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Magnetis acirra briga por investidores e lança aplicação de R$ 1 mil

A fintech cortou o investimento inicial na plataforma de investimentos pela raiz - e, com isso, espera fazer a base de clientes crescer dez vezes

Cliente acessa sua carteira na Magnetis (Magnetis/Divulgação)

Cliente acessa sua carteira na Magnetis (Magnetis/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 25 de junho de 2018 às 06h00.

Última atualização em 25 de junho de 2018 às 09h04.

São Paulo - Não está nada fácil competir no mundo das fintechs de investimento. Ainda que o mercado tenha muito potencial de exploração, mais negócios de democratização de investimentos surgem. Isso inclui desde startups, como Vérios e Warren, até grandes bancos, como BB (com a plataforma Ciclic) e BTG Pactual (com a plataforma BTG Pactual Digital).

A Magnetis foi uma das primeiras a querer chamar mais pessoas para aplicações financeiras, lá em 2015. Para manter-se relevante em um segmento cada vez mais concorrido, a companhia contou a EXAME os detalhes de uma mudança drástica no seu modelo de negócio: um corte radical no mínimo necessário para investir.

A aplicação inicial foi de 10 mil reais para 1 mil reais, trocando o investimento direto pelo investimento em fundos. Com isso, a expectativa é aumentar a base de clientes em dez vezes - e ganhar participação de mercado diante da concorrência, principalmente a dos grandes bancos de varejo.

Novo modelo

A Magnetis é uma plataforma de investimentos digital que faz parte de uma tendência de automação crescente no setor de serviços. Ela opera no modelo de robô advisor, em que algoritmos montam uma carteira otimizada de aplicações a depender do perfil de risco dos clientes. A pioneira é a americana Betterment, criada por dois sócios com experiência no mercado financeiro. A empresa começou a operar em 2010 e gerencia 10 bilhões de dólares, segundo dados de julho de 2017.

No Brasil, o tamanho da oportunidade é enorme. No final de 2017, o total de recursos alocados nos segmentos private e varejo, desconsiderando as aplicações em previdência, alcançaram 2,6 trilhões de reais. É um crescimento de 11,2% em relação ao final de 2016, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). E 85% dos clientes ainda estão com a poupança.

O usuário entra no site da Magnetis, responde a algumas perguntas e recebe uma carteira adaptada a cinco níveis de risco (quanto maior o número, maior o risco). Se estiver de acordo, abre uma conta de forma online e será cobrado a partir de sua primeira aplicação uma taxa de consultoria de 0,4% ao ano, incidente sobre o valor total do investimento. A carteira é re-equilibrada de maneira automática e, se o usuário quiser, o atendimento humano também está incluído.

Time da startup Magnetis

Time da startup Magnetis (Magnetis/Divulgação)

Com o investimento inicial baixando de 10 mil para 1 mil reais, a Magnetis espera que dez vezes mais pessoas entrem para a plataforma. O óbvio contraponto é que menos investimento levaria a uma perda da diversidade da carteira - quanto menos se tem para investir, menos investimentos diferentes é possível acessar, já que cada um tem seu mínimo de aplicação.

Para resolver esse problema, a Magnetis abandonou os investimentos diretos em troca dos investimentos por fundos. O cliente compra cotas de fundos geridos pela Magnetis, que por sua vez usa o dinheiro de todos os compradores para acessar investimentos sofisticados, em uma compra “no atacado”. Vale lembrar que clientes com carteiras acima de 10 mil reais poderão investir também diretamente na renda fixa, o que garante a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) contra quebras para investimento de até 250 mil reais.

Serão três fundos diferentes: Magnetis Diversificação em Renda Fixa, Magnetis Diversificação em Multimercados e Magnetis Diversificação em Ações. Alguns fundos disponíveis e conhecidos serão os multimercados AZ Quest, Exploritas e Adam D60.

Para o fundo de renda fixa, a taxa de administração será de 0,3% ao ano. Já para os fundos multimercado de de ações, a taxa será de 0,5%. Como estratégia de lançamento, a Magnetis dará isenção de sua taxa de consultoria, a de 0,4% ao ano, nos primeiros 5 mil reais investidos.

Cada uma das aplicações possui tributação específica: todos os fundos de renda fixa possuem incidência de imposto de renda sobre a rentabilidade, sendo que a renda fixa possui impostos proporcionais ao tempo aplicado; o multimercado possui a tributação estilo come-cotas; e o fundo ações possui a taxa sobre ganhos de capital, de 15% fixos.

A Magnetis lançou uma lista de interessados, que já possui 10 mil inscritos. As mudanças devem passar a valer no começo de julho.

Análise do mercado

Com a aplicação mínima de mil reais, a Magnetis fica bem no meio de seus concorrentes mais notáveis em termos de fintechs: a Vérios, que pede um mínimo de investimento de 12 mil reais, e a Warren, que pede um mínimo de 100 reais. Luciano Tavares, CEO da Magnetis, defende que, por isso, a Warren não possui uma diversificação adequada, oscilando entre títulos públicos e ações individuais.

“Mesmo assim, acho que hoje nossos maiores concorrentes são os bancos. Estamos mirando justamente o público que está com eles e percebeu que poderia ter aplicações melhores, e não os clientes de outras corretoras pequenas.”

Luciano Tavares, fundador da Magnetis

Luciano Tavares, fundador da Magnetis (Magnetis/Divulgação)

Cerca de 90 mil usuários já fizeram seu plano de investimentos com a Magnetis (etapa do processo que é gratuita e não envolve a abertura de conta). Em 2017, a base de clientes da Magnetis aumentou quatro vezes.

Além de aumentar em dez vezes o número de investidores neste ano, a fintech espera ter um bilhão de ativos sob gestão em 2019. A Magnetis não informa seu número absoluto de investidores e nem de ativos sob gestão hoje.

Tavares não está preocupado com a instabilidade recente de diversos investimentos - incluindo a renda fixa, tida como uma das aplicações mais estáveis do mundo das aplicações brasileiras.

“Acredito que investimento de longo prazo não tem hora ruim para começar. Há uma série de estudos que mostram que adivinhar o melhor momento de entrar no mercado é fútil. O melhor momento para entrar é o quanto antes.”

É uma perspectiva positiva - resta ver se ela será suficiente para convencer os milhões de brasileiros que não saem da poupança e dos investimentos dos gerentes de grandes bancos.

 

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