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O que um grupo de crianças pode te ensinar sobre empreender

Um estudo de Harvard mostrou que as crianças podem ser muito mais inovadoras que os adultos. Veja como aprender com elas para ter um negócio de sucesso.

Crianças brincando (Thinkstock)

Crianças brincando (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 15h00.

Lições do marshmallow
Escrito por Alexandre Ostrowiecki, especialista em tecnologia

Em tecnologia, um dos mais importantes aprendizados para empreendedores pode ser feito através da observação de um marshmallow. Trata-se de um divertido jogo, criado por pesquisadores de Harvard e aplicado a milhares de participantes nas últimas décadas. Funciona mais ou menos assim: a turma é dividida em grupos de cinco ou seis membros. Cada grupo recebe um pedaço de fita adesiva, vinte fios de macarrão cru e um marshmallow. Em seguida, eles têm dezoito minutos para planejar e executar a construção de uma alta estrutura, feita totalmente com os macarrões, amarrada com a fita adesiva e capaz de aguentar um marshmallow espetado no topo. Quem fizer a estrutura mais alta ganha.

Normalmente, durante os primeiros quinze minutos, os participantes discutem o planejamento e fazem os mais diversos projetos. Desenham a torre, planejam com precisão a quantidade de macarrões que será demandada por cada coluna e calculam minuciosamente o consumo de fita adesiva. Quando faltam cinco minutos para acabar, eles começam desesperadamente a erguer suas torres e amarrar com a fita adesiva. As torres vão ficando cada vez mais altas e vistosas, muito bem-estruturadas e com formatos inteligentes. Nos últimos segundos, só falta coroar o trabalho com a colocação do marshmallow no topo e... fracasso! O peso do doce, que parece ser extremamente leve à primeira vista, acaba envergando e derrubando boa parte das torres. O planejamento vai por água abaixo e os participantes precisam se virar para salvar algo de sua estrutura.

(Reprodução)

Esse exercício já foi feito com os mais diferentes públicos. Segundo professores da universidade, grupos de estudantes de administração construíram torres com uma média de 11 polegadas de altura. Advogados apresentaram torres com uma média de 16 polegadas e presidentes de empresas e empreendedores atingiram 22 polegadas. No entanto, existe um grupo que curiosamente costuma conseguir disparado o melhor resultado: 27 polegadas de altura em média. Esses são os estudantes de educação infantil. Sim, é isso mesmo. Crianças de cinco anos de idade têm feito torres melhores e mais altas que os presidentes de empresas. Como isso é possível?

(Reprodução)

A resposta para esse paradoxo é possivelmente a lição mais valiosa para se ter em mente em empreendimentos de tecnologia. Existe uma diferença crucial entre a estratégia usada pelos adultos e pelas crianças. Os adultos estão condicionados a usar a tradicional metodologia de planejar e depois executar. Eles fazem desenhos, esquemas e, mesmo sem entender nada de construções de macarrão, assumem como verdade uma série de premissas sobre como os materiais vão se comportar.

Quando chega o momento final de colocar o peso do doce em cima da estrutura, eles têm uma forte decepção, pois as coisas não saem na realidade como planejado. Já as crianças seguem intuitivamente outra estratégia: elas vão a cada momento de construção testando e colocando o marshmallow em cima do macarrão. Elas fazem e testam, fazem mais um pouco e testam. Experimentam. Vão adaptando o protótipo a cada momento para ver se ele funciona na prática.

A menos que algum garoto coma o marshmallow no meio do jogo, as crianças tendem a ser dar melhor. 

(Reprodução)

Em empresas de tecnologia ocorre o mesmo. O cenário muda rápido demais, as premissas são frágeis demais e as demandas do mercado são incertas demais para que tenhamos uma longa e robusta fase de planejamento. Comece pequeno, observe o uso do produto no mercado, bem como os comentários dos clientes e ajuste selvagemente o produto para ele evoluir rápido. Teste o tempo inteiro seus conceitos. Lance múltiplas versões e veja qual funciona melhor. Como dizia o fundador do LinkedIn, Reid Hoffman, “Se a primeira versão do seu produto não te deixar envergonhado, então você provavelmente está lançando tarde demais”. 

Alexandre Ostrowiecki é CEO da Multilaser, fabricante de eletroeletrônicos, e presidente da escola Alef.

Envie suas dúvidas sobre inovação e tecnologia para pme-exame@abril.com.br.


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