Thomas Helou, da Catálise: A empresa antecipa recebíveis com os fundos (Daniela Toviansky)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2013 às 20h54.
São Paulo - Desde 2007, o paulista Thomas Helou, de 36 anos, passou a recorrer a uma fonte de recursos adicional aos empréstimos bancários tradicionalmente usados por sua empresa, a fabricante de insumos químicos Catálise, de Campinas, no interior paulista.
Filho de um dos sócios fundadores, ele começou a antecipar os créditos que a empresa tinha a receber de clientes negociando-os com um fundo mantido pela gestora paulistana de recursos Quatá. “Desde então, conseguimos reduzir as taxas de juro que precisamos pagar para obter dinheiro”, afirma Helou.
Nos últimos anos, a negociação de recebíveis tornou-se uma alternativa para empresas como a Catálise conseguir capital.
Funciona assim: gestores de recursos, corretoras de investimento e bancos captam dinheiro com investidores para compor um fundo cujo negócio é comprar títulos que as empresas têm a receber — podem ser duplicatas de vendas a prazo, recebíveis de cartão de crédito, cheques pré-datados ou créditos provenientes de contratos de aluguel, por exemplo.
Os fundos pagam à vista para ficar com esses títulos, que só seriam recebidos a prazo, com uma taxa de desconto.
“A vantagem é receber adiantado o dinheiro que teríamos de esperar para entrar no caixa”, diz Helou. No caso da Catálise, Helou costuma negociar principalmente as contas a receber dos clientes. A empresa é especializada em produzir compostos químicos usados por grandes empresas, como fabricantes de autopeças e siderúrgicas. Em 2012, a empresa faturou em torno de 70 milhões de reais.
No mercado, os fundos de recebíveis são conhecidos como FIDCs — sigla para Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios. Desde 2008, o volume de dinheiro disponível nesses fundos aumentou mais de 50%, chegando a quase 53 bilhões de reais no ano passado, de acorco com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O dinheiro vem de investidores que buscam uma aplicação alternativa aos títulos de renda fixa — como CDBs e títulos de dívida do governo. “Embora as taxas de juro tenham voltado a subir nos últimos meses, elas ainda estão muito abaixo do que há três ou quatro anos”, diz Beatriz Degani, gestora de FIDC da Quatá.
“Isso ajudou a atrair recursos para os fundos de recebíveis, que hoje estão disponíveis para os empreendedores.” Outro atrativo para os investidores é a isenção do imposto sobre operações financeiras nos rendimentos obtidos com a aplicação em FIDCs.
Para negociar com os gestores e antecipar as receitas, os empreendedores precisam, primeiro, encontrar um fundo adequado ao perfil de suas contas a receber. Existem no mercado FIDCs que se especializaram em comprar créditos provenientes de aluguéis. Outros adquirem apenas recebíveis de contratos com grandes clientes, como a Petrobras. “Cada fundo tem uma característica”, afirma Beatriz, da Quatá.