Entrega: a domicílio ou em domicílio? (iStock/Thinkstock)
Mariana Desidério
Publicado em 21 de junho de 2017 às 12h40.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 13h51.
São Paulo – Os Correios encerraram nesta semana o e-Sedex, serviço de postagem específico para comércio eletrônico, mais barato e rápido do que outras opções disponíveis para pessoas físicas e que era usado pela grande maioria das lojas virtuais.
O que isso significa para lojistas e consumidores? Segundo Rodrigo Nakagaki, presidente da Ablec (Associação Brasileira de Lojistas de e-Commerce), as compras online devem ficar mais caras e demoradas – e os mais afetados serão os pequenos empreendedores com sede em cidades mais distantes dos centros econômicos. Ou seja, aqueles que já enfrentam mais dificuldade para empreender.
Com isso, clientes acostumados a comprar pela internet podem esperar por fretes mais salgados ou prazos mais longos, pois eles virão.
Inaugurado em 2000, quando o comércio eletrônico ainda era incipiente no país, o fim do serviço fará com que as lojas virtuais optem por uma das seguintes opções: elas podem usar os outros serviços dos Correios (Sedex ou PAC), ou podem contratar uma transportadora privada para fazer sua entrega.
Se optar pelos serviços dos Correios, o empreendedor precisará escolher entre uma entrega rápida, porém cara, via Sedex, ou uma entrega mais barata e demorada, via PAC. Os Correios afirmam também que preparam um novo serviço para este segmento, o Correios Log. A opção está disponível desde setembro de 2016 em São Paulo e desde março de 2017 em Brasília.
Já a opção pelas transportadoras privadas traz outros problemas. Além de oferecerem um serviço em geral mais caro que o do e-Sedex, as transportadoras não devem conseguir atender empreendedores com sede em cidades no interior ou em regiões como Norte e Nordeste. Empreendedores muito pequenos também devem ter dificuldade em contratar esse serviço.
“Muitas vezes a transportadora não terá sede na cidade de origem da remessa. Em outros casos, se o negócio for muito pequeno, ele não consegue ter acesso a esse serviço, pois as transportadoras atuam com quantidades maiores”, explica Nakagaki.
A Ablec, que representa 50 lojas virtuais, negociou com uma transportadora para conseguir um contrato mais vantajoso para seus associados. Mesmo com essa negociação, segundo Nakagaki, o frete ficará de 10% a 15% mais caro.
“A maioria das desistências nas compras virtuais acontecem por causa do frete. Com esse aumento, é possível que a desistência seja maior. Ainda mais num momento de crise em que as pessoas estão pensando mais antes de gastar”, afirma.
Marcelo Fujimoto, CEO da empresa de logística Mandaê, concorda que o fim do e-Sedex vai prejudicar o pequeno empreendedor. “É uma notícia ruim para as pequenas e médias empresas, prejudica a logística e aumenta os custos. Com o e-Sedex, essas empresas tinham descontos bem agressivos que não terão mais”, afirma. Ele ressalta que os grandes e-commerces já têm alternativas próprias de transporte de mercadorias e devem ser pouco prejudicados.
Matéria atualizada às 09:38 do dia 22/06/2017 para corrigir informações sobre o Correios Log.