Riccó: fabricante de móveis criou soluções para separar ambiente de trabalho dos funcionários dos clientes (Riccó/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 16 de junho de 2020 às 15h30.
Última atualização em 16 de junho de 2020 às 20h39.
A retomada das atividades presenciais de trabalho divide as empresas. Enquanto algumas, como Twitter, anunciam o trabalho remoto como prática permanente, outras, como a startup Loft, anunciam que vão testar todos os funcionários para covid-19 antes da volta ao escritório. Ainda que não haja uma data definitiva de volta, a maior parte das companhias começam a pensar em soluções para tornar a convivência no escritório possível.
A fabricante de móveis Riccó, com mais de 145 anos de história, sentiu a demanda crescer com a retomada se aproximando. Clientes estão procurando a empresa para verificar se seria possível colocar placas de acrílico para separar mesas, aumentar o espaço entre as estações de trabalho e desativar áreas comuns de convívio, como cafés.
Com isso, a empresa desenvolveu um projeto de design específico para o retorno dos funcionários ao escritório. A empresa fechou cerca de 30 projetos e já implementou nove deles. A expectativa é até o final do ano ter instalado entre 28.000 e 35.000 kits de Safe Design nos escritórios.
“O escritório não vai acabar, mas vamos revisitar conceitos”, diz o diretor Fábio Riccó. O executivo acredita que com a volta das atividades, as companhias vão diminuir seus escritórios, utilizar o espaço de forma mais colaborativa e permitir que os funcionários trabalhem de onde quiserem.
Há sete anos, a empresa decidiu investir em um braço de aluguel de móveis corporativos, chamado de Hub. A ideia era que o cliente não comprasse os móveis para mobiliar o escritório, mas alugasse as peças por mês. Para os clientes, uma estação de trabalho custa menos de 2 reais por dia. Hoje a empresa tem mais de 17.000 posições de trabalho alugadas, o que representa cerca de 40 milhões de reais em ativos.
Com a chegada do coronavírus no Brasil, as vendas caíram 45% em abril e os clientes devolveram 17% dos mobiliários alugados. Para tentar reverter a crise, a Riccó decidiu apostar em móveis para trabalhar em casa. A fabricante montou kits com cadeira, mesa, espaço de arquivamento, luzes e tomadas.
“A gente tentou trabalhar com a acústica, fazendo uma cabine de tecido para diminuir um pouco os ruídos”, explica Riccó. O aluguel dos equipamentos varia de 70 a 140 reais por mês e pode ser contratado também por pessoas físicas. Até maio, mais de 2.600 estações haviam sido instaladas. Mesmo com as novas frentes de atuação, a companhia espera uma receita anual 30% menor por conta da pandemia.
Como manter a limpeza dos espaços comuns na volta ao escritório também é uma dúvida dos gestores, segundo a empresa de limpeza corporativa Steffen, que atua no segmento há mais de 50 anos no Rio de Janeiro. Ela é distribuidora de grandes marcas de limpeza, desde produtos como papel-higiênico até desinfetantes, e faturou 20 milhões de reais em 2019.
Apesar de trabalhar em um segmento demandado neste período, a empresa viu seu faturamento cair 30% desde março, já que 70% de seus clientes estão em home office. Com o retorno ao escritório, surgiram novas oportunidades.
A Steffen oferece tapetes sanitizantes, para limpar a sola do sapato de quem entra no espaço, assim como dispensers de álcool gel, máscaras descartáveis e kits de limpeza do espaço de trabalho para cada um dos funcionários. Os mais de 5.000 clientes demonstraram interesse pelos produtos. Alguns, como shopping centers, inclusive quiseram padronizar os dispensers de álcool gel com a sua própria marca.
Até agora, a empresa vendeu mais de 200 programas de retomada. A instalação custa a partir de 2.000 reais, mas o valor pode subir a depender da demanda da companhia cliente. A expectativa da empresa é que os novos produtos façam parte do futuro dos escritórios. “Quando a vacina chegar, as pessoas terão menos ansiedade, mas vão manter a preocupação com higiene e limpeza”, diz Vicente Lacerda, presidente da Steffen.