Medo: Não é preciso se preocupar, pois o Tesouro vai garantir a liquidez dos seus títulos (Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 29 de dezembro de 2016 às 15h00.
Última atualização em 29 de dezembro de 2016 às 15h00.
Os perigos de copiar uma startup estrangeira
Vamos destrinchar a pergunta nas três questões chave contidas nela: perigos que uma startup corre; copiar uma ideia, produto e/ou processo; ter como referência uma empresa estrangeira.
Considero que, entre os maiores perigos que uma startup corre, sem dúvida vemos o de estar desconectada com, ou o de ter mal interpretado, os seus potenciais clientes. Esse é o mais grave.
Seja uma ideia original ou uma ideia copiadam o sucesso estará determinado pela avaliação de se a mesma representa de fato uma real oportunidade de negócio.
Uma inovação, uma ideia copiada melhorada ou ainda uma ideia apenas copiada em um mercado com demanda não atendida são todas fontes de inspiração para uma startup. Cada uma delas tem riscos associados, que devem ser corretamente avaliados e medidos para determinar se de fato representam uma oportunidade de negócio, levando em consideração as competências do empreendedor, a sua capacidade de gestão e o acesso ao financiamento necessário.
Uma inovação não precisa ser “disruptiva”. Copiar melhorando é fonte de inovação e/ou de geração de diferenciais competitivos também. Portanto, diferentemente do que a pergunta original sugere, copiar pode ser uma forma de reduzir riscos (“perigos”) ao invés de aumentá-los.
Há muitos argumentos adicionais que poderiam gerar por si só um livro, especialmente se levarmos em consideração duas questões que fazem parte da nossa realidade: a) ninguém possui todo o conhecimento necessário para desenvolver uma ideia para um novo negócio em virtude da velocidade de criação de conhecimento e da aceleração das mudanças; e b) qualquer inovação, que hoje em dia em sua grande maioria se trata de software, com poucas chances de proteção por meio de patentes, será copiada em menos de seis meses.
Portanto, o sucesso dependerá mais da capacidade de se manter competitivo ao longo do tempo do que de ser o “autor” da inovação. Resumindo: copiar pode ser bom, desde que se respeite a ética e de ser capaz de competir no mercado.
Por último, copiar um modelo estrangeiro pode ser mais perigoso do que copiar modelos locais. Entretanto, não me parece que seja uma variável extremamente importante ou com mais peso do que outras na hora de avaliar a sua viabilidade.
Certamente, inicialmente, o fator que mais deverá impactar a análise é como tal ideia pode ser aceita por pessoas que possuem culturas e costumes diferentes daqueles explorados pela ideia original no seu mercado de origem.
A outra questão importante a avaliar a seguir, especialmente no caso brasileiro, são as eventuais restrições legais, regulamentares e fiscais que podem impactar o novo negócio. Na maior parte das vezes, com pequenas adaptações são superados a maioria dos obstáculos.
O fato de um determinado modelo ter tido a sua origem no estrangeiro impõe uma análise adicional, mas, repito, não me parece que por si mesma seja uma restrição insuperável.
O Brasil possui um sistema de educação que está longe de produzir estudantes de alto desempenho e que, portanto, não gera profissionais de alto desempenho.
Nesta condição, deveremos nos acostumar com a ideia que nos próximos 10 a 20 anos não seremos uma sociedade, ou um mercado, capaz de gerar um grande número de inovações. Assim, só nos resta confiarmos na capacidade de copiarmos as melhores soluções desenvolvidas no exterior. Daí a relevância da pergunta apresentada. Um abraço e até a próxima!
Cristian Welsh Miguens é professor do curso de negócios da Universidade Anhembi Morumbi.
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