Debate com donos de pequenas e médias empresas que crescem acima da média: aprendizado com quem está dando certo (Julia Rodrigues)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2012 às 06h00.
Por onde começar um planejamento para pavimentar a expansão de uma pequena ou média empresa? Como conciliar metas ousadas com um orçamento realista? O que fazer para traçar uma estratégia eficaz para os canais de venda? E as mídias sociais, como podem ser usadas para aumentar as receitas?
Nos dias 4 e 5 de abril, mais de 1.200 empreendedores se reuniram no auditório Frei Caneca, na região central paulistana, para participar da terceira edição do Curso Exame PME.
Todos estavam ali com um mesmo objetivo - aprofundar o conhecimento de temas fundamentais da gestão para serem capazes de fazer seus negócios crescer de forma mais competitiva. Diferentemente das duas edições anteriores, dessa vez o evento incluiu uma feira de negócios com 17 empresas e cinco consultorias gratuitas.
As aulas foram ministradas por 17 professores, entre consultores para negócios emergentes e fundadores de empresas que, em pouco tempo, chegaram a postos de liderança de seus setores.
É o caso de Laércio Cosentino (presidente da Totvs, que fornece softwares de gestão), de Alberto Saraiva (fundador do Habib’s, rede de lanchonetes de comida árabe) e Guilherme Paulus (fundador da CVC, uma das maiores operadoras de turismo do Brasil).
Para consultar o material usado nas aulas, visite a Rede Social Exame PME . Eis alguns dos pontos abordados no curso.
Como cortar custo - Álvaro Guzella de Freitas (sócio do INDG)
Por onde deve começar um corte de custos eficaz?
Ter informações precisas sobre o próprio negócio é o ponto de partida para saber exatamente que áreas concentram as maiores despesas e onde estão as principais fontes de receita. Essa fotografia pode mostrar onde os cortes devem trazer resultados mais significativos sem estrangular setores vitais.
Existem áreas onde a incidência de custos a ser cortados é maior?
Depende. É preciso primeiro identificar que tipo de corte de despesas deve trazer mais economia na conta final. A revisão de contratos de alto valor, por exemplo, geralmente revela possibilidades de reduzir custos. Caçar desperdícios na linha de produção com a ajuda dos funcionários, remover suas causas e instituir novos processos resultam em melhorias que reduzem custos no longo prazo. Verificar que atividades podem ser terceirizadas sem que a empresa tenha de abrir mão de qualidade também é um caminho para gastar menos.
Como vender mais para os clientes - Adir Ribeiro (Consultor da Praxis) e Fernando Massi (Sócio da rede Ortodontic Center)
O que é mais importante - manter clientes atuais ou ganhar novos?
Para o crescimento dos negócios, as duas coisas são essenciais. A grande diferença é que o custo de perder um cliente rentável, que requereu tantos esforços para ser conquistado, é alto demais.
Por onde começar a desenhar um programa de fidelidade?
É preciso descobrir quais consumidores poderiam estar comprando mais — e por que não estão. Se a resposta não estiver no produto ou no serviço, é necessário pensar em alternativas. Mudar as condições de pagamento, por exemplo, talvez faça uma pessoa de baixa renda voltar mais vezes para comprar — desde que esteja satisfeita com o que a empresa oferece.
Como usar sites de compras coletivas - Júlio Vasconcellos (Fundador do Peixe Urbano) e Florian Otto (Fundador do Groupon Brasil )
Quais são as principais estratégias de marketing que combinam mais com o modelo de negóciosdos sites de vendas coletivas?
Os sites de compras coletivas são relativamente novos no Brasil. Por isso, muitos empreendedores pensam que eles servem somente para divulgação da marca ou vendas pontuais. Mas esses sites também podem ser uma ferramenta de conquista perene do cliente - desde que a empresa tenha uma estratégia para que o consumidor continue a comprar seu produto ou serviço depois de experimentá-lo. Por melhor que seja o resultado alcançado, as promoções em sites de compras coletivas não substituem uma boa política comercial.
Há tipos de produtos ou serviços que tendem a dar mais certo?
É mais provável que produtos ou serviços que podem ser personalizados, como os prestados por uma clínica de estética, tragam mais resultado do que os produtos que os consumidores escolhem mais em razão do preço. No primeiro caso, o desconto é uma porta de entrada para novos negócios. Outro uso inteligente é lançar nos sites de compras coletivas promoções com o objetivo de trazer clientes para dias e horários em que o movimento é baixo.
O que mudou na negociação - Gustavo Menocin Pereira (Professor da ESPM)
O que está mudando na relação entre as grandes empresas que compram produtos ou serviços das pequenas e médias?
Um número cada vez maior de grandes companhias tem mostrado interesse em fechar contratos de longo prazo com seus pequenos e médios fornecedores, em vez de fazer apenas compras pontuais.
Essa nova situação é boa para empresas em expansão?
O preço costuma ser o fator decisivo em boa parte das compras pontuais. Não é fácil oferecer o menor preço sem sacrificar a rentabilidade. Nas parcerias de longo prazo é possível obter melhores margens — além do preço, pesam outros fatores, como pontualidade na entrega e flexibilidade para se ajustar às necessidades do cliente.
O que mudou nas negociações? O que os clientes estão exigindo?
Muitas empresas têm solicitado que seus fornecedores provem ser saudáveis. Estão aumentando os casos em que os executivos do comprador solicitam o balanço do fornecedor. Eles não querem correr o risco de ficar na mão caso um fornecedor tenha problemas financeiros.