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Meu negócio não vai bem. Até quando devo esperar resultados?

Uma das características mais importantes dos empreendedores é a resiliência - sua capacidade de aguentar as dificuldades e, com persistência, superá-las

Resultados ruins: muitas vezes, o negócio demora diversos anos para dar resultado (Foto/Thinkstock)

Resultados ruins: muitas vezes, o negócio demora diversos anos para dar resultado (Foto/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 2 de junho de 2017 às 15h00.

Última atualização em 2 de junho de 2017 às 15h00.

Meu negócio não vai bem. Até quando devo esperar resultados? 

Empreender é um sonho fascinante, cheio de desafios e potenciais alegrias. Sonhamos que nossa empresa vai crescer e que teremos muito sucesso e riqueza.

Mas, quando nossa empresa não dá resultados e passa por dificuldades, é hora de abandonar o sonho? Claro que não.

Uma das características mais importantes dos empreendedores é a resiliência, ou seja, sua capacidade de aguentar as dificuldades e, com persistência, superá-las.

Num país de alta instabilidade como o Brasil, crises e dificuldades são infelizmente condições comuns e recorrentes. Sendo assim, temos que ao menos tentar desenvolver alternativas para sair da dificuldade.

Muitas vezes, o negócio demora diversos anos para dar resultado. Alguns negócios rentabilizam mais rápido do que outros.

O empreendedor ocasionalmente se depara com uma situação de dificuldade e vê seu capital diminuído. Às vezes, nem mesmo recebe pró-labore para pagar suas contas pessoais. Sente insegurança e medo de colocar tudo a perder, não só pelo dinheiro, mas também por jogar no lixo todo o esforço empregado até o momento.

Será que não é hora de se reposicionar ou mesmo de fechar? Temos que analisar primeiro o que está acontecendo para agirmos.

Inicialmente, é importante fazer um diagnóstico da empresa para entender quais os reais problemas e se eles são circunstanciais ou se realmente a empresa está condenada. O diagnóstico deveria conter, entre outras, as seguintes questões:

- O modelo de negócio da empresa tem diferenciais? Sem diferenciação, no médio prazo, a rentabilidade tende a ficar baixa e o negócio deteriora.

- As vendas estão evoluindo? É importante entender se os clientes precisam do seu produto e se você tem competitividade.

- A empresa tem conseguido gerar caixa? Se não gerar caixa, tente identificar o problema, que geralmente é de altos custos e despesas ou de preços baixos.

- O relacionamento dos sócios vai bem? É importante o alinhamento dos sócios, especialmente nos momentos de dificuldade.

- As dívidas estão altas demais? Geralmente, quando nos damos conta, as dívidas cresceram demais e as despesas financeiras acabam consumindo grande parte dos nossos ganhos, como se fosse uma bola de neve. O problema é que ela pode nos atropelar.

Com um diagnóstico bem feito, é hora de, com muita coragem, tomar duras decisões. Na maioria das vezes, partimos para uma reestruturação que tipicamente prevê, entre outras, as seguintes questões:

a) Reposicionamento estratégico

b) Aceleração das vendas com foco em rentabilidade

c) Redução de custos e despesas

d) Renegociação de dívidas

e) Venda de ativos para capitalização

f) Redução de pessoal

Há situações mais graves, nas quais a empresa, além de promover a reestruturação operacional, precisará se reestruturar societariamente e, eventualmente, buscar capitalização dos sócios atuais ou mesmo de novos sócios. Dependendo das negociações, pode-se inclusive cogitar a venda total da empresa.

Caso a situação não melhore e não se consiga uma capitalização, a resolução da situação começa a ficar mais difícil e precisa-se contar com a ajuda de advogados para entrar com uma Recuperação Judicial (RJ).

A RJ é um artifício previsto em lei, que permite ao empreendedor montar um plano para sua reestruturação, contando com a anuência dos credores. É uma dasúltimas alternativas antes da venda e da falência, e pode, se pedida com antecedência, ajudar a empresa a se reestruturar.

A decisão de continuar é particular de cada empreendedor. É importante analisar se você tem perfil para seguir empreendendo e se está disposto a se sacrificar para salvar a companhia. Depende do seu momento e de suas restrições ou obrigações familiares.

Fica mais difícil quando se tem despesas fixas altas como aluguel, plano de saúde e escola das crianças. A pergunta que você tem que se fazer é: até quando você consegue bancar sua empresa e continuar a correr riscos pelo seu sonho de empreender?

Se decidir parar, lembre-se de que, para fechar as portas, é preciso planejar. Fechar significa demitir funcionários, eventualmente quebrar contratos e no limite, quando ocorre a falência, ficar com o nome sujo.

Às vezes, a melhor saída é não sair de imediato e ir administrando até os problemas serem resolvidos para efetivamente fechar as portas. Deixar uma empresa falir pode limitar seu futuro, maculando sua reputação, impedindo tomadas futuras de crédito e até restringindo sua admissão como funcionário de uma companhia.

Até quando esperar? Não espere, aja. Tente ter uma visão preventiva e não deixe a situação ficar crítica. Crie um plano logo e o coloque em ação. Tenha paciência, cuide da ansiedade e seja muito positivo. Procure não se abalar, cuide da mente e vá em frente em busca da superação.

Ricardo Mollo é empreendedor, professor de Finanças do Insper e PhD candidate na University of London.

Envie suas dúvidas sobre primeiro negócio para pme-exame@abril.com.br.

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