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O plano da Buser para 2021: entrar nas rodoviárias e no setor de ônibus urbanos

“Uber dos ônibus”, a Buser conecta passageiros com empresas de fretamento de viagens interurbanas. Em 2019, recebeu aporte do SoftBank

Marcelo Coelho de Castro Vasconcellos e Marcelo Vieira Abritta, da Buser (Buser/Divulgação)

Marcelo Coelho de Castro Vasconcellos e Marcelo Vieira Abritta, da Buser (Buser/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 19h20.

Última atualização em 14 de janeiro de 2021 às 19h54.

Desde que começou a operar no Brasil em 2017, a startup mineira Buser, conhecida como "Uber dos ônibus", ganhou espaço no mercado com seus preços competitivos, mas provocou a ira de companhias rodoviárias, que alegam que seu serviço descumpre a legislação brasileira segundo a norma, o serviço de transporte de passageiros entre cidades é público e precisa ser autorizado à iniciativa privada pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

Seguindo a máxima de "se não pode vencer, junte-se a eles", a empresa anunciou nesta semana que vai passar a funcionar também como um marketplace de passagens rodoviárias. Além de permitir que os clientes comprem passagens para viagens com empresas de fretamento, a Buser vai intermediar a venda de passagens de companhias rodoviárias tradicionais. Por enquanto, somente as empresas Luxor Turismo (de São Paulo) e Viação Esmeralda (de Minas Gerais) estão cadastradas no novo marketplace.

Em entrevista à EXAME, Marcelo Abritta, cofundador e presidente da Buser, disse que a companhia foi procurada por algumas pequenas viações interessadas no modelo adotado pela startup. Ele não espera que as principais companhias do país passem a vender pelo seu marketplace, mas vê uma grande oportunidade de agregar as empresas de menor porte. "Estamos abrindo espaço para elas participarem do marketplace de passagem e também do serviço de fretamento", diz o cofundador.

No caso do fretamento, a Buser cobra taxas que variam entre zero e 30% do valor da passagem, a depender da lotação do ônibus. Para a venda de passagens rodoviárias, a companhia irá cobrar taxas entre 10% e 15%.

Na nova modalidade, a empresa mineira compete com companhias como BlaBlaCar e ClickBus. De acordo com Abritta, a principal vantagem da Buser em relação à concorrência é o suporte pós-venda. A startup assume o atendimento e reembolsa o cliente no caso de imprevistos e cancelamentos.

Em 2020, mesmo com a pandemia, a empresa cresceu. Em dezembro de 2020, foram feitas 300.000 viagens, o triplo do registrado em dezembro de 2019. "No acumulado do ano, não batemos as metas, já que ficamos três meses parados, mas nos recuperamos rapidamente", diz o cofundador. Hoje, a Buser emprega 120 pessoas, tem 550 ônibus operando nas parcerias de fretamento e atende 160 cidades do Brasil.

Decreto de Minas Gerais

Depois de ter enfrentado derrotas junto aos reguladores de São Paulo e a Justiça do Rio de Janeiro, a Buser conseguiu sua primeira vitória regulatória no estado de Minas Gerais, onde está sediada. Na terça-feira, 13, o governador de Minas Gerais Romeu Zema criou o decreto nº 48.121/2021 que facilita a operação de empresas de fretamento de ônibus — estabelecendo o fim da exigência de que os viajantes comprem ida e volta com a mesma companhia, por exemplo.

Em contrapartida, na manhã da quinta-feira, 14, a Buser anunciou que irá investir 100 milhões de reais em suas operações em Minas Gerais. Serão 15 milhões para infraestrutura de pontos de embarque e desembarque; 25 milhões para financiar veículos para empresas parceiras; 20 milhões para itens de segurança; 20 milhões em ações de divulgação da modalidade; e 20 milhões em gratuidades para os usuários testarem os serviços da Buser.

“Essa é uma maneira de retribuirmos Minas Gerais, fomentando a economia e contribuindo com a geração de emprego e renda, tão necessárias ao nosso estado”, afirmou Abritta.

De olho no transporte urbano

O objetivo dos cofundadores é que a Buser seja a primeira opção dos brasileiros ao viajar, mas eles não deixam de olhar para outro setor da mobilidade: o transporte urbano. Abritta contou à EXAME que vai lançar um projeto piloto ainda neste ano com ônibus de transporte urbano. "Queremos substituir uma grande empresa que é responsável pelo transporte da cidade toda por dezenas de pequenas companhias, o que pode reduzir o custo da passagem e melhorar a qualidade do serviço", diz.

Segundo o fundador, a startup está conversando primeiro com as pequenas empresas de transporte para mapear o interesse e a viabilidade do projeto. Depois, devem conversar com o governo e discutir a regulação. "Não estamos fazendo nada errado, queremos melhorar o serviço com uma mudança de modelo de negócios", afirma o presidente.

Trajetória da Buser

Fundada pelos amigos de adolescência Marcelo Abritta e Marcelo Vasconcelos em 2017, a Buser começou sua operação como uma plataforma online de fretamento coletivo, unindo passageiros indo para o mesmo destino a ônibus executivos. Os usuários se cadastram e formam grupos para alugar um veículo, com custos divididos entre os viajantes. A economia média é de 50% em relação à compra de passagens individuais, com tíquete médio de 100 reais. Os veículos atuam fora das rodoviárias comuns ou dos sites de fretados mais focados em viagens diárias (como Fretadão, Pegue Fretado, Cadê Meu Fretado e Click Fretado).

No começo de 2018, seis meses depois do início das operações, a Buser conquistou seu primeiro investimento: um aporte semente dos fundos Canary, Yellow Ventures e Fundação Estudar Alumni Partners. No final do mesmo ano, obteve um aporte série A dos fundos Valor Capital, Monashees e Canary.

A última rodada divulgada pela empresa foi sua série B, liderada pelo fundo Latin America Fund do SoftBank em outubro de 2019. Monashees, Valor Capital Group, Canary e Grupo Globo também participaram da rodada, mas o valor do investimento não foi revelado. Na época, a Buser afirmou que iria investir 300 milhões de reais nos próximos 12 meses para acelerar sua expansão nacional. A empresa deve anunciar uma nova captação em 2021.

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