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Loja virtual para gatos vai de dívida a Shark Tank e vendas na Amazon

Após licenciamento para “tubarão” americano, CatMyPet recebeu aporte de um milhão de reais de Camila Farani e João Appolinário

Agnes Cristina e Diogo Petri, da CatMyPet: faturamento projetado para 4 milhões de reais em 2019 (CatMyPet/Divulgação)

Agnes Cristina e Diogo Petri, da CatMyPet: faturamento projetado para 4 milhões de reais em 2019 (CatMyPet/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 28 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 28 de setembro de 2019 às 06h00.

A loja virtual CatMyPet cresce apostando em um nicho que já representa uma população de mais de 20 milhões: o de produtos feitos especialmente para gatos. Mas o caminho até uma expansão nos Estados Unidos e um recente investimento na versão brasileira do reality show Shark Tank não foi simples.

Os empreendedores Agnes Cristina e Diogo Petri começaram o negócio a partir de uma demissão e de um empréstimo de 16 mil reais. O investimento em produtos diferenciados, que entendem a anatomia e os hábitos dos gatos, foi chave para a diferenciação do e-commerce e para a atração de parceiros de negócio. Agora, a CatMyPet projeta mais que dobrar seu faturamento em relação ao ano passado, chegando a 4 milhões de reais.

Do empréstimo ao negócio

A CatMyPet surgiu em 2015, após a publicitária Agnes Cristina ter sido demitida do setor de marketing da multinacional onde trabalhava por conta da terceirização de sua área. Ela já tinha o desejo de empreender e fazia trabalhos voluntários em uma ONG de cuidados com animais junto com o parceiro, o tecnólogo em segurança do trabalho Diogo Petri.

Surgiu a ideia de atuar no mercado pet e especializar-se nos gatos. Hoje, os cachorros ainda dominam os lares brasileiros. No país, 44,3% dos 65 milhões de domicílios possuem pelo menos um cachorro, contra 17,7% de ao menos um gato, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Atualmente, há no total 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos. 

Mas o número pode se inverter nos próximos anos, especialmente nas metrópoles brasileiras, afirmou Cristina em entrevista anterior a EXAME. “A taxa de gatos adotados é duas vezes maior do que a de cachorros. Até 2024, devemos ter 71 milhões de gatos no país.”

Com o mercado analisado e tempo sobrando para empreender, restava um problema: capital para começar. O casal pegou um empréstimo bancário de 16 mil reais, a uma assustadora taxa de 5% ao mês.

O dinheiro serviu para colocar no mercado (e nos órgãos de patente) sua ideia de negócio: um bebedouro específico para gatos. Cristina perdeu um de seus gatos para uma doença renal e descobriu que isso era comum entre os pets – e se dava pela falta de estímulo para tomar água frequentemente. Por isso, a torneira MagiCat leva em conta fatos como a preferência dos gatos em beber água corrente, e não parada, e um motor que faz um ruído menos desagradável aos gatos do que o de bebedouros comuns.

O casal fez testes com seus próprios gatos e os da ONG em que eram voluntários. Em uma feira beneficente, levaram um pequeno estoque e venderam tudo em 15 minutos. Saíram com 15 pedidos na mão – e o plano de criar uma loja online, chamada CatMyPet.

Com dois meses de e-commerce, a CatMyPet atingiu o break even operacional e começou a pagar o empréstimo. Em dois anos, a quantia foi totalmente devolvida ao banco. Nesse meio tempo, Petri também saiu de seu emprego em uma multinacional para se dedicar inteiramente ao negócio.

“Nosso grande diferencial é fazer um produto exclusivo aos gatos. Pensamos em sua anatomia e em seu hábito ao interagir com pessoas e com seu entorno”, afirma a empreendedora. Como gatos se lambem, é preciso que fórmulas de banho seco tenham componentes sem problema de ingestão. A torneira MagiCat ainda é o produto que mais vende. “É mais caro do que a concorrência, mas temos diferenciais importantes. O bebedouro impede o refluxo e não tem o barulho de motor de aquário, que incomoda o gato. O animal bebe três vezes mais água com nosso produto.”

E-commerce para gatos e parcerias no Shark Tank

A loja online adicionou outros produtos, como itens de higiene e erva de gato, e hoje possui 31 itens no portfólio. Os produtos são vendidos em uma loja virtual própria e em pet shops. Cerca de 80% do faturamento vem do atendimento a empresas, com mais de 1.000 pet shops atendidos no Brasil e nos Estados Unidos.

Em 2017, a CatMyPet participou da versão brasileira do reality show Shark Tank Brasil, no qual investidores-anjo analisam uma startup e fazem propostas de investimento. Não chegaram a um aporte, mas a divulgação abriu portas. Em um evento do setor, conheceram Kevin Harrington, investidor que participou da versão americana do Shark Tank. 

A conversa gerou um contrato de vendas licenciadas de 30 milhões de dólares em produtos CatMyPet, dos quais os empreendedores receberão uma porcentagem. A empresa brasileira está em e-commerces como Amazon e projeta que o mercado americano eventualmente ultrapassará o brasileiro, com uma população maior de gatos nos Estados Unidos.

Neste ano, a CatMyPet voltou à versão brasileira do Shark Tank. Desta vez, fechou um aporte de um milhão de reais em 10% da empresa com os investidores Camila Farani (Mulheres Investidoras-Anjo) e João Appolinário (Polishop). O negócio já havia feito uma rodada de equity crowdfunding na plataforma Kria, captando 600 mil reais por outros 10% de participação.

Com os novos recursos, a CatMyPet busca trazer mais tecnologia aos seus produtos. Apresentou ao Shark Tank uma câmera que vigia os gatos, e agora investirá aplicar tendências como internet das coisas e machine learning ao equipamento.

Em 2018, a CatMyPet faturou 1,9 milhão de reais. Para este ano, projeta arrecadar 4 milhões de reais. Em 2020, o número deve subir para 11 milhões de reais. “Nossa penetração no mercado ainda é baixa. Temos espaço para projetar um aumento expressivo”, diz Cristina. Uma boa parte pode vir dos gatos americanos e de donos cada vez mais conectados.

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