Itamar Reveriego, da Aloha Serviços: após trabalhar no exterior com reparos domésticos, ele decidiu abrir uma empresa no Brasil (Divulgação/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)
Mariana Fonseca
Publicado em 2 de janeiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 2 de janeiro de 2019 às 06h00.
Com o desemprego atingindo cerca de 13 milhões de brasileiros, muita gente decidiu fazer dessa situação ruim uma oportunidade para gerar renda com uma atividade que vem ganhando espaço: o marido de aluguel. Só no estado de São Paulo, o número de profissionais que se formalizaram como Microempreendedores Individuais (MEIs) no setor de reparos domésticos cresceu 22% nos últimos dois anos. Na capital, esse crescimento foi de 13,1%. Em números absolutos, são cerca de 185 mil MEIs paulistas em atividades de reparos domésticos, categoria associada aos maridos de aluguel – 39 mil apenas na capital.
Para quem não conhece a expressão, o marido de aluguel é aquele profissional “faz tudo”, que executa pequenas reformas, serviços elétricos e hidráulicos, pintura, aplicação de gesso, instalação e manutenção de eletrodomésticos, entre outras diversas atividades. Esse tipo de oferta se tornou mais popular nas grandes cidades, onde há um número maior de pessoas que moram sozinhas e não sabem – ou não têm tempo de – executar esses pequenos serviços.
O empreendedor Itamar Reveriego é um bom exemplo de quem está aproveitando esse momento por reunir várias dessas habilidades. Formado em administração de empresas, ele teve uma experiência de 17 anos à frente de um restaurante. Quando o estabelecimento fechou, Reveriego seguiu para o mundo: morou nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Portugal, sempre trabalhando em serviços de reparos, jardinagem e pintura, entre outros. Percebeu que lá fora essa profissão de prestação de serviço era muito bem aceita e, ao voltar para o Brasil, há dois anos, decidiu apostar na atividade de marido de aluguel.
“O mercado de trabalho tradicional no Brasil está muito difícil, e quando tem vaga o salário é muito baixo. Por isso tive a ideia de apostar nessa atividade que vem me mantendo há tantos anos por onde passei. Percebi que o mundo inteiro precisa desse tipo de serviço e montei a empresa”, diz. Depois de passar por alguns cursos no Sebrae, entre eles o Super MEI, Reveriego decidiu se formalizar como MEI e assim nasceu, há três meses, a Aloha Serviços.
“Antes eu fazia esses pequenos reparos de maneira bem informal, não vivia disso. Agora resolvi investir mesmo e está dando muito certo. O que faz crescer esse nosso trabalho é a divulgação, por isso já fiz cartão de visita e perfis da empresa no Facebook e Instagram. Ofereço de tudo: desde serviços de jardinagem, pintura, até instalação de prateleiras e troca de chuveiro”, completa.
O mercado de prestação de serviços costuma ser escolhido por muita gente que decide dar o primeiro passo no empreendedorismo por exigir, na maioria das vezes, um baixo custo de investimento e menos tempo de preparação para iniciar a empresa. Mas quem decide apostar nesse segmento tão concorrido também precisa ter em mente a importância da qualificação para se destacar. “Quanto mais qualificados esses profissionais são, maior a chance de ter sucesso. E para isso é preciso encarar o negócio como uma empresa. Ter padrão de atendimento, controle de qualidade, emitir nota fiscal, entre outros cuidados”, destaca Felipe dos Anjos Chiconato, consultor do Sebrae-SP.
O serviço de reparos domésticos também foi a alternativa encontrada pelo administrador de empresas Ruston Santos Souza para voltar ao mercado de trabalho aos 48 anos de idade após o desligamento do banco onde trabalhava. Com uma grande experiência no sistema bancário, tendo ocupado até cargos de gerência, ele viu o desemprego e a dificuldade de recolocação baterem à sua porta. A alternativa para obter renda foi fazer de um antigo hobby a sua nova profissão.
Como já tinha o costume de ser o faz tudo de casa e dos amigos, decidiu trabalhar por conta própria como marido de aluguel e oferecer seus conhecimentos de manutenção, instalação de equipamentos e pintura. Para Souza, o preparo que adquiriu em suas atividades anteriores foi decisivo para se destacar nesse mercado e se diferenciar dos concorrentes.
“Trabalho com todo tipo de pequenos consertos, hidráulica, elétrica, marcenaria, sou o quebra-galho que resolve o problema. O mercado tem muita concorrência, mas também tem muita gente despreparada, que não tem conhecimento nem ferramentas suficientes para atender bem”, diz. O empreendedor conta que sua agenda está sempre ocupada principalmente graças ao bom atendimento que procura oferecer. “Conquistei isso com uma abordagem certeira, um jeito cuidadoso de entrar na casa da pessoa de forma discreta e entregar um serviço com qualidade e transparência”, completa.
Veja as dicas do consultor do Sebrae-SP Felipe dos Anjos Chiconato para quem pretende empreender na área de serviços de reparos domésticos:
- Capacite-se e procure se atualizar constantemente, pois o mercado está sempre em evolução;
- Evite improvisar no serviço e dar “jeitinhos” que possam a vir a comprometer o seu nome e da sua empresa no mercado;
- Segmente a região, perfil de cliente e no tipo de serviços que pretende se especializar. Dessa maneira é mais fácil tornar-se referência e atrair clientes;
- Fotografe os seus trabalhos, pegue depoimentos de clientes e monte o seu portfólio de serviços para servir de referência para novos clientes;
- Sempre peça indicações a seus clientes e também peça que eles o indiquem a outros amigos;
- A relação de confiança é muito importante neste mercado, então procure trabalhar de forma a inspirar confiança desde o primeiro contato, principalmente mostrando profissionalismo;
- Procure ter cartões de visita sempre a mão. Se possível, faça um blog ou um canal no YouTube para gerar conteúdo sobre os serviços e para que os clientes possam observar o seu conhecimento;
- Passe um orçamento de forma profissional, por meio de um documento, contendo descrição dos serviços a serem realizados, prazo de execução, valores e validade da proposta, de preferência por e-mail ou impresso. Não diga: “Ah! Isso é difícil, vou cobrar x”;
- Não misture o dinheiro da empresa com o dinheiro do empresário, estabeleça um salário para você e busque aumentar o resultado da empresa, para que ela financie o próprio crescimento.