14 milhões de pessoas propícias a retirarem o benefício), Minas Gerais (4,9 milhões), Rio de Janeiro (4,3 milhões) e Paraná (3,2 milhões).

Em setores, o mais beneficiado será provavelmente o que possui mais empresas ativas no país: o varejo. Apenas o comércio varejista de acessórios e vestuário conta com mais de um milhão de lojas no país. No setor de serviços, a principal atividade é a de cabeleireiros, manicure e pedicure, com 740 mil estabelecimentos. Ao todo, o Brasil possui 18,7 milhões de empresas ativas.

Em São Paulo, setores com alto número de empreendimentos são cosméticos e beleza (332 mil estabelecimentos), alimentação e restaurantes (283 mil) e vestuário (283 mil). A maioria dos negócios desses três setores pelo país é feita de pequenas empresas, com faturamento por ano mais predominante em até 81 mil reais. É a faixa de 78% dos empreendimentos de cosméticos e beleza, 58% dos negócios de alimentação e restaurantes e de 55% das empresas de vestuário.

A injeção nas compras não se restringe aos saques de 500 reais, porém. Tomando o estado de São Paulo como exemplo, a média de permanência dos funcionários nas empresas de São Paulo é de 34,4 meses. Isso abre a chance de ainda mais estímulos ao consumo pela adesão de alguns ao modelo de saque-aniversário, superando os sete bilhões de reais advindos apenas dos saques deste mês.

Nos cantos de SP, expectativas mornas a otimistas

A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo realizou uma pesquisa sobre as prioridades dos consumidores com os saques de contas ativas e inativas do FGTS. A primeira delas é o pagamento de dívidas, seguida pela prioridade de compras. Mesmo o pagamento de dívidas pode beneficiar indiretamente o consumo, devolvendo o uso do cartão de crédito ao consumidor, de acordo com a FCDLESP.

Para os lojistas ouvidos pela federação, as vendas podem ter potencial de crescimento de nulo até 5% e estimular outras datas de compras, como Dia das Crianças (outubro) e Black Friday (novembro).

Segundo pesquisa da federação com a câmara de dirigentes lojistas de São Mateus, o crescimento será de 5% porque o nível de endividamento é alto na região, impactando muito positivamente no poder de compra. Para a CDL de Taboão da Serra, a notícia repercutiu bem na região e as vendas podem crescer 3% em setembro. Já para Itaquera, o crescimento estimado é de 2% e a melhor data de consumo será a Black Friday.

Já Guarulhos aposta no Dia das Crianças, também com um crescimento de 2% nas vendas originado dos saques do FGTS. Na região do Grande ABC Paulista, as CDLs de São Bernardo do Campo e Diadema estimam um crescimento entre 2% e 3%.

No interior, as expectativas de vendas para a região de Bauru permanecem estáveis. A região acredita no aumento somente se houver alguma sobra do valor sacado, pois a prioridade está em pagar as dívidas. Especificamente a CDL de Pederneiras, localizada dentro da região de Bauru, espera um aumento nas vendas de 3%. 

Para a CDL de Franca, a população irá pagar suas pendências financeiras e não há perspectivas de crescimento nas vendas para o comércio local. A CDL de Santos-Praia está com altas expectativas quanto às vendas, chegando a um aumento de 5%. Para a CDL de Bertioga, o crescimento será pequeno, em torno de 2%. Já a região do Guarujá também acredita numa pequena movimentação, de 2%, com a data mais beneficiada sendo o Dia das Crianças.

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