(Dona Nuvem/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 30 de junho de 2018 às 08h00.
Última atualização em 30 de junho de 2018 às 08h00.
São Paulo - Ao passear no fim de semana por uma das galerias da rua Augusta, em São Paulo, você pode topar com uma fila incomum. Não se assuste: ela já foi muito maior, com até 2h40 de espera.
Tudo isso para provar o “sorvete na nuvem”, uma iguaria que combina guloseimas, sorvete soft e algodão-doce nos temas preferidos dos millenials - de unicórnios a flamingos e sereias, passando pela Copa do Mundo de 2018.
Por trás da sorveteria de 45 m² estão os empreendedores Joice Cavalcante, Manoel Neto e Flávio Lobato. Com inspiração vinda de um estabelecimento similar em Londres (Reino Unido), a Dona Nuvem já fatura 45 a 50 mil reais por mês e aposta em diversas estratégias para reter seus consumidores.
Agora, o negócio quer expandir por meio do franqueamento - e chegar a 11 sorveterias em operação até o fim deste ano.
Manoel Neto trabalhou 17 anos na área de marketing. Em 2016, quando ocupava a gerência de marketing da grife Ellus, pediu demissão para passar um sabático em Londres, melhorando o inglês e buscando inspirações. Lá, descobriu o sorvete na nuvem em um estabelecimento pequeno e lotado, em uma rua escondida da cidade.
Neto começou a pesquisar mais sobre estabelecimentos que ofereciam o mesmo doce - o negócio mais antigo que encontrou estava no Japão - e sobre a receita para prepará-lo. No meio do caminho, conheceu Joice Cavalcante. Como ele, ela estava em um sabático em Londres, incluindo a realização de um curso de confeitaria.
Neto decidiu voltar a São Paulo para lançar o empreendimento - e, poucos meses depois, Cavalcante se juntou a ele para cuidar das receitas. O negócio, chamado Dona Nuvem, abriu as portas em setembro de 2017. O investimento inicial foi de 240 mil reais. Dois meses depois, o amigo Flávio Lobato tornou-se sócio e assumiu a parte de atendimento da sorveteria.
A ideia principal da Dona Nuvem é “resgatar o sentimento de infância”, segundo Neto. Além do algodão-doce, os sorvetes soft (pense na massa das casquinhas do McDonald’s) podem ser coroados com balas de goma, biscoitos, confeitos e granulados de corações e estrelas. O pedido é feito por meio de um questionário, que deve ser respondido com giz de cera, com o nome do cliente; o sabor da massa; o sabor da calda; e os ingredientes extras.
Os consumidores costumam pedir uma água e um sorvete na nuvem com tema especial, como Copa do Mundo de 2018, sereias e unicórnios. Na semana que vem, haverá o lançamento do sorvete temático de flamingos. Com isso, o ticket médio gira em torno de 22 a 25 reais. O público é 90% feminino, com idade majoritária entre 18 e 35 anos.
Os primeiros meses do negócio foram de visitas moderadas. Em dezembro, com a chegada do verão e a consolidação das estratégias de publicidade, a Dona Nuvem bombou acima do que os empreendedores esperavam. O volume (e uma certa dose de falta de preparação) levaram a filas de espera de até 2h40 nos dias mais movimentados, que são sábado e domingo.
Hoje, a Dona Nuvem vende de 400 a 500 sorvetes na nuvem por dia nos fins de semana, mas as filas estão mais conservadoras. No resto da semana, o negócio vende de 100 a 120 unidades do doce. A unidade possui três funcionários fixos e um itinerante, para cobrir eventuais faltas. Mensalmente, a Dona Nuvem da rua Augusta fatura de 45 a 50 mil reais. O negócio já recuperou o valor investido na empresa.
Porém, todo negócio que se torna popular sofre da mesma preocupação: transformar a moda em um costume. “Elas chegam por curiosidade, mas tenho de fidelizá-las pelo atendimento, pelo paladar e pelo visual. Tratamos as pessoas pelo nome e damos o mesmo sorvete que ela viu em fotos pela internet”, diz Lobato.
Além de dar descontos nos dias menos movimentados e planejar cartões de fidelidade e cupons de desconto em lojas próximas, a Dona Nuvem aposta em novidades recorrentes. Os sorvetes tradicionais são de baunilha e de chocolate, mas a cada duas semanas a marca divulga um sabor especial (o último foi de milho) e um sabor vegano (o último foi de amendoim).
Quem já comprou na Dona Nuvem e a segue nas redes sociais fica sabendo dos sabores e volta para experimentar antes que sejam trocados, afirma Lobato. A loja também possui um telão para destacar posts nas redes sociais que tenham a Dona Nuvem taggeada.
Outra estratégia da sorveteria é aumentar o mix de produtos, incluindo no cardápio futuro o sundae com calda quente (para os dias frios) e o milkshake com cereais (para o café da manhã), com as respectivas variantes veganas. O negócio também desenvolverá produtos para levar, como pipoca e algodão-doce no pote. Por fim, o negócio aposta na participação em eventos e festas - hoje, realiza uma ação por mês.
Lobato afirma que não temer a concorrência de outras sorveterias - há uma unidade da rede Bacio di Latte a poucas quadras da Dona Nuvem. “A experiência é diferente, apesar de serem essencialmente sorvetes. Eles oferecem um gelato, enquanto nós fazemos um sorvete soft, com enfeites e uma nuvem. Não temos o mesmo serviço”. “Acho que nossos concorrentes são todos os tipos de sobremesa, e não exclusivamente alguma sorveteria”, completa Neto.
Uma segunda loja da Dona Nuvem já está em planejamento. Enquanto isso não ocorre, a marca decidiu expandir por meio do franqueamento, com a contratação da consultoria US Franchising.
A sorveteria irá lançar os formatos de quiosque com 9 m², com investimento inicial de 250 mil reais, e de loja de rua com 45 m², com 350 mil reais aportados. O faturamento é estimado em 45 a 50 mil reais, o mesmo da loja própria da Dona Nuvem. O prazo de retorno é de 18 a 24 meses.
A primeira unidade abre as portas no final de julho. Até o final do ano, a marca espera abrir mais nove unidades e fechar com 11 sorveterias em operação, em regiões como Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Fortaleza e Mato Grosso. Se o sorvete na nuvem será ou não mais uma moda passageira, só o tempo e a estratégia dirão.